quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

A não-aula de condução

Sim, hoje contava vir discorrer sobre a comédia que foi a minha primeira aula de condução. Contava escrutinar aqui o meu instrutor e os meus primeiros tiques enquanto condutora, por muito que a minha irmã tenha dito que eu só ia mexer na regueifa! mexer na regueifa já implica para mim um conjunto vasto de novo informação a processar e manipular! Nisto, passei o dia inteiro a antecipar o momentaço do meu dia e tudo o que vos posso dizer é que a aula foi cancelada e reagendada por SMS. E, portanto, o meu instrutor além de tímido é modernaço!

Com sorte, não é como o da minha irmã que logo na primeira aula de dentes cerrados e cara de poucos lhe pergunta:

- Qual é a primeira que deve fazer quando entra num carro?
- Pôr o cinto?
- Hmm... Sim. Mas e mais?

E mais, meus amigos?

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Uma rapariga de hábitos I: sleeping habits

Sleeping habits: o que eu faço e o que eu prometo fazer e não faço.
  • Assim que me deito planeio mentalmente a roupa que vou vestir no dia seguinte, sendo que antes tinha prometido a mim própria que já a deixaria pronta a vestir.
  • Adormeço sempre de barriga para baixo, com as mãos pousadas por baixo das pernas, e com a cabeça virada para o lado direito.
  • Não gosto de ver as horas durante a noite, muito menos se estou com dificuldades para adormecer.
  • Levanto-me com 30 minutos de antecedência em relação à hora a que tenho de sair de casa (35 se tenho de lavar o cabelo) e, com frequência, ainda vou com alguma coisa por fazer para o carro (casaco por vestir, botas por fechar, and so on).
  • Se sei que dormi menos do que 7 horas vou pelo caminho com ar de zombie, com profundas dificuldades para abrir os olhos como se a luz do dia tivesse um poder destrutivo incomensurável, até que digo para mim própria, "minha parva, o ar de zombie é psicológico", e desperto.
  • Durante a semana digo todos os dias a mim própria que à meia-noite estou a dormir e já não me lembro da última vez em que isso aconteceu.
  • Nunca durmo com almofada.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

A sereia dos Óscares versus o que ninguém viu na Gwyneth Paltrow

Foi das primeiras fotos que vi, ainda ontem, e rendi-me. Não faço ideia de quem seja a senhora, de seu nome Maria Menounos, mas o ar de sereia encantou-me. Gosto da cor e gosto do corte! E tudo o resto está no ponto, nomeadamente cabelo e maquilhagem. Além disso, aqui temos um ar de sereia com classe. Não se trata propriamente de uma daquelas que faz da red carpet o carnaval. 


Pelo que me tenho apercebido, toda a gente se apaixonou por uma Gwyneth Paltrow-papal. Gwyneth Paltrow papal? Pois. Para mim o vestido é demasiado branco (e eu até gosto de branco!). E com aquela capa, lembra-me uma vestimenta de coro de igreja, só. Um coro de igreja com muita pinta, mas enfim, primeiras percepções teimosas são assim.


E já agora, sai uma menção honrosa para a queridinha Emma, porque eu vestia este, mas sem gola!

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Surpresa musicada

E descobrir que uma das minhas amigas é uma compositora de primeira? 
E que tem músicas lindas? Daquelas que ouvimos em repeat... 
Daquelas que quando ouvimos pela primeira vez, embora já sabendo deste tímido talento, fazem com que uma lágrima atrevida surja?


Princeless... 


Já encomendei uma serenata para o meu aniversário! E assim fica um sonho de vida cumprido. Qualquer dia faço uma lista!



sábado, 25 de fevereiro de 2012

Maria-vai-com-o-que-a-letra-te-fizer-sentir

Apesar de gostar de dançar, há uma coisa que para mim é muito difícil de fazer: uma coreografia. Uma coreografia no sentido de uma sequência ordenada e repetivel. Quem me vir dançar, não o diria. Porque tenho uma enorme facilidade para improvisar de forma criativa...  Já eu, digo que a minha principal lacuna é mesmo mais do que criar para um ritmo, responder à minha emoção, pelo que por vezes esqueço tempos e demoro a aprender uma coreografia se não faz sentido para mim.

Hoje, para superar as minhas dificuldades, tentei ser disciplinada. Para isso pus-me a ouvir várias vezes a música que escolhi para a aula criativa; pensei rigorosamente numa sequência e tentei decorá-la. Esforcei-me a sério, mas foi infrutífero. Não é que as coisas não saiam minimamente ordenadas, que saem, mas tornam-se irrepetíveis, diferentes de cada vez que treino. E não é só um bocadinho, é completamente. Porque de cada vez que escuto a música  desfaço a coreografia, ou, num sentido mais positivo, reinvento-a. Defeito de ser muito lyrical: sou uma Maria-vai-com-o-que-a-letra-te-fizer-sentir. E sei que daqui a nada, na aula, vai ser como eu sentir.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Prelúdio à primeira aula de condução

Na marcação da minha primeira aula de condução, muito polidamente recomendei ao instrutor  - que inclusive foi chamado propositadamente quando não estava na escola  para se adaptar ao meu preenchido horário que levasse um colete salva vidas, porque estava prestes a embarcar na viagem mais tortuosa da vida dele.

Ele ficou muito calado.

Desconfio que neste momento estará em casa mais assustado do que eu. Ou então é só reservado e tímido.

Acho que nos vamos dar bem! Pelo menos eu lancei as bombas todas para que se a coisa correr mal na primeira aula, até pareça que foi um espectáculo dentro do caos que anunciei! E o instrutor mesmo que muito calado, sorriu no fim, o que poderá ser bom. O meu instrutor terá de ter um largo sentido de humor!

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A menina nos saltos altos

Quando estou numa reunião de professores - onde tudo é mais velho que eu - em vez de me sentir pequenina sinto-me grande! Quer dizer, se calhar só me sinto grande porque vou todos os dias para a escola de salto alto - não vá ser confundida com a adolescência... que até usa salto alto! Mas com salto ou sem ele, sinto-me com muita pinta, quando vejo professores, alguns que foram meus, à escuta, a sorrir e a anuir perante as minhas informações. Se calhar aqueles que conhecia estão só a sorrir enquanto pensam "Como o tempo passa!" ou "Tão crescida que ela está", mas vá, vamos antes associar a coisa à minha competência! Sentimento que tem estado em alta!

Ora vejamos: hoje soube que uma das minhas antigas professoras confidenciou a uma das colegas com quem trabalho mais directamente que eu tinha sido uma aluna de excelência, exemplar. E eu babei. Babei porque não foi a professora de sempre, mas porque foi uma das minhas professoras mais discretas e ouvir destas, é coisa para inchar o ego! A de sempre, que não é por ser de sempre que as palavras dela se tornam menos especiais, também me encheu o ego quando disse que, desde que fui aluna dela, amadureci muito e mudei pouco. E este é, sem dúvida, dos maiores orgulhos que tenho: ser e sentir-me a menina de sempre. Com a mesma essência, os mesmos valores e a vontade de salvar o mundo, nem que seja com as coisas mais simples: pequenos sorrisos e palavras de conforto que melhorem um bocadinho o dia de cada um. Hoje é daqueles dias em que penso: É pá, gosto mesmo de mim...




P.S. --» desculpem lá qualquer coisinha, porque ouvi dizer que gabar o próprio publicamente cai mal!

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Azar e sorte

Azar foi trabalhar na segunda-feira com a escola sem alunos e a ouvir os incrivéis lamentos de Concha Buika, artista que desconhecia e que faz do dramático expoente máximo da sua expressão. Até dói ouvir o pranto da senhora!

Quiero emborrachar mi corazón
para apagar un loco amor
que más que amor es un sufrir…
Y aquí vengo para eso,
a borrar antiguos besos
en los besos de otras bocas…
Si su amor fue “flor de un día”
¿porqué causa es siempre mía
esa cruel preocupación?
Quiero por los dos mi copa alzar
para olvidar mi obstinación
y más la vuelvo a recordar.

Nostalgias de escuchar su risa loca
y sentir junto a mi boca
como un fuego su respiración.
Angustia
de sentirme abandonado
y pensar que otro a su lado
pronto… pronto le hablará de amor…

¡Hermano!
Yo no quiero rebajarme,
ni pedirle, ni llorarle,
ni decirle que no puedo más vivir…
Desde mi triste soledad veré caer
las rosas muertas de mi juventud.

Gime, bandoneón, tu tango gris,
quizá a ti te hiera igual
algún amor sentimental…
Llora mi alma de fantoche
sola y triste en esta noche,
noche negra y sin estrellas…
Si las copas traen consuelo
aquí estoy con mi desvelo
para ahogarlos de una vez…
Quiero emborrachar mi corazón
para después poder brindar
“por los fracasos del amor”…
 
Sorte foi o que encarnei no mesmo dia à noite, enquanto brincava ao carnaval, e piscava o olho à mesma!

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

A importância do carisma e da personalidade ou uma ode a Daniel Moreira

Hoje falo-vos de uma voz e de um artista que me emociona: Daniel Moreira. Para mim, um grande cantor não se faz apenas de uma grande voz, que ele tem, mas também, e sobretudo (porque já sabem que sou pessoa das artes da expressão), de muito carisma e personalidade. Ou seja, para mim um grande cantor é aquele que me marca. Não aquele que me deixa apenas boquiaberta pelo seu vozeirão, mas aquele que me emociona e que me faz sentir quando canta. O Daniel faz isso com muita mestria - consegue aquela coisa magistral de transportar o público para um universo paralelo. Mais, acredito que é precisa uma maturidade musical e pessoal imensas para se encontrar um registo próprio, uma marca pessoal. A tal que faz a diferença, que nos emociona e que nos faz agarrar um artista. Ele tem-na de uma forma que parece simplesmente natural. Por reunir estas características especiais, sim, este é o meu candidato favorito à vitória no A voz de Portugal.



E a prestação fantástica da última gala:

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Surpresas que fazem crescer

Estou numa fase de muitas surpresas. Surpresas não no sentido bombástico, txananam, mas surpresas comigo mesma. Estou a olhar para mim e a crescer como nunca. A descobrir os pequenos defeitos (como aquele de eu ser extremamente moody - temperamental) e a perceber como nunca a sua razão de ser, apercebendo-me simultaneamente que algumas características não são traços teimosos e imutáveis que fazem irrevolgavelmente parte de nós e que-quem-me-quiser-tem-de-querer, insistindo em ver um só lado da coisa. Por exemplo, tendia sempre a ver a minha grande transparência como qualidade e não entendia a minha necessidade de moderá-la a fim de não apresentar humores explosivos de um momento para o outro. Mas, em suma, diria que o melhor desta fase-surpresa, genialmente apoiada por quem demora a olhar para mim, é a aprendizagem de que sei ser de outras maneiras diferentes e que com isso não sou menos eu, mas mais eu - não deixo de ser genuinamente, apenas limo algumas arestas.

No fundo, adoramos proclamar isto como bandeira e esquecemos que se queremos merecer alguém, esse alguém também merece o controlo do "pior" de nós - ou a sua reinvenção.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Nesta ausência...

... porque 2 dias sem escrever aqui são uma eternidade, eu:

- percebi que os meus miúdos gostam mesmo de mim, ou das actividades que lhes proponho, vá, e que a minha anunciada ausência na próxima semana é capaz de provocar um longo "ooooh";

- constatei que se me perguntassem se algum dos meus meninos já se apaixonou por mim, o único palpite que tenho é aquele que preferia não ter;

- soube que há pessoas que nos revigoram e por muito que seja o cansaço, por mais longo que já vá o dia, quando as vemos, o dia começa outra vez e despertamos, como se tivéssemos acabado de abrir os olhos naquele momento;

- confirmei que também há pessoas que, independentemente da distância ou do tempo que passamos sem nos ver ou sem falar, têm connosco uma ligação que nunca se quebra;

- descobri que há várias espécies de gaivotas, por isso é que umas são mais bonitas e cândidas e outras têm um ar de "rato de esgoto";

- por falar em "rato de esgoto" recordei que há quem chame a pombas "ratos com asas" e concluí que nesse caso, terei que odiar pombas. Já ser rato é mau, com asas pior. Ou talvez não, porque evolutivamente, se são ratos com asas são ratos evoluídos que quiçá perderam as características que mais repulsa me suscitam nos ratos - as patinhas rápidas e o rabo;

- que restaurantes modernos e XPTO podem ser bonitos, ter uma decoração espectacular, mas que se revela tantas vezes pouco funcional ou desajustada ao conceito de sítio para comer. Num dos recentes jantares, recostada numa poltrona que ficava inclinada para trás, passei o tempo todo com a sensação de que estava na sala de estar  e quando queria concretamente comer, as costas deixavam de ter apoio;

- contando com os aniversários a que já fui e aqueles em que já confirmei presença, vou ao maior número de aniversários seguidos da minha vida;

- ainda não decidi de que me vou mascarar no Carnaval e estou frustrada. Não pode passar de hoje.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

O meu objecto? Yo-yo

Quando nos questionários do costume aparecia uma questão em que me era pedido que me identificasse com um objecto, eu escolhia um lápis. Porque como escreve Pedro Paixão "Quem inventou as palavras inventou o mundo" e a partir da palavra que um lápis nos permite criar podemos criar tudo, viver palavras que apaziguam e viver palavras que incendeiam. Além de que com um lápis, em vez de uma caneta, existe a possibilidade de apagar e recriar. E eu gostava de me ver como um lápis, uma criadora fantástica.


Nos últimos tempos, por muito que o lápis me seja útil e não o largue, acho que substituía o lápis,  que sempre escolhi para me identificar, e adoptaria um yo-yo.

Emocionalmente, não há melhor imagem para me descrever neste momento. Balanço incrivelmente e quando parece que estou a cair descontroladamente, lá me sinto a voltar para cima, umas vezes suave, outras rápida e entusiasticamente. Entretanto penso que nunca mais vou cair, e quando dou por mim estou em queda acelerada...


terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Pudesse eu ter lido o futuro...

Tu não sabes quem eu sou, mas eu sei quem tu és… e só preciso de um minuto da tua atenção.

Quero dizer-te que espero que saibas a sorte que tens. O quanto eu gostaria de estar na tua pele. Poder estar na mesma cama que ela todas as manhãs. Ajudá-la a acordar da má disposição matinal.

Espero que saibas que ela só vai falar contigo depois de lavar os dentes. Não é por mal… é por medo de perder o encanto aos teus olhos. Que a consideres um ser humano comum.
Espero que saibas que ela gosta de aproveitar cada raio de sol, e que o café a deixa mal disposta.

Que escolhe a roupa que vai vestir na noite anterior, só para poder ter mais cinco minutos de sono pela manhã. Que o despertador toca cinquenta vezes até que se levante, e que mesmo assim, consegue chegar a horas.

Quero também que saibas que adora histórias do fantástico. Mas não de terror! Que é capaz de saber o nome de todas as personagens de um livro antigo, mas que não se vai esforçar para decorar à primeira os nomes de todos os teus amigos…
Porque ela… ela é que sabe de si.

Tu nunca serás uma sorte para ela. Sorte é poderes tê-la na tua vida.
Sabes?
Ela não é romântica por natureza, mas uma demonstração espontânea da tua parte vai fazê-la fraquejar. Porque ela é segura e doce ao mesmo tempo.

Ela não sabe cozinhar, mas vai esforçar-se para fazer o teu prato preferido. E se estiver mau, vai rir-se do falhanço, em vez de corar.

E quando ela ri… eu tenho vontade de chorar. Não de tristeza, mas porque cada gargalhada é uma nota musical que toca ao coração e faz querer dançar.

Espero que pares de fazer o que gostas e que por vezes tenhas tempo para ouvir sobre o seu dia e sobre cada pequena conquista. Que atures os seus devaneios artísticos e o tempo que perde a colorir livros infantis quando quer ter tempo para si.

Quero que saibas que eu gostava de estar desse lado, a aturar o seu mau humor e a vê-lo mudar depois do primeiro copo de vinho.
Queria poder apreciar as suas unhas que estão mais tempo de verniz estalado que de verniz perfeito… mas que cada forma de vermelho tem uma história que ela construiu com as próprias mãos.

Gostava de me ter apaixonado por ela no primeiro dia que a vi, e não no segundo. Porque cada dia com ela é a certeza de que somos amados. Porque ela é sedução e alegria num só. Porque consegue o que quer com o poder do sorriso e a força do olhar. Seria um tolo se não soubesse que tem olhos castanhos e que adora a cor verde.
Quero que saibas que ela é tudo o que quero e nunca soube que tive.

Aprende que a arritmia que sentes com ela é normal! E que a falta dela é um vazio igual à morte.
Espero que sejas tudo o que eu nunca fui.
Espero que a trates bem.
Porque se lhe partires o coração vais perdê-la para sempre.
Pudesse eu ter lido o futuro...





segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

A Fergie em combinação da avó

Eu sei que acabei de escrever, mas também acabei de descobrir que a Fergie planeou ir aos Grammys de combinação da avó.
Depois, achou que a combinação era pouco e decidiu improvisar um vestido com o cortinado lá de casa.



Está bem que é um Jean Paul Gautier e que o cortinado até é bonito. Aliás, não me lembraria do cortinado se não fosse a combinação.

O dia de S. Valentim foi cancelado!

Caríssimo S. Valentim, dado que até temos prova matemática,



por mim este ano, saltávamos. Íamos directamente para o dia 15.
Pelas memórias que este dia me traz.
Pelo que me falta.
Pelas pessoas que sei que me vão perguntar "Então e tu, o que vais fazer?" e a quem eu vou ter que dizer o que ainda não disse. Podem ser pessoas que não são assim tão próximas e com quem apenas me cruzo todos os dias devido aos afazeres profissionais, mas que sabiam dele. E de todas as vezes que respondo cansa e custa.
Por estes motivos, este ano saltávamos, ok?

Mas, por outro lado, é só um dia e um dia passa a voar! E os miúdos na escola, esfalfaram-se com decorações e a planear outras coisinhas. Por isso vá, não vou ser egoísta, eles merecem viver este dia. Vem lá S. Valentim, mas faz com que eu te note o menos possível. Ou apenas quando, onde e da forma que for conveniente! Feliz dia de S. Valentim a todos :)

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Perturbações à espiritualidade

Domingo é dia de fazer viver o meu lado mais espiritual. E sabe bem quando assim é. Agora quando tenho ao meu lado pessoas que ditam a missa ao padre fico fora de mim... E o meu lado todo-o-homem-é-meu-irmão fica ameaçado.

Ele sabe, não é preciso servir de ponto, minha senhora!

ou

Peço desculpa, mas não estou a conseguir ouvir enquanto a ouço a si [melhor sorriso]

Foram apenas duas questões que ensaiei para lançar à senhora que estava ao meu lado. Não conseguindo, olhei-a enquanto "bichanava" o que o padre estava a dizer na esperança de que ela percebesse a minha perturbação, mas o semblante da senhora permanecia impassível e sorridente. Quiçá, o sorriso abriu um pouco mais até. Provavelmente pensou "Esta jovem está a apreciar que eu saiba a missa na ponta da língua". Não, não estava, e dispensava ouvir as suas rezas individuais à mistura ou o coro que faz com o padre em momentos que são, supostamente, só dele.

As funções da música: "I will always love you" versus "Someone like you"

Pouco depois de acordar, enquanto estava na cozinha a comer qualquer coisa para despertar, vejo a minha mãe entrar e num tom pesado e sorumbático, a primeira coisa que atira é "Sabes quem morreu?". Imobilizei, como quem se prepara para uma notícia não muito simpática, até que ela responde "A Whitney Houston!". Respirei de alívio e protestei pela forma como ela deu a notícia. Quer dizer, até tenho pena da senhora, mas levei logo a notícia para os contactos mais próximos!


Whitney Houston transporta-me para as tardes de domingo a brincar na relva, enquanto as filhas do meu padrinho, primas da minha mãe, punham em repeat e em volume digno a "I will always love you", com as portadas da sala de estar abertas longamente para o jardim. Lembro-me delas escutando emotivamente cada palavra da música - tantas vezes lendo cada palavra, mesmo que já as soubessem de cor, no livrinho das letras que acompanhava o CD. Eu só sabia cantar o refrão na altura, mas elas ficavam felizes. Hoje percebo melhor a ligação delas em relação a esta música: uma tinha terminado um namoro de 11 anos (ele engravidou uma colega de curso) e outra um namoro de 9 anos (ele dizia que ia para casa e ia para os copos; dizia que ia ter com ela ao Algarve e nunca aparecia) e estavam, talvez, a curar um coração partido, a reviver memórias com esta música, na esperança de que, como propõe o Miguel Esteves Cardoso, o coração, de tanto lembrar e percorrer cada uma delas, acabasse por se cansar. Bem analisadas as letras, digamos que a "I will always love you" fez a função que hoje, por exemplo, faz uma "Someone like you", ao retratar a despedida, bem intencionada, e cheia de desejos de felicidade, a alguém que se ama.


If I 
Should stay
I would only be in your way 
So I'll go 
But I know 
I'll think of you every step of 
the way


And I... 
Will always 
Love you, oohh
Will always 
Love you 
You 
My darling you 
Mmm-mm


Bittersweet 
Memories 
That is all I'm taking with me 
So good-bye 
Please don't cry 
We both know I'm not what you 
You need 

(...)

I hope
life treats you kind
And I hope
you have all you've dreamed of
And I wish you joy
and happiness
But above all this
I wish you love 

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Esquecer o que mais importa

"O importante também pode ser esquecido. O que mais importa talvez tenha de ser esquecido para que possas continuar. Para não ficares prisioneira num remoinho, num beco da memória, numa obsessão assustadora e paralisante. Tu sabes disso. Bem melhor do que desejarias "
Pedro Paixão in "A Rapariga Errada"





Tu, ainda que não exactamente pelas mesmas palavras, disseste-me isto. E fizeste-o com a candura de quem não quer tirar um doce a uma criança, mas transmitir-lhe que comer doces em excesso, ignorando os seus malefícios, também faz mal.





Lembraste que eu não tinha de ficar agarrada às melhores memórias, às mais importantes, às mais cor-de-rosa com o intuito de preservar o que de bom eu e ele fomos e o melhor que ele foi para mim. Ainda que entendesses e valorizasses a minha forma de sentir e não a quisesses anular, alertaste-me no sentido de me preservar. Não tinha que eliminar o bom, nem sequer que transformar o bom em mau - tinha apenas de começar a juntar à equação o mau ou, mais simplesmente, o que não funcionou (como eu ser mais complexa e ele mais básico no sentir; como eu valorizar as palavras e ele a acção, sem que nenhum dos dois estivesse errado - simplesmente não encaixou). E isto foi e é necessário - não só lamentar o que podíamos ter sido e não fomos, mas lembrar que dentro do nosso potencial já fomos muito e fomos até onde era possível, sendo que dentro do bom houve muita coisa que falhou. Sem estas reflexões, eu estava a entrar numa espiral de culpa sem fim, na qual não tinha sequer de entrar.

No fundo, eu diria que mais do que esquecer, ensinaste-me a importância de resignificar. E sabendo que só vemos aquilo que nos permitimos a ver, abriste-me janelas para que começasse a ver as situações sob novos ângulos e perspectivas.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Um intelectual a sério

Um intelectual a sério, daqueles com queda para génio, distingue-se em pequenas coisas. Pequenas coisas que fazem dele uma pessoa efectivamente diferente. Por isso é que nunca tive talento para intelectual a sério... O meu comportamento é demasiado normal. Além disso, um intelectual a sério conhece-se desde cedo. Desde aquela altura em que não conhecemos bem as letras e achamos que ser capaz de contar até 1000 é um dos grandes mistérios da humanidade. Mistério tão grande que enchemos o peito de cada vez que dizemos a alguém que já somos capazes. Mas isto é vulgar. Invulgar e distinto era o comportamento da M.. Por isso é que ela é o único génio que eu conheci. E foi das minhas melhores amigas, muitos anos. Uma pessoa genuinamente interessante e intelectual a sério. E isso viu-se logo na escola primária. Desde aquele dia em que chorou quando um colega meu deixou cair uma migalha de pão no desenho dela, até aquele em que eu descobri que enquanto eu lia livrinhos de histórias, ela lia e estudava o dicionário, todas as noites. Uma vez no 8º ano adormeceu em cima de um trabalho em EVT. Jogava andebol e não era raro passar noites acordada a terminar trabalhos. No secundário, ainda que estivéssemos mais distantes e em àreas diferentes (a M. seguiu Ciências), a M. continuou brilhante, média quase de 20.

O sonho da M. sempre foi Jornalismo.
Esteve um ano em Jornalismo. 
Calculou com precisão um 13 no exame nacional de Química para garantir que lhe descia suficientemente a média, dizem. 
Hoje está em Medicina. 
Vontade dos pais, dizem. E deve ter calado uns quantos que quando souberam que ela seguiu jornalismo murmuravam pesarosos "Que desperdício!".



quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

A palavra estava muda

Estava em crise, não conseguia escrever um post. Coisa que nunca me aconteceu. A palavra escrita nunca se cala em mim. Corre com muita ligeireza e reinventa-se. Multiplica-se.

Nisto, constatar que a palavra escrita ficou muda estava a ser dramático. A tirar-me do sério. Fez com que me sentisse frustrada e zangada. Lamentei-me à pessoa do costume.

Do lado de lá recebo um sorriso acompanhado de palavras que me devolveram o meu "Adoro esta tua maneira de dares sempre 100%. Já pensaste que estás cansada porque já produziste muito hoje?". E assim Mary Jane olha para si e ganha toda uma nova energia. E quase que agora, neste preciso momento, voluntariamente bate com a cabeça no teclado após reflectir sobre o que acabou de escrever!

Eu prometi que não iria usar a expressão "todo um" ou "toda uma", que faz moda em alguns contactos sociais próximos, fora de um contexto jocoso e ela acabou de fugir de mim. Esgueirou-se dos meus dedos que dactilografam apressados e afirmou-se aqui. Mais, eu falei de mim na terceira pessoa! Quem permitiu tal a coisa?


Com o estímulo certo, a palavra continua pois a correr com muita ligeireza e reinventar-se.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Um tipo alcunhado de "round"

Imaginem-me num autocarro.
Chega um indivíduo. Pergunta-me se pode sentar-se. E, naqueles breves segundos em que, sem sabermos bem como é que este fenómeno é possível, nos passam imensas ideias pela cabeça, eu pensei:

A) Ainda há montes de lugares vazios, mas não te vou poder dizer isto, ou então pareço indelicada;
B) Eu vi-te a olhar para mim antes de entrarmos no autocarro e duvido das tuas intenções;
C) Se eu disser que não vou parecer racista. E estou já a ser com este pensamento, ai!

Respondi que sim, claro, podia sentar-se. 
Viemos o caminho todo a conversar "porque assim passa melhor o tempo", disse ele como pretexto para sentar ao meu lado. E falamos. Dos cursos, de Angola, das cidades, dos hobbies, etc. Perto do fim da conversa, ele pergunta se quero ir passear com ele. Comecei a ficar à rasca! Agradeci e disse que tinha uma aula de dança, o que era verdade. Saídos do autocarro ele pede o meu número de telefone. E naqueles segundos em que tudo nos passa pela cabeça ao mesmo tempo, eu pensei:

A) É muito rude da minha parte dizer que não;
B) Não te conheço de lado nenhum, e tu tens pinta de quem persegue as pessoas, vou dar o número errado!;
C) Não posso dar o número errado porque vais dar toque a confirmar.

Dito e feito. Logo depois de eu ditar o meu número, ele deu o toquezinho ali à minha frente.

Uns minutos depois, uns dias depois vieram logo mensagens a agradecer a companhia, a continuar a questionar, a saudar, a convidar para festas angolanas. Sem respostas da minha parte. E pronto, surgiu uma alcunha: o round. Ia contando os rounds à medida que as mensagens iam chegando, mas depois perdi a conta. E ele é round porque por muita chapada que leve, nunca vai ao tapete e deixa mensagens nem que seja com um breve "Olá, bjs", tal como aconteceu ontem. Isto mais de um mês depois de me ter visto (na realidade quase dois) é obra! Ainda vou acabar com ele!

P.S. --» Podem achar que sou/fui má. Eu acho que não. Pior seria se alimentasse a circunstância para alimentar o meu ego sem ter interesse nenhum na pessoa do lado de lá. Talvez fosse melhor pessoa se respondesse "Desculpa, mas não estou interessada", mas para isso não tive lata!

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Do amor que é difícil, mas simples

Do amor que é difícil...

"Penso que o amor é muito difícil. Existem muitos obstáculos a que possa ser o absoluto que é. A palavra amor é uma palavra muito gasta, muito usada, e muitas vezes mal usada, e eu quando falo de amor faço-o no sentido absoluto... há uma série de outros sentimentos aos quais também se chama amor e que não o são. No amor é preciso que duas pessoas sejam uma e isso não é fácil de encontrar. E, uma vez encontrado, não é fácil de fazer permanecer. "
                                                                                       José Luís Peixoto, in 'Notícias Magazine (2003)'


... mas, no fundo, muito simples:

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Tudo se resume a dar lustre ao ego

M. J.: Acho que me vou dedicar a ler o Crepúsculo. Já que a Stephanie Meyer deixou lá todas as inseguranças femininas, pode ser que me ache uma pessoa normal.
A: Ai não, o crepusculo não! Vais ficar igual à Bela e sentir tudo o que ela sente. Má escolha!
M. J.: Ah ah ah, eu não ia ler!
A: Vê mas é filmes de porrada e comédias estúpidas! M. J.: Comédias românticas não pode ser que é deprimente!
A: Não, tem que ser coisas estúpidas, tipo A Ressaca.
M. J.: Pois, mas A Ressaca acaba em casamento.
A: É pá, então não sei... Vamos beber uns copos!
M. J.: Dar de beber à dor?
A: Dar lustre ao ego!



quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

O meu anjo da guarda na terra

OBRIGADA, meu anjo da guarda na terra,
por responderes “Tonta e é preciso pedir?”, de cada vez que pergunto se te posso ligar;
por ouvires as minhas lágrimas, mesmo quando tristes, mas, ainda assim ocasionalmente perguntares “São de alegria?”, porque sei que as preferes assim;
por me fazeres rir mesmo quando eu acho que é impossível;
e por, quando ouves o meu riso, me lembrares do valor (“é tão bom ouvir-te rir”) que ele tem e, mais importante, que realmente existe quando acho que vivo inundada em lágrimas;
por começares a falar baixinho e suavemente, quando eu, no cumulo da emoção, estou a falar alto;
por aceitares ouvir coisas que já te contei 1000 vezes, mas mesmo assim deixares que descarregue até que eu esvazie o saco;
pelas vezes em que calas o meu aterrorizante [eu sei] silêncio;
por nem sempre dizeres o que eu quero ouvir, porque sabes que isso não é o que preciso de ouvir e que iria só trazer-me um penso rápido temporário;
por ficares ao telemóvel a ouvir-me a adormecer e a dizer parvoíce pelo meio.
E... por tudo o que sei que após publicar este post vou querer acrescentar.


quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Coza-se (explicado) e derivados

"Disse coza-se explicado.". Era assim que a minha avó expunha a situação quando algum dos netos se tinha saído com uma palavra imprópria e não queria que um dos outros netos, atentos ao seu relato, a ouvissem a repeti-la. Hoje reporto-me a esta expressão da minha avó para abordar a minha relação com os palavrões.Não digo habitualmente os palavrões convencionais, mas tenho palavrões pessoais, como sabem. Os que eu uso ("possa"; "caraças"; "caramba" e semelhantes) já são palavras Mary Janisticamente reconhecidas para quem me rodeia. Ainda assim, às vezes pergunto se ser capaz de mandar tudo cozer-se, de forma explicada, não ia de alguma forma dar-me uma sensação tal de poder e relax como nunca antes experimentei. Afinal diz-se "vai-te cozer!" (explicado), com muito mais pujança do que "vai pró caraças!". E um "que se dane" talvez não tenha o mesmo impacto que um "que se coza!"(explicado).



À distância, pode parecer que eu só não digo palavrões porque tenho um tampão moral  imenso e desnecessário. A realidade é que a imagem que muitos dos palavrões evocam, não me permite dispará-los como se de qualquer outra palavra se tratasse. Eu, que sou muito intíma desta coisa que é a palavra - inclusivé, na minha linguagem corrente, uso algumas de uma forma que me é perfeitamente característica - é impossível descolar-me do que elas para mim significam e transmitem. Sou autisticamente literal. Então, não consigo proferir um "vai-te cozer", sem imaginar que estou efectivamente a instigar a outra pessoa a encontrar um par para copular, o que vai completamente contra as minhas intenções que seriam mais próximas de um "não te vás cozer"... Nem agora, nem em breve. Afinal cozer tem potencial para ser bom e não é o que se pretende... Portanto, não é uma questão de tampão moral, é tudo uma questão de coerência.