segunda-feira, 30 de abril de 2012

Paralisia emocional

Quando lemos alguma coisa, todas procuramos um sentimento de identificação e, especialmente se de um romance de tratar, não é raro tentarmos encaixar nalgumas características da personagem feminina (se ela é uma atrevida rebelde, nós também nos vemos com potencial para ser atrevidas e rebeldes; se ela é feminina e delicada, nós enquanto lemos parece que nunca fomos outra coisa senão femininas e delicadas). É isso e desejar profundamente que aquele espécime masculino ali descrito seja bem real. E depois há aqueles textos genéritos, pequenos excertos, crónicas, suficientemente amplos que têm como condão fazer com que todos nós caibamos lá dentro se estiverem bem escritos. 


Já ontem, eu passei por uma experiência que ninguém vai entender até por lá passar. Por mais que tente explicar, não consigo. Só sei que foi escrito por alguém que não me conhece, há muito tempo atrás e que podia estar a adivinhar, com inúmeros detalhes, o que e como seria a minha vida no dia em que o li. Foi uma verdadeira bofetada do destino, Ai não acreditas? Aqui estou eu! e eu fiquei por largos minutos num estado de paralisia emocional.

Aqui fica um mínimo, muito mínimo excerto. É tão sagradinho que não pode ser extensivamente partilhado:

" (...) tenho saudades de acordar quase sufocado pelo teu cabelo; de escorregar nos teus indistinguíveis cremes para toda e qualquer parte do teu corpo; de tentar ver e ouvir o futebol enquanto tentas falar-me do que leste numa revista a caminho de casa. Assim que quiseres, estou pronto: as minhas noites, sem a perspectiva de poder morrer sufocado pelo teu cabelo, não têm o mínimo interesse."


Querido belógue... (VIII)

... como já é sabido, tenho uma pequena obsessão com a meteorologia. E por esta altura, já a perspectivar-me de bikini e chinelo no pé, começo a investigar previsões sazonais que me indiquem como será a minha estação favorita, o Verão. À partida, em 2012 teremos um Verão tropical, quente, mas bem chovido! No meio de muitas palavras complicadas há um resumo simples:







E eu a contar fazer mais praia do que nunca! Cá para mim vou mesmo à chuva e há-de ser bem romântico... Há sempre a probabilidade de esbarrar contra um surfista de cabelo a reluzir de cera.

domingo, 29 de abril de 2012

Se palavras valessem, já tinha casado muitas vezes

É oficial.

Recebi o meu primeiro convite para um casamento de alguém da minha geração.


E tal como sempre insisti para aqueles que o proclamavam em voz alta, agora também é oficial - não serei a primeira a casar. Não que não tenha sido pedida em casamento inúmeras vezes no meio de conversas nocturnas em que abraçava o imenso céu escuro do "nosso" quarto. O céu escuro que ganhava sempre cor ao balanço dos lugares para onde nos levava a imaginação. Não que para lá dos "não" mais frequentes não me tenham saído uns "sim" ocasionais. Nesses momentos sentia que tinha encontrado a minha metade para a vida, sem grandes trabalhos e confusões, ali estava o meu príncipe, mas, como diz a música, now you're just somebody that I used to know. Tudo foram promessas que ficaram perdidas no ar.

E lembro o M.. A figuraça do M., que, ao ver-nos, lamentava não ter arranjado namorada no secundário, porque aí é que se arranjam as melhores e aí, dizia ele, é que se constroem relações tal como ele as sonhava. Ao M., como a mim, eu recomendo (só para aplicar às vezes): sonhar menos, viver mais. Como costumo dizer, todos os rapazes da minha vida - e escrito assim até parece que tenho uma lista extensíssima - me pediram em casamento. Numa declaração brincada, mas que eu sabia ser bem séria. Não casei com nenhum.

Querido belógue... (VII)

... está a granizar lá fora, troveja e eu estou numa espécie de processo de mentalização. Repito para mim própria "O antibiótico não vai vencer...". Depois de 3 dias movida a Brufen, na esperança de eliminar a dor de garganta e ouvidos que me perseguiam, mas sem sucesso, tive de começar o antibiótico.  E estou com um sono enorme e a sentir-me muito lentificada, coisas que imediatamente atribuo a efeitos secundários da medicação, daí a mentalização. Mas também pode ser porque chove lá fora. Ou melhor, já caem mesmo furiosamente pedrinhas de granizo lá fora. E está muito cinzento. E com tudo, eu estou capaz de uma sesta... Coisa que não vai acontecer.



Insónia - o primeiro single de Filipe Pinto

Se passasse na rádio, não sei se o reconheceria. O menino rebelde do grunge não está tanto por aqui. A voz está ligeiramente diferente, mais limpa, mais madura, traz mais escola na bagagem, mas traz sobretudo aliada a certeza deste ser, de facto, o meu maior Ídolo de todas as edições do Ídolos. Eis o primeiro single original de Filipe Pinto.

sábado, 28 de abril de 2012

Orgulho nos meus meninos

Adolescência,
não sei se vou ser capaz de o dizer como hoje o escrevo aqui, mas estou muito orgulhosa de vocês.

Adolescência,
não sei se vou ser capaz de o dizer como hoje o escrevo aqui, mas vocês ensinaram-me que eu podia receber muito a dar no background de um espectáculo e não só enquanto estrela da companhia.

Adolescência,
não sei se vou ser capaz de o dizer como hoje o escrevo aqui, mas vocês fizeram com que lamentasse não o tempo em que estive convosco - em vez de adiantar umas quantas coisas -  mas aqueles momentos (poucos) em que não estive convosco.

Adolescência,
não sei se vou ser capaz de o dizer como hoje o escrevo aqui, mas mesmo quando me apetece destribuir cachaço, estou completamente apaixonada por vocês, porque dobram a energia quando se lembram que isto é mesmo a sério e porque fazem com que o meu dia recomece, independentemente das horas, com o entusiasmo de vos encontrar e reviver o teatro.

Hoje os meus meninos sobem a palco. Daqui a nada vou encher o coração no ensaio geral e vibrar com a estreia.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Querido belógue... (VI)

... a ti que não dizes nada a ninguém, conto que já passei horas a percorrer blogs e sites que fazem de casamentos autênticos fairytales. E que há uns dias, na loucura, acrescentei à Bucket List "saltar para uma piscina em vestido de noiva", ideia que não sei exactamente se quero concretizar porque é parva. É parva primeiro porque um vestido custa dinheiro e ensopá-lo todo não sei se é a melhor ideia... Segundo, porque num casamento uma pessoa está impecavelmente pintada e maquilhada. Terceiro, porque nem sei se gosto assim tanto da ideia. Mas enfim, pareceu-me o tipo de coisa que as pessoas apaixonadas podem fazer. E como eu sou do tal fairytalesco, talvez faça algum sentido.



quinta-feira, 26 de abril de 2012

Eu tinha uma teoria sobre o amor...

Estava a fazer uma limpeza nos rascunhos... A passear pelos posts que ficaram por publicar, nos que ficaram por acabar, nos que apenas título tinham e ficaram por escrever. Um deles era este. Este iniciado e terminado. Acho que nunca o publiquei porque não tinha distanciamento suficiente. Hoje olhei para ele de uma forma completamente apaziguada, serena e achei que podia dar-lhe vida.

Eu tinha uma teoria sobre o amor, que fazia todo o sentido contigo.


E hoje, por muito que já não estejas aqui, não quero palavras amargas, nem assumir que estava errada.


Prefiro pensar nas mãos dadas...
Prefiro pensar nos dias em que vivi o futuro, e em que perguntava o que é que os nossos filhos teriam de herdar de mim e de ti (os olhos, indiscutivelmente, os olhos!).
Prefiro pensar em todas as vezes que dançámos juntos e na certeza que tínhamos de que por mais gente que estivesse à volta, aquele momento era vivido só por nós. Aquele nós sagrado, secreto, que não precisava de se ver para sentirmos que era uma identidade física distinta.
Prefiro pensar naquela mão dada, firme, como quem dá uma certeza a carregar para a vida "Vai correr tudo bem..."


E prefiro porque isto lembra-me que tive o privilégio de te ter, tive o privilégio de ser contigo e tive o privilégio de nos ser. 


O teu sapatinho pode já não encaixar no meu pé, mas fui Cinderela.


quarta-feira, 25 de abril de 2012

Querido belógue... (V)

... o que era suposto ser um feriado não foi.

Depois de ensaio das 9 às 13h, no qual só me apeteceu distribuir cachaços à adolescência pela falta de concentração em véspera de espectáculo, e depois de corrigir um trabalho da mana, estou a escrever, pela primeira vez, uma acta e constato que apesar de gostar de escrever só me esforcei tanto por ser tão polidinha e controladinha quando fazia trabalhos científicos na faculdade.

Isto é demasiado asséptico e pouco apaixonado para mim!


Enquanto isso acho que nunca utilizei tanto e tão seguidas palavras como "deliberou", "aprovou" e "decidiu" na minha vida e sinto-me uma pessoa poderosa por estar envolvida no meio de tanta palavra pesada!

Querido belógue... (IV)

... às vezes ele diz coisas que ninguém entende, como "Tens uma beleza trágica e clássica!"...
... às vezes ele diz que é moreno de olhos verdes...
... às vezes ele responde "tás", muito sério, quando eu pergunto se estou com ar de morta...
... às vezes ele é parvo...



... e eu, acometida por um ataque estelar qualquer, rebento em ataques de riso e percebo que gosto mais dele assim.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Afinal decidi que as relações são difíceis...


I see that you've come so far

To be right where you are

How old is your soul?

(Jason Mraz - I won't give up)


O Jason Mraz, numa canção que podia ser do Tony Carreira mas que tem um vídeo lindo, propõe-se estoicamente a não desistir.

Eu cá, naqueles dias de alma velha, que acha que está no mundo há mais tempo do que verdadeiramente está, acho que as relações para o resto da vida vão desaparecer. Estaremos antes condenados a trocar, trocar e trocar na busca da pecinha certa, às vezes na completa ilusão de que haverá alguém que irá encaixar totalmente em nós. Passo a vida a defender aqui que isto das relações é simples, e costumo "propagandear-me" como uma pessoa com jeitinho para as relações, mas na verdade... há que assumir, também é complicado! Porque antes de chegar à parte dita "simples" há um grande quê de insondável, de mares nunca dantes navegados


É mesmo verdade. Porque se fosse tudo assim tão fácil e simples e linear e decifrável, era fácil fazer brotar relações em qualquer circunstância!


Queres ter uma relação? Boa! Eu também. Vamos lá trabalhar, fazer isto crescer! Faz-me umas massagens e diz-me coisas bonitas enquanto olhamos para a lua...


Claro que já repeti e insisto que o trabalho é preciso. Mas a verdade-verdadinha é que antes do trabalho é preciso um completo não-sei-o-quê! Uma conjugação secreta de ingredientes que não se estuda nos livros, não se aprende na Cosmopolitan e que faz com que as coisas naturalmente aconteçam. Aconteçam como sonhamos sem ser preciso pedir: devias declarar-te mais, devias enviar 20 mensagens ao dia, não devias usar saias. Está bem. Pedinchar às vezes é fofinho, reclamar pode ser necessário, mas quando uma relação se enche de devias, quando começamos a querer ensinar ao outro como sentir, em vez de aproveitar o que sentimos, alguma coisa não se está a conjecturar na direcção certa. E é difícil. Porque uma coisa é facilitar o encaixe, outra é forçá-lo.

Querido belógue... (III)

Ontem, depois dos dias agitados em Lisboa estive no activo das 9 horas às 00:00 e terminei a sentir que teria fôlego para mais. Senti-me uma super-mulher.

Hoje li dos comentários mais fofinhos de sempre e fiquei com vontade de dar muitos beijinhos e abracinhos à pessoa que o escreveu. 


É mais ou menos isto. Mas aceitando, sem pressões e cada vez melhor, que não tenho que estar no expoente das minhas capacidades todos os dias.
Hoje também estou um pouco atarantada de sono. E agora, querido belógue? Penso seriamente que pôr palitos a segurar os olhos talvez seja uma ideia para não parecer que vou adormecer a qualquer momento. Entretanto rezo para logo não atropelar ninguém na aula de condução...

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Querido belógue... (II)

O meu telemóvel - o novo, das rifas - acabou de dar o seu primeiro mergulho. Atirou-se da secretária. Eu estremeci. Lá dizem que o primeiro mergulho é sempre o que custa mais. Felizmente pelo menos com mazelas externas não ficou. Ufa, respirei de alívio! É que é muito cedo para missões de salvamento.

Não sei quem manda que os meus objectos pessoais ganhem vida própria...

Querido belógue... (I)

... estava a ficar doente de tão irritada! Tinha uma melodia na cabeça, que requeria audição urgente - é aquele tipo de sensação que se não fizermos imediatamente uma coisa parece que vamos ser acometidos por uma grande praga como a decomposição da nossa identidade! - e não estava a conseguir lembrar-me do raio da letra da música para chegar até ela.


Suei muito...


Tentei trautear a melodia e só saíam "nã nã nãs" sem fundo e sem fim. Ainda pensei em ligar e entoar uns "nã nã nãs", mas concluí que estavam a soar terrivelmente e ia ser embaraçoso.


Suei mais...


Até que primeiro surgiu um "everlast" que de nada serviu... Desespero! De certeza que estou a pensar na música por causa de uma qualquer mensagem oculta, de uma revelação brutal de mim e não estou a chegar lá!


Até que, surgido sabe-se lá de onde, um "sweep me off my feet" abriu-me o caminho!



Casava-me... Com esta música.

* Esta rubrica, hoje inaugurada, deve ser lida com profunda pronúncia do norte - que afinal dizem que tenho - e serve para disparar as mais tradicionais angústias e irritações femininas, às vezes, quiçá, só Mary-Janisticas. A intenção é que sejam disparadas sem preocupações ou sem grande elaboração. Uma espécie de silly corner.

domingo, 22 de abril de 2012

Fui feliz em Lisboa (e arredores)!

E sem qualquer ocorrência que pudesse efectivar a comparação com Bagdad! Então, e sem nenhuma ordem em particular (por muito bonita que fosse a ordem, o cansaço de alinhar imagens desalinhadas venceu), eis alguns dos sítios que calcorreei nas poucas horas que sobravam após os compromissos:

Praia da Parede
Praia do Guincho
Museu Parque - Cascais
Casa da Guia - Cascais

Largo de Camões - Cascais
Rua do Alecrim
Rua Garrett

Estação de Santa Apolónia
The Great American Disaster
Jerónimos
CCB
Museu Paula Rego
Chiado
Chiado
Jézebel - Estoril
Starbucks Belém
Restaurante Casta Fiore
Baía e Marina. Cascais.
E fui tão feliz que chego a casa com uma melancolia estranha e estúpida em vez da sensação doce e apaziguadora costumeira ao chegar a casa, de rever e sentir o que é meu... Chego com um pequeno (!) nó que me lembra que não trouxe tudo o que queria, e que esquecer a escova de dentes e cabelo, como aconteceu, é perfeitamente acessório. Escovas de dentes e cabelo compro em qualquer lado... O nó, eu sei, responde a umas quantas questões existenciais que se vão atropelando.

Até quando, Lisboa? 
E agora, Lisboa? 
Quem sou eu depois de Lisboa?

Ai tanta filosofia e cansaço acumulado, penso! Muitas horas de sono para recuperar... 

Agora resta realinhar os chakras até porque amanhã será um dia normal. Um dia normal para tentar construir algo de extraordinário, como faço em todos.
Amanhã será um dia para começar a gastar as quase 100 páginas de ideias que escrevi durante 3 dias. 3 páginas de ideias escritas com a convicção de que há muito para fazer e de que há muita margem para o meu crescimento tendo em conta a medida com que também cresce um sentimento de grande de identificação com a profissão que escolhi para mim. 
Amanhã será também um dia para me agarrar firmemente aos vários projectos em que estou envolvida. Esta semana dedico-me especialmente ao teatro. No próximo fim-de-semana é a minha estreia como encenadora e avizinham-se muitos ensaios. 

terça-feira, 17 de abril de 2012

Percebes que esta adolescência não é uma coisa assim tão distante da tua...

... e que assume, sem dúvida, características constantes ao longo do tempo quando no intervalo grande da manhã as músicas que passam na rádio não são Gaga's ou Perry's, mas algumas bem velhinhas.

Ora vejam lá se descobrem:


1
Standing on your momma's porch
You told me that you'd wait forever
Oh and when you held my hand
I knew that it was now or never
Those were the best days of my life


2
Never gonna give you up
Never gonna let you down
Never gonna run around and desert you
Never gonna make you cry
Never gonna say goodbye
Never gonna tell a lie and hurt you


3
She says: We've got to hold on to what we've got
'Cause it doesn't make a difference if we make it or not.
We've got each other and that's a lot for love
We'll give it a shot.

Ooooh, We're half way there



... e percebes também que não é assim tão distante quando dás por ti a desejar uma coisa semelhante ao que se descreve em letras de músicas realmente vivida e sentida, mais do que perdida em palavras.

Concluis que o cerne da adolescência é mesmo isto: muito sentimento. Vivido ao extremo. Há o 8 e o 80. E alguns de nós estamos toda a vida bem perto dela.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

É hoje que me divido em duas!

Quem quer assistir?

- Imprimir bilhete de comboio que não sei se a SMS só chega
- Ler 3 incríveis páginas de e-mail (responder aos que possa - telegraficamente, e de forma aparentemente rude e fria, porque de outra forma não dá)
- Ir buscar o portátil que está arranjado
- Anotar para não esquecer de ir buscar o relógio amanhã que está arranjado
- Anotar aula de condução de amanhã
- Ligar para combinar detalhes sobre a minha estadia
- Passar no scanner para enviar certificado de habilitações e comprovativo de morada
- Corrigir a primeira parte de um trabalho da mana
- Fazer mala para os dias em Lisboa que amanhã provavelmente só chegarei às tantas da noite a casa
- Avisar que não janto amanhã

e, fundamentalmente:

- Ignorar SMSs, telefonemas, e-mails e coisinhas que vão surgindo entretanto a sugerir mais coisas para eu fazer


Help? Anyone?


Sem dramas, e assim mais basicamente, é só isto:


domingo, 15 de abril de 2012

Lisboa = Bagdad?

Mary Jane anuncia que ruma à capital esta quarta-feira, tendo previsto o regresso para domingo.

Primeiras questões pertinentes que colocou e que farão, com certeza, uns quantos de vós rebolar:

- Olha, e quanto dinheiro é que achas que posso levar? Mesmo com o cartão, é melhor escondê-lo, não é?

- (expressão muito séria) Olha lá, tu vens para Lisboa, não para Bagdad.

sábado, 14 de abril de 2012

Amigos Improváveis - Intouchables

Sempre embirrei com o cinema francês. 
Talvez por achar que em França é tudo lento, aborrecido e pseudo-pseudo - com um ar imediata e naturalmente intelectual.
Talvez por embirrar com a própria língua que - ainda que nunca tenha desonrado a minha pauta enquanto estudante motivando esta potencial inimizade - é pseudo-pseudo e que para saber pronunciar correctamente é preciso encher de rococós.

E depois vieram falar-me do Intouchables. A história de alguém a empurrar uma pessoa numa cadeira de rodas? Pareceu-me fofinho, mas fatela, vugar, demasiado cutxti-cutxi, demasiado visto. Fui vê-lo ontem, na dúvida. E só porque quem dizia que era bom tinha credibilidade.


Acabei o filme a achar a achar que tinha sido muito bom. Muito, muito bom. E talvez a melhor forma de o descrever, sem o revelar, é contar que percebi que tinha estado o filme todo à espera de uma qualquer reviravolta profundamente dramática - aquela que acontece em quase todos os filmes e que nos deixa com um nó na garganta até à resolução - que aqui não houve. E não houve porquê? Porque afinal houve drama, a todo o momento. Mas foi constantemente desmanchado. Magistralmente desmanchado. O filme é isto. Relativizar o drama, reinventar o drama, recontar o drama, rir do drama

E, prometo, se forem vê-lo, vão ver tudo. Tudo menos o homem que empurra, piedosamente, o outro na cadeira de rodas. 

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Queridas mulheres... (hoje para nós)

Por muito que já tenha sido ferida e por muito que já tenha ferido não compreendo aquele discurso de que os homens são todos uns brutos e uns broncos. Tenho reflectido sobre isto e das três, uma (ou então todas mesmo!). 

1) é uma estratégia adaptativa para ultrapassar desgostos amorosos, quando na verdade reconhecem outras coisas positivas;
2) as mulheres que rodeiam os outros homens não lhes dão espaço para ser o que realmente são, não os deixando confortáveis para ser além da superfície, porque, como costumo defender, acredito que somos com cada pessoa o que elas nos inspiram a ser;
3) eu tenho muita sorte e conheço exemplares masculinos raros.

Os homens que tive o privilégio de conhecer melhor até hoje são homens que se emocionam, tanto ou mais que nós, que se apaixonam, muito para além de qualquer natural pulsão sexual,  que sabem beijar a mão e a testa, que não têm medo do compromisso e que estão lá, sempre que é preciso. Claro que no meio disto tudo pode vir a descobrir-se que ainda gostam de coisas estranhas como Wrestling, que gostam mais de brincar com o comando do que de ver televisão, que disparam palavrões no trânsito com a fúria de quem poderia matar e que uma derrota do clube de futebol pode estragar um dia. Mas tudo isto é tão natural como ter um armário cheio e achar que não se tem nada, como sentir que um verniz de uma cor poderosa serve para redobrar a confiança ou como achar que podemos sempre precisar daquela coisa em que só pegamos uma vez por mês e que nos acrescenta 2kg à mala.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Daquele que corre sérios riscos de se tornar o meu actual livro favorito

Porque fala da saudade. Da saudade mais daquilo que imaginamos/idealizamos, do que daquilo que realmente aconteceu. Fala da vida que criamos dentro da nossa cabeça, que é a nossa verdadeira vida - aquela que contamos a nós próprios e que passa a ser inexoravelmente o nosso habitat.




"Ele, em cuja presença tu amavas viver, era-te afinal por completo desconhecido. Só um completo desconhecido se permitiria fazer o que ele te fez. Não gostas de te lembrar como tudo acabou, mas não tens mão sobre a tua memória. A memória apanha-te sempre, em particular nos momentos mais inesperados. Gosta de jogar ao toque e foge, às escondidas, à cabra-cega. Lembras-te dele quer seja dia ou noite. Sonhas com ele, ou com alguém muito parecido com ele, o que te confunde e angustia. Ainda acontece chorares por ele, ou por o que quer que seja que te deixou mais só do que sempre foste. Embora não o admitas a ninguém. Nem à Alice. O Jorge não existe, nunca existiu. Senão dentro da tua cabeça."


in  A rapariga errada  - Pedro Paixão


terça-feira, 10 de abril de 2012

Faço sorrir uma pedra?

E ter uma amiga que me dedica uma música com uma letra assim? Até podem achar que a letra é meia pimba - que desprovida de contexto seria - e que escarrapachar músicas é muito parolo e adolescente e que ainda mais parolo é partilhá-la aqui, mas agiganta-me o ego e é um bocadinho muito importante de mim ter pessoas assim na minha vida. Como tu, também.

Tens esse dom tão natural
Fazes sorrir uma pedra
E alguém sorria

Tens esse dom tão especial
E assim resolves a guerra
E alguém sorria

Yeah, eh
O mundo a perder-se por aí
Yeah, eh
E eu fico bem assim a olhar para ti

Tens esse dom tão natural
De atravessar o deserto
Com um sorriso

Tens esse dom tão especial
Todos te querem por perto
Por um sorriso

(...)

O químico diria
Que tu tens o segredo da alquimia

segunda-feira, 9 de abril de 2012

A minha Páscoa para lá do evidente

E dizia a minha irmã na manhã de Páscoa - "Não sei porquê, mas a Páscoa parece-me sempre uma festa triste". Eu lá pensei que não tinha grande razão de ser e que até, do ponto de vista religioso, ressurreição de Cristo tratava-se de um momento mais importante e mais feliz do que o Natal. Claro que poupei a minha irmã desta palestra porque no tocante a religião somos bem diferentes e tudo o que eu ia ouvir em resposta com esta explicação era "Não tem nada a ver com isso da Igreja!".

A verdade é que talvez saiba, melhor do que gostaria e mais além do meu pensamento filosófico-religioso, o porquê da Páscoa ser uma festividade triste. Morreu muita gente da família nesta época. Especialmente, muita gente que não era suposto ter morrido quando morreu ou como morreu - e, na verdade, talvez nunca exista, para quem gosta, um momento em que seja suposto ou uma forma suposta. Por isso é que os "Foi melhor assim!" ou "Foi na hora certa..." são coisas que nunca fazem um sentido integral apesar de ficar bem dizer ou pensar. E na Páscoa, não é raro olhar para alguém, e sem porque sim ou porque não, ver  olhos humedecidos. Repara-se e olha-se noutra direcção. Quanto muito há um sorriso terno. Mas ninguém faz perguntas. Já se sabe. É mesmo nestas alturas que se repara, ainda mais, que falta ali alguém. É nestas alturas que, sim, no meio dos amplos laços que nos unem - evidentes enquanto se enumera ao padre quem são netos, sobrinhos, sobrinho-netos, primos em primeiro, segundo e terceiro grau - constatámos que somos uma família linda mas, ao mesmo tempo, lembrámos, mesmo quando não se fala disso,  que já fomos mais e melhores. E é nestas alturas que temos ainda mais saudades de quem já não está.

 É um dia muito feliz de reunião familiar, com muitos risos e brincadeiras, mas lá por dentro, no que ninguém sabe bem ou procura não explicar, triste.

domingo, 8 de abril de 2012

Presente de páscoa antecipado etc

Ora aqui está um breve conjuntinho de acontecimentos da última semana que não foram aqui assinalados:

- Na terça-feira à noite convidei uma amiga para sair comigo. Disse-lhe que não podia dizer que não, porque eu ia ganhar um telemóvel que já há algum tempo anunciei aqui que estava a precisar. Ora, e ia ganhar um telemóvel num sorteio de rifas para o qual gastei 2€. Assim foi. Está bem que foi o terceiro prémio e não foi o Iphone do primeiro prémio, mas vim de lá com um Nokia C5-03, o que, grátis, é assim uma coisa para lá de maravilhosa.


- Na quinta-feira passei com distinção no exame de código e assim já há mais um itenzinho da Bucket List muito orgulhosamente riscado. Não obstante, fiquei com a noção de que isto dos exames de código é uma coisa perfeitamente aleatória. O meu primeiro exame foi uma monstruosidade, este era completamente de caras.

sábado, 7 de abril de 2012

Queridos homens...

... aprendam o que eu aprendo com base em questões pessoais, conversas femininas e leitura de comentários em blogs. Ser romântico e ser carinhoso não é a mesma coisa. E, sendo verdade que há quem não aprecie nem uma coisa nem outra, há quem queira uma ou outra, ou quem não passe sem as duas para se considerar numa relação plena. Neste caso especialmente, aqui ficam umas breves palavrinhas.

Sim, é verdade, às vezes temos mais facilidade em reconhecer romantismo quando o vemos noutras pessoas e fazemos do romantismo que está mesmo ao nosso alcance, por vezes, um lugar comum. Não é por acaso que em posts com as palavrinhas "Ele hoje acordou, olhou-me profundamente e disse-me que eu era linda", vemos comentários como "Awww, que romântico! Que lindo", quando, lá em casa, somos bem capazes de dizer com ar de bambi "Tu fazes isso todos os dias, achas mesmo que é romântico?! Já não chega. Tens que fazer muito mais!".  E claro que exigir que uma pessoa se reinvente todos os dias é capaz de ser demais. Mas há outra coisa que convém explicitar: ser romântico é diferente de ser carinhoso. Se dão beijinhos e abracinhos muitas vezes isso não significa que são românticos, significa que são carinhosos ou, na pior das hipóteses para quem não aprecia o género, melgas ou colas. 


Ser romântico, para a maior parte das raparigas, é um conceito, de facto, exigente que está relacionado com toda uma outra dimensão. Exigente até pela sua simplicidade. Implica esforço, surpresa e sensibilidade, sobretudo sensibilidade... Sensibilidade para falar directamente ao coração. Por isso, e atentem bem, se numa noite, a rapariga com quem estão vos dá uma palestra sobre a falta que sente do romantismo e do papel que isto tem numa relação, por favor, no dia seguinte, quando vão dar um passeio, que ela já sonha que vai ser épico, não a levem a lanchar a um tasco. MAS, claro, na remota possibilidade de este ser mesmo para vocês o sítio mais romântico do mundo, façam vocês uma palestra sobre a razão de a quererem levar àquele sítio. Se houver uma razão muito profunda, uma contextualização, este, sim, pode transformar-se no sítio mais romântico do mundo. Romantismo - conceito complicado e simples ao mesmo tempo, indeed. E relativo. Portanto, em caso de dúvida, e se não estiverem dispostos a dialogar, façam uma checklist:


sexta-feira, 6 de abril de 2012

Verdades sobre o amor disfarçadas por entre uma música e um poema

She said, hello mister
Pleased to meet ya
I wanna hold her
I wanna kiss her
She smelled of daisies
She smelled of daisies
She drive me crazy
She drive me crazy
[Big jet plane - Angus & Julia Stone]


Eu, que não tenho favoritos, posso dizer que esta é a minha música favorita do momento e quero muito outra parte da letra que diz "Gonna hold ya, gonna kiss ya in my arms, gonna take ya, Away from harm"Não gosto dos laços que se criam  e que se desfazem. E ninguém imagina como sofro quando vejo as pessoas de quem mais gosto afastarem-se e como penso coisas parvas daquelas que de vez em quando toda a gente pensa como "que coisa estúpida esta do amor se um dia só vai servir para afastar pessoas, para fazer sofrer alguém...". Sofro muito pelo facto dos meus ideais Cinderela se desfazerem de cada vez que vejo um dos casais que têm forever together chapado separar-se. Então quando isto a mim me toca, pior.


Encerrei-me então numa concha. Num "já que não pode ser para sempre, não quero"Mas a verdade é que quero. Mesmo que incerta quanto ao sempre.

"Quem já passou por essa vida e não viveu
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu
Porque a vida só se dá pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu
 Ah, quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não 
Não há mal pior do que a descrença
Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão
Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair
Pra quê somar se a gente pode dividir
Eu francamente já não quero nem saber
De quem não vai porque tem medo de sofrer
Ai de quem não rasga o coração, esse não vai ter perdão
Quem nunca curtiu uma paixão, nunca vai ter nada, não"
Vinícius de Moraes

Dizem eles sobre o mês de Abril...

Já com alguns dias de atraso, em Abril avizinham-se perspectivas sobretudo a nível profissional:

- O Paulo Cardoso aponta um convite para liderar um projecto que me poderá ser proveitoso para a carteira. 
- Adrian Duncan afiança que é a lua cheia no dia 6 de Abril (HOJE!) que vai trazer coisas boas, falando em ênfase na vida social, período agradável de estabilidade e crescimento e mais uma vez em recompensas económicas que cá aguardo.
- A Maria Helena Martins sugere que me fie menos nos outros e continue fiel a mim mesma, defendendo poeticamente "Uma personalidade forte sabe ser suave e leve como uma pena!"
- A Carla Isidro vaticina uma das coisas que mais temo: um grande esgotamento: "terá ao longo do mês de Abril momentos de algum cansaço, tente controlar e direccionar bem a sua energia para aguentar e responder com eficácia a todos os seus compromissos.", mas tranquiliza que a partir de 16 de Abril terei uma maior paz sobretudo em termos relacionais. Inclusivé, indica que os que estão sozinhos podem fazer novas amizades e ter novos encontros, apesar de recomendar que me contenha e não me entregue de imediato. 
- A Patrícia Bernardo, uma romântica certamente, elimina toda a moderação e atira-me já para novas viagens, apontando uma "altura certa para iniciar um relacionamento, com alguém que conheceu há pouco tempo".  
- Por fim, Jamina Ann da Silva sugere que com a lua do meu lado, a minha essência natural de emoções e sentimentos profundos vai sobressair.


O mês está antecipado, mas, como sempre, em caso de dúvida, mais vale continuarem por cá.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Mary Jane e a aventura enquanto barmaid

Fiz uma batota e acrescentei à Bucket List um pós-desejo. Um desejo que nem sabia que tinha, mas que por ter sido uma experiência gira quis destacar. Até para poder inaugurar a ideia de uma lista com alguns itens já riscados! O desejo era ser barmaid.

Fui uma espécie de barmaid, na sexta e no sábado. Uma espécie de barmaid porque não me apresentei de calções curtos e t-shirt justa como a menina bonita que fazia promoção à Somersby. Nem ultra-maquilhada. Uma espécie de barmaid também porque não exerci funções (chique a valer!) num bar a sério. Foi num bar de caracter temporário, de apoio à Semana da Juventude da terrinha. E gostei. De tudo.

- Dos momentos em que pedia aos rapazes para tirar finos, porque por muito que me dissessem que o segredo era só inclinar o copo, eu estou convicta que tenho mais talento para mandar tirar. 
- Dos momentos em que tinha que estimular o meu cálculo mental e rezava interiormente para que ninguém estranhasse a minha demora para juntar um conjuntinho de trocos. 
- Das pessoas que voltavam e me faziam repetidamente os pedidos, e com quem ia trocando mini-diálogos. Especialmente, do senhor com a idade para ser avô, que fazia o maior drama quando eu lhe anunciava o preço do fino (ou imperial, para quem está a sul), mas que voltava e esperava por mim e ainda comentava "Este cantava melhor que o Abrunhosa"
- Dos momentos em que preparava uma bebida pela primeira vez e também daqueles em que me perguntava o que faria se alguém me pedisse alguma bebida com nome desconhecido.
- Dos momentos em que tentavam negociar o preço.  
- Dos momentos em que pegava no bloco e apontava falhas para próximos eventos que se organizem. 
- Dos momentos em que a C. me abraçava e perguntava se me doíam os pés. 



Diz que em breve vou repetir e que não me importo. Nem um bocadinho.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

O corpo cobrou II

DIÁLOGO INTERNO ANTES DO LANCHE:
Em comparação com a hora do almoço sinto-me radicalmente melhor. E acredito que a ideia de me ter ladeado com uma garrafa de àgua de 1,5l foi o melhor para potenciar a hidratação e foi um golpe de génio para me revitalizar. Amanhã estou nova - repito mentalmente para que o pensamento positivo também ajude a mobilizar-me.



DURANTE O LANCHE:
Desço confiante para a cozinha. A mana fica a observar-me prolongadamente e eu penso que já será evidente em mim um outro ritmo, melhorias que ela se prepara para realçar! Eis senão quando:

Estás bem? Estás com ar de morta!