sábado, 21 de agosto de 2010

Mary Jane e o guarda-roupa impróprio para consultório

Gosto dos títulos "Mary Jane e qualquer coisa", assim ao estilo dos livros da Anita. Fazem-me sentir uma espécie de heroína do quotidiano... Pois bem, neste papel, a aventura que vos apresento hoje está intimamente relacionada com o meu guarda-roupa. Em breve começará o meu estágio e terei de parecer gente grande quando no dia-a-dia sou pouco mais do que uma miúda. Tudo porque, dizem por aí, as primeiras impressões contam muito e eu vou deixar de ser uma reles estudante de Psicologia, para ser uma reles estagiária de Psicologia. Quer dizer reles estagiária, não, sou quase profissional. Por isso, pode ser que deixe de ser reles... Trata-se pois de um pequeno grande update, no que toca ao meu estatuto profissional (ai que isto quase que soou bem!) que além das implicações práticas - nada de aulas, só trabalho duro e reuniões com o orientador de estágio e orientador de mestrado - tem outras implicações que até aqui não antevi. 

Durante o curso, os professores foram fazendo uma recomendação ou outra (devem ter sido muito poucochinhas que mal lhes dei ouvidos! Ou se não foram poucochinhas, passam a ser, para consolo pessoal), de que um visual básico, estilo calças de ganga e t-shirt, não era adequado para consulta. Eu endoutrinei-me de que era tudo uma questão de atitude e que era o que mais faltava mudar a minha forma de vestir (sim, porque a forma como me visto é quase uma questão identitária!) para ser psicológa. É como se deixasse de ser a Mary Jane, versão única, rara, exclusiva, para ser mais uma psicóloga. Escrevi inclusive num trabalho, sob formato de diário, para a cadeira de Prática Psicológica I,  que as calças de ganga, hoje em dia, são uma peça que pode ser bastante formal. A professora que era contra as calças de ganga, aparentemente não condenou este meu atrevimento porque o meu trabalho teve a nota mais alta do ano. E eu continuei a idolatrar os meus jeans e a fazer com que fossem peça rainha no meu pequeno, mas nobre closet


Acontece que hoje, a menos de um mês de atender o meu primeiro cliente, começo a olhar para o meu armário e penso "Estou tramada! Poor baby Mary...". Tudo porque só vejo roupa de adolescente quando é suposto que pareça uma adulta. Ajudem-me então aqui nesta conversa com os meus botões: se vocês marcassem uma consulta de Psicologia e se vos aparecesse uma " gaiata" com ar de quem saiu do Ensino Secundário, desistiam da consulta? Se não desistiam, entravam desconfiados da qualidade do serviço que vos ia ser prestado? Quando pensam num psicólogo imaginam-no com alguma espécie particular de indumentária?

Eu bem sei que em vez de dar títulos estilo livros da Anita, tenho que começar a pensar a minha vida como gente grande.

22 comentários:

  1. Selo para ti.
    E daqui a pouco já venho ler o post nas devidas condições e comentar algo de jeito :)
    *

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  2. Ora bem, se eu fosse uma gaiata, nos meus 15/16 anos, com problemas típicos da adolescência ( ou quiçá ainda mais nova, visto que agora os putos de 12/13 já andam pelas discos a beberem) eu não me importaria com o teu look jovem, iria sentir-me muito à vontade e com vontade de partilhar coisas contigo.

    (Agora vou vestir o meu fato de jovem/adulta)

    Nesta faixa etária, acho que o estilo jovem não encaixa bem, pode encaixar para alguns, poucos, acho. Mas também um look muito formal iria transpor um ambiente muito pesado entre ti e o paciente. Podes usar umas calças de ganga sim, mas talvez em vez de uns ténis e uma t'shirt do Tio Patinhas lol, uns sapatos de salto e um top ou uma camisa. E uns adereços também!

    Espero não ter confundido ainda mais! =/

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  3. Sim ele realmente é um amor de pessoa ahahaha :)

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  4. Vou-te ser muito sincera minha querida, não me ia agradar nada ver uma miúda de carrapitos mas também não ia gostar nada de uma mulher género "standardizada" com o seu fatinho e os seus botins. Estás a entender? Sou apologista de que quando são profissões em que temos de ser próximas das pessoas, quanto mais normal e clean, possível :)

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  5. Bem, é verdade que nunca vi nenhuma psicóloga de t-shirt e calças de ganga. Mas como dizes, as calças de ganga até podem ser formais e adequadas à situação (desde que não sejam daquelas todas esfarrapadas e deslavadas, óbvio).
    Quanto à pergunta, desistir não desistia, mas sinceramente é algo em que reparava. Se fosse a uma psicóloga que tivesse vestida uma t-shirt de uma banda e calçasse umas All Star se calhar ficava um pouco apreensiva, embora isso não seja sinónimo de qualidade ou falta dela. Acho que isto se deve ao facto de idealizarmos e relacionarmos certas profissões com certos tipo de roupa.
    *

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  6. (65 meses Mary?)

    Quanto ao teu post, e respondendo às perguntas que colocaste, não, não desistia da consulta nem sequer desconfiava do teu profissionalismo. Há excelentes profissionais super novos que acabam de tirar o curso e depois há os trombudos que têm anos e anos de experiência e uma pessoa nem se sente bem na sua presença.
    Ultima pergunta, não imagino porque já tive oportunidade de ver um pouco de tudo. Acho que depende muito das calças e dos sapatos sinceramente. Umas calças de ganga justas com uns sapatos mais formais, por exemplo, não tem que se lhe diga. Agora se usares tenis, tudo muito na desportiva acho que não é muito apropriado, não.

    Nada como uma ida às compras para resolver o problema :) Também existe roupa bem gira, sem contar com as calças de ganga.

    beijinho*

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  7. bem para falar a verdade um ar um pouco mais formal dá sempre um ar mais profissional, claro que não é por causa da tua roupa que vais ser mais ou menos profissional, mas há esse estereótipo que quase implica que se ande com um outfit (uuhh a palavra da moda) assim mais formal, nada exageradamente formal claro, uma maquilhagem mais cuidada faz logo a diferença ;)*

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  8. gostei imenso do teu blog :) vou seguir!
    Bjs

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  9. É pá eu sou muito sincera... Não é pelo que vestes que és melhor ou pior profissional. Mas, em Portugal ainda se dá muita importância ao que se veste, se tens uma tatoo, etc!!
    Eu tenho uma amiga minha que tem os seus 23 anos e tem aspecto de cachopa e tem voz de criança. Neste momento está a trabalhar num banco e já ficou efectiva!!
    A maioria das pessoas dão importância ao que o profissional leva vestido.

    *Bom fim de semana*

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  10. na minha opinião umas calças de ganga, uns saltos e um casaco mais formal, tipo casaco de fato dão uma aparência madura e profissional sem ser demasiado pesada...

    eu estou em direito e fico apavorada só de pensar no que terei de vestir no futuro. No meu caso, se tal for possível, optarei por vestidos formais e saltos altos: elegante e confortável

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  11. Mary,

    Eu também sou psicóloga, e acho que a roupa não te muito a ver. Claro que não se vai de chinelo e calções, mas uma calça de ganga bem gira e uma camisola ou uma camisa mais clásica, está perfeito.

    Elegância fica bem em qualquer profissão.

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  12. Gostava de ter a tua opinião neste post: http://janenaosescrevesonoslivros.blogspot.com/search/label/roupa
    Só vês se quiseres, claro...

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  13. Bem... no meu caso, acho que me iria sentir até mais à vontade se tivesse uma psicóloga assim, mas também depende das calças de ganga e daquilo com que se combinam...
    Há uns anos, tinha eu 16, fui a uma psicóloga e desisti de lá ir após a terceira consulta. Acho que a senhora era demasiado formal, não só na maneira de vestir (porque se fosse só pela roupa, que mal teria?)... Senti-me muito pouco à vontade e também não acho que a senhora fosse uma boa psicóloga... não sou entendida em Psicologia, mas houve coisas que considerei falta de ética profissional... Acho que isto mostra que a forma mais ou menos formal de nos vestirmos não é reveladora do nosso profissionalismo...
    Contudo, as aparências são muito valorizadas, às vezes até em demasia... Em termos profissionais talvez seja necessário rever um pouco a nossa apresentação... penso que também não é preciso mudar tudo, basta juntar algo com outra coisa diferente e também não exagerar, nem 8 nem 80 :) Acho que mesmo em diferentes estilos é possível que nos encontremos, que nos sintamos "nós". Mas é complicado... acho que ter de mudar algo que mostra a nossa personalidade por causa de certas exigências não agrada a ninguém :S
    Boa sorte com isso :) de certeza que vais resolver isso da melhor forma.
    Beijinhos

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  14. Em princípio não desistia da consulta porque no dia em que marque uma consulta de Psicologia, é porque devo estar mesmo muito mal eheheheheheh.
    Agora a sério:
    Pela indumentária, claro que não desistia. Pela "gaiata" ainda menos, mas acho que ficava apreensivo. Não que duvide das capacidades das pessoas pelo facto de serem novas ou velhas, mas um profissão com poucos anos de prática sofre sempre do handicap da falta de experiência.
    É por isso que há estágios...
    Por mim não mudes de roupa. Acho que vais bem nem que seja de pijama e chinelos lol.

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  15. Tudo o que seja decote arrojado só distrai o paciente.

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  16. Eu tenho uma amiga de psicologia cujo estilo é um mistura de pinup com rockabilly. Ela andou a ir a entrevistas pra estágio no próximo ano e não levava outra roupa, claro que adaptava dentro do estilo, pra ir assim compostinha.. e foi escolhida. Não acredito que influencie. Ou pelos menos gosto de acreditar que não.

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  17. De certeza que tens uma ou outra peça de roupa que combinadas ficam mais "profissionais".

    Também não tens de ir de fatinho ou vestido de gala. Estar arranjada é o suficiente.

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  18. Acho que gostava de ver um psicólogo como uma pessoa prática. Nada de piripipis, mas também não uma blusa de manga curta com bonequinhos, frases, e lantejoulas como as miúdas de 15 anos usam.. xD Há que ter tento, em todos os trabalhos.

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  19. Tive esse problema quando comecei a trabalhar e fui renovando o meu closet, porque também não fica bem uma secretária vestir-se à teenager...

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