quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O meu coração ficará no Porto

Disse isto o "general sem medo", Humberto Delgado.

Durante muito tempo pensei que esta cidade me era indiferente, porque sempre soube bem de onde era e sempre fui fiel às minhas paixões, às coisas que se enraízam em mim e se tornam a minha casa. E eu não ia trocar a minha cidade, por nenhuma outra cidade, mesmo que desde os 11 anos já não residisse efectivamente na minha cidade mas numa aldeia próxima. 

Já hoje eu sei que o Porto não me é indiferente porque em 5 anos de vivência começou a fazer parte de mim e posso lá deixar um bocadinho do meu coração. E, mesmo sem a minha autorização, a verdade é que ele fica. Fica na Rua do Mirante. Na Rua Académico Futebol Clube. Na Rua Dr. Manuel Pereira da Silva. Na Rua das Musas. Na Rua de Sacadura Cabral. Na Rua dos Bragas. No 77, no Piolho, nas Galerias de Paris. No Café Progresso, no Lado B, no Diú, na sangria tropical do Pimenta e Chocolate. Nas noites dançantes junto ao rio e na Casa da Música e nas Caves Taylor. Nas paragens de metro do Bolhão, da Lapa, da Trindade, do IPO, do Hospital de São João e de D. João II. Na ponte D. Luís de todas as vezes em que mesmo atravessando-a quase todos os dias não resistia em contemplar aquela paisagem. Na Fonte dos Leões. Nos Aliados. Principalmente no chão dos Aliados quando me sentei lá no dia do último cortejo a ver tudo de uma perspectiva diferente. Não era suposto? Passou a ser. No Queimódromo. Na praia de Matosinhos. No Parque da Cidade. Em todos os sítios onde, numa das noites mais especiais da minha vida, larguei pegadas. Em todas as corridas entre a Rua de Santa Catarina e a Batalha. Na Cedofeita agitada de início de dia, com muitos palavrões à mistura, ou no sossego e candura de um final de tarde, em que os palavrões se substituem pela escuta das gaivotas e de vozes mais meigas por entre telefonemas "Amor, já estás em casa? Eu só estou a sair agora!".




Um dia largámos num certo sítio emblemático para a minha instituição de ensino uma t-shirt que dizia "Estivemos e estaremos aqui". Hoje eu digo, estive e estarei em todos estes sítios.

6 comentários:

  1. Revi-me tanto no teu texto!
    Vivi no Porto 4 anos e vivi momentos muito, muito bons!
    Nunca foi meu objectivo continuar no Porto depois da conclusão do curso mas, ainda assim, o sinto um bocadinho meu :)

    ***

    ResponderEliminar
  2. Como sabes, só este ano estou a residir no Porto. Contudo, não deixei de viver o Porto só porque ia e vinha todos os dias. E agora, de uma perspectiva diferente, consigo perceber o que tentas dizer neste post. E fiquei emocionada com alguns sítios que mencionaste. Tenho a certeza que daqui a 3 anos direi a mesma coisa. Porque há sítios que ficam nossos pelas vezes que lá fomos, que lá choramos e rimos e nos divertimos e também sofremos. Eu já fui muito feliz no Porto, mas tenho a certeza que daqui a uns anos o direi com ainda mais sentimento.

    ResponderEliminar
  3. Mary Jane...! O "meu" Porto, que também é teu. Cidade "mai" linda :)
    Beijinhos

    ResponderEliminar
  4. Gostava de conhecer melhor o Porto. Já lá passei muitas vezes mas nunca parei para ficar. Não conheço essa paixão que sente quem lá viveu um dia ou mais.
    Um dia quero poder passar lá uns dias, mais que não sei para que me fique o cheiro na pele, o cheiro da Invicta.

    Bjs

    ResponderEliminar
  5. é este o teu viver de estudante :) e ainda bem que te sentes assim em relação à cidade que te acolheu..

    ResponderEliminar

Não resisto às novidades do Mundo Lá Fora. Contem-me tudo, tudinho!