Ao longo do meu crescimento houve muita coisa que o meu pai exigiu que fizesse antes que eu pedisse. Assim o meu pai parece um ditador - que é só um bocadinho! Da última vez que lhe disse que ele não o era e que, por isso, não tinha de fazer as coisas só porque ele achava que era assim que fazia sentido, quase que soltou chamas pelas narinas!
Na verdade, pelos 6 anos, a idade em que o meu pai achou que eu devia aprender a nadar, a andar de patins em linha e a andar de bicicleta, exigia e incentivava com uma tal convicção e entusiasmo que não dava muito espaço ao medo. Eu sabia: ia ser bom, ia ser divertido, ia ser incrível porque depois o meu pai também ia fazer tudo comigo. Além disso, ia fazê-lo feliz e isso, só por si, era muito importante para mim.
Se não havia muito espaço para o medo, a verdade é que, não raras vezes, ele estava lá. Nas vezes em que o meu pai largava o meu fato de banho e deixava que eu desse umas braçadas na piscina. Nas vezes em que o meu pai largava o pano com que me arrastava para ir experimentando o deslizar dos patins para deslizar sozinha. Nas vezes em que largava a parte de trás da bicicleta com que me empurrava e me deixava a pedalar sozinha.
Uma certeza: ele ia estar lá para me segurar (ou para me levantar se eu caísse!). Assim que me sentia a ir ao fundo, a mão dele estava lá, assim como um comentário "Ehehehe, boa!", que é como quem diz "Engoliste não sei quantos litros de água, mas estás a ficar crescida e eu estou orgulhoso". Assim que me sentia a vacilar nos patins ouvia um "Alto!" e sentia um braço que surgia sei lá de onde a agarrar-me. Sempre que caía da bicicleta ouvia "Pronto, não foi nada, são só umas esfoladelas. Já vamos fazer o curativo!". E é assim que se cresce: enfrentando o medo. Medo vamos ter muitas vezes na vida. Portanto, papás de hoje, não é a evitá-lo ou a escondê-lo que se protege uma criança, mas ensinando a conviver com ele, ou então um dia mais tarde, quando se aperceberem que cresceram num micromundo familiar cujos desafios (sempre por outros resolvidos) não correspondem aos desafios que elas terão de enfrentar no mundo real, a queda será bem mais dramática. O que é que se faz ao medo? Usa-se um capacete e umas joelheiras.
às vezes o importante de nos atirarmos de cabeça é saber que temos alguém que nos ampare .
ResponderEliminarconcordo com a Hermione. quando se tem a certeza do apoio, tudo parece mais fácil.
ResponderEliminare que bom que tiveste um pai assim .. o meu foi mais na onda "não, que te vais magoar" :)
ResponderEliminar**
Parece-me a receita perfeita :) Mas será que resulta sempre?
ResponderEliminarConcordo com a Hermione =)
ResponderEliminarMaria
que bem dito, mary jane. infelizmente, hoje em dia, criam-se as crianças em grandes cápsulas.. e vejo por mim. a minha mãe protege-me demais, sofre por antecipação e não me deixa dar as minhas cabeçadas.. acho péssimo.
ResponderEliminarÉ isso mesmo, não poderia estar mais de acordo ;)
ResponderEliminarNão podia estar mais de acordo contigo, mas infelizmente não é bem assim que hoje em dia as coisas se passam, uns são protegidos demais que nem chegam a saber resolver um pequeno problema, outros estão em constante auto-gestão por que os pais não estão para se ralar. Poucos são os que têm uma educação assim equilibrada...
ResponderEliminarGostava mt que os meus pais tivessem sido assim. Foste ensinada a ter coragem, eu fui " ensinada" a ter medo e a sentir-me limitada...
ResponderEliminaràs vezes dói para caraças mas é mesmo assim que se cresce!
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