"Disse coza-se explicado.". Era assim que a minha avó expunha a situação quando algum dos netos se tinha saído com uma palavra imprópria e não queria que um dos outros netos, atentos ao seu relato, a ouvissem a repeti-la. Hoje reporto-me a esta expressão da minha avó para abordar a minha relação com os palavrões.Não digo habitualmente os palavrões convencionais, mas tenho palavrões pessoais, como sabem. Os que eu uso ("possa"; "caraças"; "caramba" e semelhantes) já são palavras Mary Janisticamente reconhecidas para quem me rodeia. Ainda assim, às vezes pergunto se ser capaz de mandar tudo cozer-se, de forma explicada, não ia de alguma forma dar-me uma sensação tal de poder e relax como nunca antes experimentei. Afinal diz-se "vai-te cozer!" (explicado), com muito mais pujança do que "vai pró caraças!". E um "que se dane" talvez não tenha o mesmo impacto que um "que se coza!"(explicado).
À distância, pode parecer que eu só não digo palavrões porque tenho um tampão moral imenso e desnecessário. A realidade é que a imagem que muitos dos palavrões evocam, não me permite dispará-los como se de qualquer outra palavra se tratasse. Eu, que sou muito intíma desta coisa que é a palavra - inclusivé, na minha linguagem corrente, uso algumas de uma forma que me é perfeitamente característica - é impossível descolar-me do que elas para mim significam e transmitem. Sou autisticamente literal. Então, não consigo proferir um "vai-te cozer", sem imaginar que estou efectivamente a instigar a outra pessoa a encontrar um par para copular, o que vai completamente contra as minhas intenções que seriam mais próximas de um "não te vás cozer"... Nem agora, nem em breve. Afinal cozer tem potencial para ser bom e não é o que se pretende... Portanto, não é uma questão de tampão moral, é tudo uma questão de coerência.
Depois de ler este texto fiquei a pensar cá para mim que precisas mesmo de dizer umas asneiras bem fortes..
ResponderEliminarVisto por esse lado é verdade. Mas digo-te, eu que digo imensos palavrões, não há nada melhor que um bom "vai-te cozer" dito no sítio, à hora certa! O alívio que é dizer um palavrão Às vezes... tens mesmo que desligar-te desse sentido literal e experimentar.
ResponderEliminar;) eu não sou de dizer muitas asneiras mas caraças é algo que me acompanha dia-a-dia. Quem me conhece sabe que de vez em quando sai um: Caraças pá!!!
ResponderEliminarahahah! Que expressão engraçada!
ResponderEliminarhttp://pegadafeminina.blogspot.com/
eu por acaso também não sou muito de dizer asneiras, mas de vez em quando lá calha ;p às vezes até mais na brincadeira do que a sério...
ResponderEliminarengraçado este post. eu costumo falar mal apenas quando estou sozinha e me passo com alguma coisa. fora isso, só com o meu namorado em situações excepcionais (não em discussão, mas em brincadeira até) mas sinto-me mal logo a seguir, ou seja, já precisava de ter a funcionar melhor o meu tampão moral!
ResponderEliminarAs minhas tias e mãe, também utilizam essa expressão, eu é mesmo Fodasse! Alivia melhor!!!!
ResponderEliminarcá para mim, tu estás é a precisar de te libertar :p manda tudo pó.. caraças xD eu fiquei muito mal criadinha da praxe. fiquei, fiquei.
ResponderEliminarFilha não à nada melhor que um "vai-te cozer" bem sincero e lá de dentro! experimenta e verás :p
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