sábado, 11 de fevereiro de 2012

Esquecer o que mais importa

"O importante também pode ser esquecido. O que mais importa talvez tenha de ser esquecido para que possas continuar. Para não ficares prisioneira num remoinho, num beco da memória, numa obsessão assustadora e paralisante. Tu sabes disso. Bem melhor do que desejarias "
Pedro Paixão in "A Rapariga Errada"





Tu, ainda que não exactamente pelas mesmas palavras, disseste-me isto. E fizeste-o com a candura de quem não quer tirar um doce a uma criança, mas transmitir-lhe que comer doces em excesso, ignorando os seus malefícios, também faz mal.





Lembraste que eu não tinha de ficar agarrada às melhores memórias, às mais importantes, às mais cor-de-rosa com o intuito de preservar o que de bom eu e ele fomos e o melhor que ele foi para mim. Ainda que entendesses e valorizasses a minha forma de sentir e não a quisesses anular, alertaste-me no sentido de me preservar. Não tinha que eliminar o bom, nem sequer que transformar o bom em mau - tinha apenas de começar a juntar à equação o mau ou, mais simplesmente, o que não funcionou (como eu ser mais complexa e ele mais básico no sentir; como eu valorizar as palavras e ele a acção, sem que nenhum dos dois estivesse errado - simplesmente não encaixou). E isto foi e é necessário - não só lamentar o que podíamos ter sido e não fomos, mas lembrar que dentro do nosso potencial já fomos muito e fomos até onde era possível, sendo que dentro do bom houve muita coisa que falhou. Sem estas reflexões, eu estava a entrar numa espiral de culpa sem fim, na qual não tinha sequer de entrar.

No fundo, eu diria que mais do que esquecer, ensinaste-me a importância de resignificar. E sabendo que só vemos aquilo que nos permitimos a ver, abriste-me janelas para que começasse a ver as situações sob novos ângulos e perspectivas.

9 comentários:

  1. Gosto tanto da última imagem :) nunca tinha pensado neste assunto desta forma!

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  2. É para lá de difícil esquecer, especialmente quando temos que esquecer algo bom, alguém que nos fez sentir bem durante muito tempo. Espero que, se o tiveres que fazer, que tudo te corra bem.
    Beijinho

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  3. Eu gosto tanto do que escreves* Agora doí, procuram-se respostas, tenta-se imaginar o que podia ter sido diferente e nossa cabeça vira um furacão, onde tudo trás memórias, onde o nosso pensamento é nosso pior inimigo. Eu sei, já passei por igual e sei o quanto foi duro.
    O que posso dizer, é que os dias (muito lentamente) vão trazendo alguma paz. E quando deres por ti, já estas metida noutra... O tempo cura!

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  4. Já te sigo .
    amo os teus textos. segue o meu sff e passa por lá : http://nothingisimpossibleiftheybelieve.blogspot.com/

    obrigada (:

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  5. pois é, Mary Jane.. é isso mesmo :) acho que foi assim que eu consegui.. tudo depende da forma como vemos as coisas. e de como as queremos ver, verdade seja dita.. tu estás lá, miúda! só falta passar das palavras à acção.. :)

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  6. Adoro sempre o que escreves.

    eu nunca passei por isso, mas acredito que as coisas depois começam a ser vistas com outros olhos, para o bem e para o mal. E acredito que resignificar seja um passo importante para começar a seguir em frente.

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