domingo, 11 de março de 2012

Pessoas que já nascem avós

Às vezes falamos das avós como se elas tivessem sido sempre isso na vida, avós. Avós como sinónimo de sabedoria. Falamos das avós como se elas já tivessem nascido assim, de rugas feitas, de segredos para resolver qualquer imprevisto na ponta da língua e com a capacidade de dizer um "isso vai passar, tenho a certeza" de uma forma que se torna reconfortante. Outra pessoa com a mesma expressão despertaria os meus instintos mais carniceiros.

Sei que a minha avó teve uma infância, uma juventude e uma longa vida adulta, porque ela as conta de uma forma que faz dela um ser estranhamente e, ao mesmo tempo, naturalmente superior. Tão superior que, lá está, parece que já nasceu com o espírito de avó formado, com o rótulo grande mulher impresso na testa e que terá feito um percurso de escolhas acertadas sem grandes percalços. Que na verdade existiram, mas a forma como ela os narra faz destes apenas pequenos passos em falso. Até a história que me contou de um dia ter deixado escapar o grande amor da vida dela por teimosia, acredito que não foi um passo em falso. Até o amor dela escolheu bem (que escolheu, porque conta que o meu bisavô certo dia lhe disse que ela já tinha "experimentado" muitos e que tinha de decidir) e mesmo neste aspecto deu o passo mais certo! Pois claro que é o meu avô o amor da vida dela. O meu avô que hoje eu vejo cuidar dela de uma forma que me enternece verdadeiramente.


Um dia destes, a minha irmã dizia que apesar de não sermos muito parecidas fisicamente à primeira vista ou em comparação directa de fotografias, eu tinha uma expressão que era exactamente a mesma que a minha avó fazia e que está evidente em algumas fotografias - a típica expressão "longe do mundo". Eu e a minha avó sorrimos, felizes com esta pretenda semelhança, mas ainda assim descrentes, na medida em que a minha avó reforçou não ser tão aluada quanto eu. Porém, uns dias mais tarde revelou-me que esteve a pensar e de facto, também era muito assim. Eu sorri. Por fora e por dentro: um dia também vou ser assim, inspiradora.

8 comentários:

  1. Tenho pena de não ter tido muito tempo de conviver com os meus avós. Eles faleceram ainda era eu pequenina e não me deixaram grandes lembranças.

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  2. Eu gostaria imenso de um dia ser como a minha avó. nada mais inspirador...

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  3. Mary prometo que hoje me ponho a par da tua escrita, mas só para avisar que te deixei um desafio no meu blog!

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  4. :) os avós são pessoas muito especiais! E o texto é uma ode linda!

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  5. Parabéns pelo texto. Gostei imenso de o ler!

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  6. não posso dizer o mesmo das minhas, mas espero sinceramente que um dia sejas uma mulher assim! inspiradora e sonhadora e forte!

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  7. Concordo plenamente contigo! Parece mesmo que as nossas avós sempre foram avós a vida toda ;) e são tão sábias!

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