terça-feira, 15 de maio de 2012

A memória que fala de nós

33 anos, 4 filhos.

48 anos. Além dos meus filhos, eu sou mãe de dois netos, porque a mãe e o pai foram sei lá para onde e eu fui logo pedir a guarda ao tribunal que me concedeu com muito orgulho.

39 anos, 3 filhos, só a de 5 anos está comigo, os outros estão com o pai, longe. Ex-ex-marido, ex-marido, namorado.

35 anos, o meu marido e eu, 2 filhos. 15 e 17 anos. Não estão comigo. Coisas do tribunal.

Da minha manhã, a primeira passada em recrutamento de pessoal, poderia ter memorizado muita coisa. Podia fixar-me na senhora que andou uma hora a pé para vir até à entrevista e que estava pronta a deslocar-se assim diariamente; na senhora que diz "as minhas mãos não colam" ou "ver é com os olhos" ou então naquela que ao sair exclamou "se não ficar, gosto em conhecer-vos na mesma, só gente jovem e bonita!", mas aquilo que me fez sair de lá a sentir-me ligeiramente atordoada foram sobretudo os dados que destaquei no início deste post e que se emaranhavam brutalmente na minha cabeça.

As nossas escolhas não são ingénuas. Todos os dias nós - consciente ou inconscientemente - escolhemos armazenar/memorizar só parte das nossas experiências, escolhemos destacar apenas certos elementos daquilo que vivemos, e mais do que falar das situações em si, as nossas escolhas que farão a nossa memória podem falar de nós. Agora eu sei que seleccionei o que seleccionei porque as relações afectivas e as bases com que desde tenra idade se constroem é um assunto que me toca particularmente. Há vidas complicadas... como é que começam, onde é que acabam? Esta labilidade assusta-me tremendamente.

4 comentários:

  1. Assusta a ti e assusta a mim. Há vidas muito tristes e infelizmente ninguém está livre...

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  2. Há muita história por aí que dava um filme. Estes dados são mesmo para pensar...
    Beijinhos grandes.

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  3. Fiquei chocada com esses dados que memorizaste...

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