Assumi que tudo ficaria na mesma. É apenas uma pessoa que sai. Com a pessoa, no entanto, saem gestos quotidianos, saem elementos de rotina, que não são só isso, elementos casuais e básicos, mas parte do que sou. Por isso, penso, é normal que às vezes ainda me sinta um bocadinho às aranhas porque começa um novo eu, que a pouco e pouco se vai desprendendo do que era teu.
Sem ti recordo umas quantas coisas que faziam de mim alguém diferente contigo. Na pressa dos dias, até podia enviar a mesma mensagem todos os dias, "Bom dia [inserir nome artístico]. Já estou a ir para X". sem estar a ornamentar com o quão maravilhoso e único eras na minha vida. Contudo, sabe, e acho que sabias bem, que de cada vez que te enviava esta mensagem dizia quão aconchegada me sentia por te ter na minha vida, por te poder contar, todos os dias, que estava a ir, ou em alternativa, que já cheguei. Era bom perguntar-te "Quando vens?", na certeza de que estavas ansioso por vir. Era bom abrir-te a porta todos os dias e era difícil fechá-la, quando não ficávamos juntos, e ias embora. Não me lembro de um dia em que, mesmo apesar do sorriso e abraço final descontraído, não tenha pedido interiormente que ficasses. Por isso é que gostava de te ver desaparecer no elevador (deixar de ver quando tivesse mesmo de ser), praticamente só de cabeça pendurada para fora da porta quase fechada; por isso é que, às vezes, sem nunca teres sabido, ia para a janela da cozinha seguir a tua trajectória através de candeeiros que parcamente te iluminavam. Um dia, mal sabia eu, apagariam mesmo. E para orientar o meu caminho? Só eu mesma.
Gostei muito deste texto! Está lindo. Tem uma musicalidade imensa e um sentimento ainda maior. Adorei.
ResponderEliminarInfelizmente, na vida, por vezes, estas situações acontecem. Se fores como eu ficarás a rever mentalmente dias e momentos. Até que um dia te desprendes na totalidade. Espero que esse dia chegue depressa :D (ou que já tenha chegado, não sei)
beijinhos
é mesmo, às vezes certos 'gestos' já estão tão mecanizados em nós, já somos tão parte integrante da vida um do outro que é difícil imaginar o contrário. resta reaprender a viver só com nós mesmos a iluminar o nosso caminho...
ResponderEliminarMiss R,
ResponderEliminarevitei durante muito tempo revê-las, tentei fechá-las como se isso pudesse acontecer. Agora, acho mesmo que isso não seria possível. Por outro lado, hoje já "gasto" memórias com outra tranquilidade. Se calhar, fiz as coisas mesmo da maneira que tinha de ser, mais do que como iria dizer que fiz, estar a "adiar" a tarefa :)
Que bonito :) e tão sincero...
ResponderEliminarMas quando temos de seguir o nosso caminho sozinhas, torna-se uma boa lição de vida.
Isto fez-me chorar por ter tanto a ver com o que sinto.
ResponderEliminarPalavra Já Perdida,
ResponderEliminarsim, é o momento de me reencontrar comigo própria. E a última vez que estive assim, sem ninguém, foi lá muito atrás na adolescência, portanto há muito que tenho para construir :)
Bad,
minha querida, mais do que fazer chorar quero que a ti também te dê forças para reconstruir!
Para além de custar imenso por amarmos a pessoa, também custa por termos que nos desprender de hábitos tão casuais, que tomámos como garantidos. Aquelas mensagens de bom dia, de boa noite, para informar de algo absolutamente banal (mas importante de partilhar), ou até mesmo apenas para dizer que se gosta muito da outra pessoa.. Ai, tanta coisa que se vai. E temos que aprender a gostar (ainda mais) de estarmos connosco mesmas. Mas passa.. Um dia passa :')
ResponderEliminari.,
ResponderEliminarvai passando, mesmo :) E há dias que já são tão tranquilos!
Abracinho e obrigada pelo carinho que sinto de ti, sempre!
Adorei este texto! Está realmente qualquer coisa!
ResponderEliminarEu sei que é difícil ver alguém partir e, de facto, esse é o momento em que percebemos que só podemos contar connosco e pouco mais! Como a Mafalda Veiga diz, há que 'guardar só o que é bom de guardar' e pensar que, apesar de tudo, valeu a pena, enquanto durou. E sim, é complicado deixar um pouco de nós de lado e da nossa rotina, pois certos gestos estavam já intrínsecos no nosso dia a dia. Bom, o importante é continuar em frente, pois o caminho é por aí, e, embora doa, vai passar. Porque para que uma ferida cicatrize, também chega a doer um pouco! (:
Beijinho e força*
Ju,
ResponderEliminaré sempre bom ler elogios! A Mafalda Veiga diz bem, mas quando "o tempo ainda dói" (distorcendo um bocadinho Mafalda Veiga) guardar só o que é bom de guardar é uma coisa que não se pode fazer de forma totalmente apaziguada! De resto, claro que valeu :) O teu final foi mesmo, mesmo fofinho :D
Fico triste quando percebo que era um amor tão bonito e acabou por terminar.
ResponderEliminarFica sempre um receio que nem sempre o amor chegue, percebes?
jo,
ResponderEliminareu que perdi acredito que chega, só ainda não chegou o meu amor.
Eu adoroooooooo sempre sempre sempre sempre os textos, a sério que começo a ser visita assídua aqui pela maneira como escreves!
ResponderEliminarBeijinhos*
Joana,
ResponderEliminarobrigada :) A inspiração não está cá todos os dias, até porque às vezes só dá para passagens rápidas, mas vai surgindo, portanto continua a vir cá!
Adorei o blog ! os textos, as músicas, a maneira de escrever... gostei bastante !
ResponderEliminarSomeone*,
ResponderEliminargostares disso é mesmo gostares praticamente de tudo :) Ainda bem, espero continuar a ver-te por cá!