E em época de regresso às aulas, regresso ao meu 1º dia no 5º ano.
Foi altura de me autonomizar. Seguiria sozinha a pé. A escola ficava a 10 minutos de casa e só tinha de atravessar a estrada uma ou duas vezes conforme o percurso que escolhesse. Uns dias antes, o percurso foi estudado de carro (o que nem seria preciso porque eu estava familiarizada com as ruas) e, no grande dia, lá segui eu orgulhosa e muito destemida com a minha mochilona às costas (sim, aquela era a verdadeira altura em que a mochila pesava mais que eu). Ao passar a varanda do meu apartamento lá encontrei eu a minha mãe, igualmente destemida mas de outro ponto de vista - apresentou-se na varanda em roupão a acenar-me indiferente a qualquer olhar de estranheza perante tal figurino. Ali tive a certeza que o facto de ela ter ido para a varanda foi a última tentativa que fez para se segurar e para não ir a correr atrás de mim. Soube ser mãe.
Cheguei e vim entusiasmadíssima de autocolante amarelo "5º E" pronto a colar em todos os armários. Tinha uma escola enorme. Várias disciplinas. Vários livros. Vários professores. Ia ser espectacular.
Uns meses volvidos já achava, e continuo a achar, que aquela - a escola do 5º e 6º ano - foi a pior escola de sempre. E não foi por ter sido o pior sítio por onde já passei. Foi por ter sido o sítio onde vi quebradas muitas ilusões. Lá foi o sítio onde descobri a escória. O sítio onde eu comecei a perceber que afinal nem toda a gente tem boas intenções e que nem todas as asneiras são acidentais. Há quem as faça, mesmo magoando os outros, consciente e intencionalmente. Há quem se divirta com isso. O bom? Ter sido capaz de perceber isto, mas continuar a querer fazer parte do núcleo que não faz mal porque sim. Faço mal, sim. Faço asneiras, sim. Mas na maior parte dos casos porque não tenho os olhos bem abertos...
Eu detestei a escola. Tive pouquíssimos professores que me tivessem marcado positivamente, a escola, embora melhor do que agora, angustiava-me. Só consegui ultrapassar isso no segundo ano de universidade. Mas posso garantir-te que ainda sou tão, mas tão ingénua que vou continuar a bater com a moleira nas paredes.
ResponderEliminarBem esses meus anos ocorreram quando a minha escola básica decidiu que ia deixar de ter 7,8 e 9's anos, portanto mudaram-me para uma escola que para além destes anos também tinha o 11 e 12 e foi que conheci essas pessoas, mais tarde na minha vida, mas também da pior maneira que posso imaginar, sei que não é a mesma coisa, mas acho que te percebo.
ResponderEliminarO ciclo também me trouxe muitas novidades da vida bastante desagradáveis :\
ResponderEliminarColour my life,
ResponderEliminarolha que eu acho que sou das tuas. Mas eu até gostava muito da escola. E tenho muitos professores que me marcaram positivamente. Aliás na minha tese figura um parágrafo "Aos professores da minha vida" em que alguns deles são elencados juntamente com o respectivo motivo pelo qual me marcaram...
D. Pereira,
eu a seguir estive numa escola do 7º ao 12º ano que foi A escola da minha vida. Mais anos de escolaridade mas funcionava tudo lindamente e conheci pessoas e professores fantásticos. Por outro lado da tal escola do 5º e 6º ano pouquíssimo me marcou.
FME,
já passou para as duas :D
eu gostei, mas infelizmente descobre-se cada coisa...
ResponderEliminarBrrrr
Ainda bem que isso tudo já passou!
Palavra Já Perdida,
ResponderEliminarjá passou e ainda dá para escrever umas coisas. Não é mau de todo :P
Eu adorava a escola, cada fase dela, a preparatória foi, como disseste, onde comecei a ver e conhecer a maldade propositada, a rebeldia só porque sim, a má educação e asneirada por dá cá aquela palha, mas também como tu, soube seguir outro caminho e dei-me sempre bem, melhor ainda no secundário, onde passei dos melhores anos da minha vida :)
ResponderEliminarHá sempre escória. Tal como há sempre gente interessante em qualquer grupo humano. A vida ensina-te isso se tiveres abertura para ver.
ResponderEliminarPulha Garcia,
ResponderEliminareu acho que descobri a gente interessante primeiro, sempre, em todo o lado. Ou melhor, tenho abertura para considerar à partida que todas as pessoas podem ser importantes.
Fecho até de mais os olhos à evidência de que certas pessoas são escória.
Não tenho más recordações da escola, sempre gostei muito. Adorei os meus anos de Secundário, de onde ainda são parte dos meus amigos (ah e o meu actual namorado ;)).
ResponderEliminarEntrei aqui por acaso (ou não!) e achei o texto muito interessante. Passei toda a vida na escola. Pode ser o melhor e o pior sítio. Mas é sempre um lugar onde se aprende muito (dentro e fora da sala de aulas).
ResponderEliminarAcho que não tenho uma recordação assim tão clara do meu primeiro dia no 5ºano. Sei que estava ansiosa por conhecer colegas novos porque na primária tinha os mesmos colegas desde o berçário.
ResponderEliminarTeresa,
ResponderEliminarconcordo, até porque já estive na escola em diferentes papéis. E a escola já foi para mim, sem dúvida, o melhor lugar do mundo. Aqui falo de uma experiência não tão boa, mas se falasse por exemplo dos meus anos de ensino secundário o texto estaria carregado de boas experiências.
jo,
é um exercício engraçado pensares nas memórias mais remotas que tens e tentares entender o porquê de as teres mantido cativas. Experimenta!