Já não escrevo hoje com a mesma fúria com que li este artigo, com uma ânsia insuperável de provar que tudo é mentira, que o amor para sempre, ao contrário do que escreveu a Margarida Rebelo Pinto numa das suas crónicas, existe para além da Julieta e Romeu e dos filmes. Apesar de ninguém, até hoje, me ter provado que dura para sempre. Vi muitas pessoas importantes ir embora quando não contava que fossem. Eu própria já fui embora e desiludi outras pessoas, eu sei. Mas só o facto de ter vivido estas perdas e continuar a acreditar quer dizer alguma coisa, penso.
Acredito no amor para sempre como algo que é mais do que simplesmente "aguentar", mas que também o é."As histórias de amor que duram são aquelas em que ambas as partes têm suficiente resistência e espírito de missão para aguentar."Aguentar que ele naquela semana não esteja tão atento e carinhoso porque sei que na próxima vai estar; aguentar que quando estou doente fique absolutamente insuportável e a achar que não há ninguém na terra que sofra tanto como eu; aguentar a sensação de não me sentir todos os dias profundamente apaixonada. Por algum motivo tenho um título rascunhado a dizer "Mais do que as qualidades contam os defeitos". Em tudo há frustrações, há desilusões, há coisas que correm menos bem, mas se o que corre melhor for mais forte e especialmente se a vontade das duas pessoas ficarem juntas for mais forte, não se trata do aguentar dramático de que a Margarida falava, trata-se de relevar. E, como ela tão bem acaba por escrever "Do encantamento à decepção há um terceiro caminho que nem todos conseguem percepcionar, o caminho da aceitação.". Claro que há coisas que não se conseguem aceitar porque o outro nunca muda ou como a MRP escreveu só muda com a mulher seguinte. Certamente eu própria hei-de mudar com o homem seguinte. Corrigir erros que só quando a última relação acabou percebi que eram erros. E claro que uma relação dá muito trabalho e acho que é esse o problema. Não temos tolerância nenhuma à frustração porque crescemos na abundância, na satisfação de vontades e caprichos. A sociedade que conheço, mesmo em tempos de crise, é hedonista, é pelo prazer imediato - queremos e temos o que nos sabe bem; quando cansa, quando farta é passar para o próximo.
Não significa que as relações não acabem, que algumas acabam e pronto sem que tenha acabado o mundo, mas eu cá acredito que lá por não ter dado certo uma vez mesmo sabendo eu isto tudo, haverá certamente mais e que não tem que terminar tudo num "amor cansado, moribundo, desfeito, esmagado".
Acredito na minha capacidade para aguentar, para cuidar, para ficar, para gostar, para sentir, para acolher, para ser fiel, para querer ser cada dia mais e sei que uma frase destas I'm just a girl standing in front of a boy asking him to love her não acontece só nos filmes. Dizia a Margarida que no filme ele correu atrás dela e que na vida real ele teria encolhido os ombros e seguido para a miúda seguinte. Tudo bem. Eu já tive quem corresse atrás e quem depois me encolhesse os ombros, portanto quando na vida real se vai para a miúda seguinte essa até pode ser a certa. E com a certa talvez se volte a correr...
pois eu continuo a acreditar nos amores que duram uma vida. E que esse aguentar é tal como descreves um aguentar paciente e compreensivo e não algo que nos deixe frustrados ou que ponha o outro em dívida para connosco.
ResponderEliminarUma relação dá muito trabalho, sim, mas quando ambos estão dispostos a arregaçar mangas e correr juntos, nenhum tem vontade de encolher os ombros e correr atrás de outra pessoa.
Ó minha querida M,
ResponderEliminaré tão bom ler como percebes tão bem o que é uma relação. Estás crescida :) E é bom ver que o casalinho continua a crescer muito bem junto.
Ora nem mais! Eu continuo a acreditar no amor, mesmo que tenha saído desiludida com o meu primeiro amor. Aliás, não, não saí desiludida. Porquê? Primeiro, não saí. Ainda não terminou. Da minha parte, há amor, há paciência e há vontade. Da dele, não sei, mas estou a tentar descobrir. Amor ainda há, pelo menos. Segundo, não foi uma desilusão. Pode ter tido partes más, mas... E depois? E aqueles momentos em que me senti completa e feliz? (:
ResponderEliminar"Dizia a Margarida que no filme ele correu atrás dela e que na vida real ele teria encolhido os ombros e seguido para a miúda seguinte. Tudo bem. Eu já tive quem corresse atrás e quem depois me encolhesse os ombros, portanto quando na vida real se vai para a miúda seguinte essa até pode ser a certa. E com a certa talvez se volte a correr..."
ResponderEliminarNão podia concordar mais! :)
Eu acredito que o amor pode durar para sempre se as pessoas fizerem por isso ;)
ResponderEliminarAcho que tens toda a razão. O amor dá trabalho. Ou são as relações que dão trabalho. E muitas vezes, porque não estamos habituados - lá está -, não estamos para ter trabalho. Queremos desde que seja fácil. E não é de esperar que a vida em si seja fácil, portanto também um amor para a vida não o pode ser. E isto não é mau, não é uma visão pessimista. É assim. Mas quando os dois têm vontade, quando há um esforço e um investimento de ambas as partes... então é maravilhoso!
ResponderEliminarAmor não dá trabalho. Uma relação que se queira manter é que dá!
ResponderEliminarE o amor é para sempre desde que as duas pessoas se amem. Se uma tem dúvidas não vale a pena lutar, nem tem lógica!
miii,
ResponderEliminarpromete-me só que em primeiro lugar acreditas em ti, sempre, está bem? E lembra-te que quando um não quer dois não dançam. Não deixes de lutar se sabes bem o que queres, mas no momento em que te perderes a ti própria para a outra pessoa passar a ser o centro, agita lá a gravidade da coisa que qualquer coisa não está a correr bem.
Sofia Duarte,
ResponderEliminarse não podias concordar mais é porque és pessoa dotada de muita razão :D
Jovem,
quero muito acreditar que ainda há por aí muita gente disposta a isso...
Jo,
é isso mesmo sublinhar que não é uma visão pessimista. O facto de ser difícil, e talvez mais do que difícil também desafiante depois torna tudo mais saboroso!
Bid,
não sei se percebi muito bem a tua perspectiva. O amor é um produto instantâneo e uma relação é que não?
O amor é um produto natural, que existe ou não. Pode não ser instantâneo, mas se for verdadeiro é pra durar! Uma relação é fruto de trabalho, de negociações e de marketing de duas pessoas. Por muito que se queira não chega ao amor.
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