segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Caçador de sois

De um momento para o outro, enquanto falava, sinto um braço a puxar-me o pescoço de tal forma que quase aterrava de cabeça directamente da cadeira para o chão. Mas não, ele não me queria magoar nem pôr em risco a minha vida. A seguir a isto, de mão ainda no meu pescoço, e com uns olhos azuis cristalinos a fitar profundamente os meus, proclama numa urgência:

"Ti ámo... Sabes, o que vou fazer? Vou fugir daqui e tu vais casar comigo!"

O que foi diferente desta vez? Por muito que eu falasse, nada a criatura ouvia e dele não fugia um sorriso imenso que carregava provavelmente a certeza de quem mais do que eu, mais do que as minhas leis e conselhos, será sempre o que quiser. E, tenho a certeza, ali no mundo dele, eu não escapo, estou casada. O mundo dele não tem limites e começa e acaba onde, mais do que a vista, os sonhos alcançam e se ele quiser bem que vou pelo céu às cavalitas.



Pelo céu ás cavalitas,
escondi nos teus caracóis,

a estrela mais bonita, que eu ja vi

eu cresci com um encanto,
de ser caçador de sois,
eu ja corri tanto, tanto para ti

fui um príncipe encantado
montado nos teus joelhos,
um eterno enamorado, a valer

lancelot de algibeira,
mas segui os teus conselhos
para voltar à tua beira
e ser o que eu quiser

os teus olhos foram esperança
os meus olhos girassóis
fomos onde a vista alcança da nossa janela

já deixei de ser criança e tu dormes à lareira
ainda sinto a minha estrela nos teus caracóis

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