quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

O meu momento à filme

Toda a gente espera viver o seu momento à filme. Aquele onde embora não existam câmaras faria todo o sentido se existissem porque tal cena seria digna de holofotes, de um lugar confortável, de um grande ecrã e de som em estereofonia. Construímos inclusive por diversas vezes na nossa mente maravilhosos argumentos que podiam dar origem ao tal momento. 

Eu hoje nem do argumento precisei e vivi o meu momento à filme. Estava eu, chegada a casa, na escuridão da já noite, apetrechada em frente à porta exterior com a mochila, a merendeira, um par de botas numa mão - que isto de não conduzir de salto alto exige algumas diligências especiais - as chaves de casa noutra e a minha figura ligeiramente pendida para baixo a fim de ver o raio da fechadura que com a iluminação cá da zona é praticamente invisível quando começo a ouvir o som tamborilante  de um carro que vinha pela estrada que abeira a minha casa provavelmente com uma velocidade excessiva ao recomendado dadas as condições ambientais e do piso. Tem chovido que dói. A estrada é literalmente terra e pedras devido a obras recentes. O que se segue? O individuo parou bruscamente, embateu contra o meu muro e eu fui socorrê-lo com respiração boca a boca? Não. O momento que protagonizei provavelmente seria melhor até se fosse digno de um drama ou de um filme de acção, mas não, foi mesmo digno de uma comédia rasca. O indivíduo, e porque a estrada além de pedras e lama tem verdadeiras crateras com água lá dentro, através da arma bélica que é o seu veículo, deu-me literalmente um banho - encheu-me o cabelo, o casaco, as calças e os pés de água  Água fina e castanha, trabalhada pela terra e detritos de restantes veículos e pessoas. Acho que o indivíduo poderá ter percebido e seguiu viagem aconchegado de uma bela gargalhada. A melhor perspectiva que tenho é deste se tornar efectivamente um momento à filme mais digno quando acordar amanhã: quiçá os meus cabelos estarão brilhantes e os pedacinhos da minha pele que tiveram a sorte de contactar com tal elixir mais radiosos.

28 comentários:

  1. Toma uma aspirina, por via da dúvida.

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  2. É nessas alturas que tinha piada andar com granadas no bolso...falando sério, grande azar! :(

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    1. Foi engraçado. No momento nada engraçado. Mas nunca tinha passado por tal experiência e até estou bem dispostinha hoje.

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  3. Eu já à uns anos aconteceu-me o mesmo. A partir daí sempre que vejo um charco de água fujo a 7 pés. :)

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    1. Neste caso a minha rua está num estado tal que não tenho hipótese de fuga :P

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  4. Possa que falta de sorte! O pessoal não tem cuidado nenhum a conduzir possa!

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    1. A começar pelo perigo que eu própria ainda represento :)

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  5. Acho que era merecido que ele batesse contra um muro. Não de tua casa, que ainda te causava transtorno...

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    1. Ahahahah, mas pronto, também não é necessária tanta agressividade!

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  6. Pobre de ti, imagino a tua figurinha.

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  7. Espero que tenhas tomado um banho bem quente!!

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  8. Eu nunca percebi os condutores que dão autênticos banhos aos peões. E neste caso até estavas já em casa! Não custa nada andar mais devagar quando se sabe que há imensas poças de água e pessoas na rua, aliás, é mesmo o que se deve fazer. Já levei muitos banhos, felizmente nunca como esse, e fico sempre com uma enorme vontade de matar essas pessoas!

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    1. No caso como era escuro e como acredito que exista quem desconheça as obras que existem nesta estrado até consigo desculpar o senhor considerando que se tratou de desconhecimento e descuido. Ai, sou uma criatura tão da paz às vezes :D

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  9. Xiiiii, isso parecia mesmo uma cena de filme! Há uns anos aconteceu-me quase isso. A diferença é que tinha o chapéu de chuva e tive os reflexos suficientemente rápidos para o pôr de lado e proteger pelo menos a cabeça e parte do tronco. O resto ficou tudo molhado. Chamei tantos nomes ao condutor!!!!

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    1. Eu não sou nada agressiva. A julgar por esse relato sou um anjo, mas se ele me tivesse acertado de frente talvez a história fosse diferente.

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  10. Free spa?! Anyone? Mais a sério, tem tanto de engraçado como de chato. É coisa para se insultar alguém.

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    1. Lololol, foi mesmo por aí que tentei abordar a questão de uma forma que parecesse mais simpático. E eu não proferi muitos insultos porque felizmente estava bem acomodada de camadasde roupa e a brincadeira não me gelou.

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  11. Agora está-me a apetecer ser provocador...esse argumento é meio fraquinho. Proponho-te um road movie, que me dizes? Apanho-te nessa mesma porta, podes ficar com as botas na mão à mesma, metes umas guloseimas nessa mochila e partimos estrada fora. Sem destino, apenas com a estrelas e a brisa a guiar-nos na noite. Nada de engates. Apenas quero absorver as tuas palavras, saber o teu timbre de voz e sentir as cambiantes do teu perfume. Quilómetros e boa conversa. Entras neste filme?

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    1. Se não tivesses esclarecido com um "Nada de engates" ia jurar que a minha caixa de comentários se tinha transformado subitamente numa hot line.

      O teu enredo é bem mais interessante sim e facilmente estrelava num filme assim. Substituo um pormenor: não ligo nenhuma a guloseimas. Trocava por outras coisas que mantimentos que se presem são necessários para uma viagem longa.

      Agora confessa lá, foste tu que me molhaste ontem e este é o discurso de arrependido ;)

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  12. Impossível. Conduzir será das coisas que ainda faço bem na vida. Pronto, é oficial. Fiz-te um convite... ;)

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