quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Instrução de vida #3 (444)

444. Never underestimate the power of a kind word or deed.

Há cadeiras/disciplinas que temos cujo sentido às vezes custa a decifrar, para que raio estamos a falar disto? Logo no 1º ano da faculdade tive uma cadeira na qual passei quase um ano inteiro a falar de macacos, ou do macacó-homem. Enfim, evolução. Foi das cadeiras que mais gostei de sempre. Talvez porque passei a entender algumas das nossas necessidades básicas da forma mais básica que há - antes de as complicar com a imensa amálgama que o ser humano hoje é. Discutíamos vários assuntos: porque é que começamos a comunicar, porque é que começamos a andar em grupos, porque é que começamos a ter uma só mulher (ou homem) em vez de várias. 

Mas pronto, após esta divagação inicial resta articular com esta lição de vida: houve lá uma coisa que arquivei para sempre ali. Certa aula o professor perguntou se nunca tínhamos notado que os macacos estão sempre a coçar-se uns aos outros. Depois explicou que é a sua forma de comunicar e proporcionar prazer uns aos outros (sem ser esse prazer mais básico!). À medida que o ser humano se tornou educado e começou a parecer não só pouco delicado como pouco produtivo andar por aí a coçar-nos (ou massajar-nos numa versão polida da coisa) tendo em conta os novos investimentos que existiam para abraçar e que não permitiam que uma pessoa andasse constantemente na coceira, criou-se a necessidade de um substituto passou a existir a linguagem: a linguagem que, por via da palavra, também massaja. 

Com a palavra consegue-se muito. E só não digo consegue-se tudo porque talvez seja exagerado. Mas é aquilo que dizemos a nós próprios sobre nós e sobre o que se passa à nossa volta (o nosso discurso interno) que determina em grande parte como nos sentimos. E também precisamos de ser generosos connosco próprios. Quando às vezes me perguntam como é que a consulta psicológica resulta se "é só falar" eu explico isto e que a consulta psicológica não resolve tudo, evidentemente. É, pois, a falar que hoje em dia nos coçamos uns aos outros, por exemplo, escalamos socialmente, conquistamos o lugar que queríamos  provamos o nosso valor. Mas falando de coisas mais doces, é claro que uma palavra gentil às vezes tem um impacto poderosíssimo e que não deve ser subestimado, por exemplo, para salvar o dia a alguém dizendo simplesmente algo que achamos que uma pessoa sabe, mas que é completamente diferente ouvir. É com as palavras que conquistamos as massas e mesmo para agir (o que importa não são palavras mas ações!), se pensarmos, na maior parte das situações usamos a palavra.

7 comentários:

  1. Depois de escrever este comentário vou aderir a este site por causa deste post. Olá Mary Jane!

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    1. Eh lá que houve uma alma que foi capaz de ler este desfiladeiro aparentemente interminável de letras :)

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    2. Que estúpido, deixei o comentário e esqueci-me de aderir. Agora é que é, publico este e depois adiro. (As desfiladas de letras leram-se muito bem.)

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  2. Cadeira em que falas de macacos na faculdade? De nestum não deste matéria? É importante... :)

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  3. pois, eu lembro-me dessa cadeira :) ICS rules :)

    Eu sou uma pessoa de gestos, mas sou também de palavras. Acho que nunca é demais dizer aos outros o que sentimos, o que apreciamos nelas,... às vezes basta uma palavrinha para mudar o estado de espírito (para o bem e para o mal, claro).

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    1. É exactamente essa :P Olha como tu fisgaste bem do que é que eu estava a falar.

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