Mais uma vez do baú de 2005
Sôfrega, corro para o ponto de encontro habitual. Caminhar de madrugada, ainda ensonada, faz-me sentir os pés recuar, mas a minha alma avança, cega,
surda, inocente, esquecendo a dor física e inventando algo transcendente para me dar força…
O coração não me
bate no peito, bate na garganta, rebenta descaradamente...
Quero-te assim… Só para mim…
Pelo caminho queimo as últimas histórias tristes, retomo as pegadas
apagadas, e lembro-me que ainda existes. A poeira da estrada faz-me cega…
Cega à sorte que nos quer condenar à morte. As cores que distingo vão-se transformando em sombras, sombras que mesmo
assim ficam comigo para sempre, e marcam quem sou e quem és. Desenham os
contornos do que sonhei para nós, tão depressa como os destroem, e o vento
leva-os como restos do nada que nos derrubou e do tudo que ainda se sente em
nós.
Quero-te assim. Só para mim.
Paro por momentos, e sinto a respiração
profunda que só tu conheces, pausada mas ao mesmo tempo com uma pontinha de
angústia e aí, enfrentando toda a dor e falta de clareza daquela estrada, sei a
razão pela qual caminho e sempre caminhei na nossa direcção: o amanhecer pinta radioso o céu, e queima a minha pele. A luz do dia ostenta todo o sentimento que não me
deixa parar, o segredo dos que correm, sem nunca se cansar. Na verdade, o amanhecer é o rebuçado que me vais dar quando virar esta esquina e o sorriso com que me vais brindar ao dizer bom-dia. O amanhecer passa a anunciar um resto de dia delicioso…O resto do dia vai passar lentamente, com a mesma calma com que desembrulho o rebuçado, com o mesmo prazer que sinto quando o saboreio assim, ao pé de ti.
Mary Jane, uma delícia este texto e este amanhecer!
ResponderEliminarMenina da Reef
(Sexynacidade.blogspot.com)
Amanhecer a troco de um dia de trabalho
ResponderEliminarkis :=)
Estes teus textos são lindos! Escreves de uma forma muito agradável!
ResponderEliminarParabéns pelo texto e continua a escrever!
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