A sensualidade...

Explicar o que era para mim uma mulher sensual foi a questão que a S* e a Denise me propuseram há uns tempos.

Para mim a sensualidade faz-se em relação e constrói-se a partir daquilo que cada um é ou tem de melhor. Assim, naturalmente sabermos o que faz de nós alguém sensual passa também pelo auto-conhecimento. E não. Não acredito que um cinto de ligas compre (ou empreste) sensualidade. A sensualidade é misteriosa e inesperada. A sensualidade revela-se aos poucos e não apressadamente. A sensualidade é personalizada. Isto porque, para mim, ser sensual é diferente de ser sexy. Associo ser sensual a algo mais trabalhado e ser/estar sexy a um resultado pronto, mais relacionado com o aspecto físico, e que pode ser apreciado à vista sobretudo. Quanto à sensualidade, insisto que para mim não é vulgar, é singular. Não vale a pena imitar a Irina Shayk no anúncio da Intimissimi ou vestir como as angels da Victoria Secret's se nada tem a ver connosco. Não é preciso. Forçado fica mal... Além disso vejo a sensualidade em pequenas coisas. Nas pequenas coisas aparentemente inofensivas, mas que despertam os sentidos e aceleram a imaginação... Um olhar de brincadeira. Um toque casual, aparentemente (só aparentemente), ao acaso. O resto, imaginem vocês!

E porque a sensualidade não se faz só de corpo, deixo Eugénio de Andrade:

Respiro o teu corpo:
sabe a lua-de-água
ao amanhecer,
sabe a cal molhada,
sabe a luz mordida,
sabe a brisa nua,
ao sangue dos rios,
sabe a rosa louca,
ao cair da noite
sabe a pedra amarga,
sabe à minha boca.