quarta-feira, 21 de março de 2012

Esta coisa dos preferidos...

Não tenho livro preferido, tal como não tenho música preferida, nem filme preferido. Não tenho um que diga, É AQUELE. Falta de identidade? Não, construção da mesma.  Para mim, todas estas coisas representam pontos de paragem na viagem. Marcam etapas, momentos da  vida... O facto de não ter preferidos absolutos talvez se resuma à questão de eu procurar sempre uma identificação emocional em tudo e das emoções e experiências de vida oscilarem, fazendo com que os meus gostos também oscilem. Assim, agarram-me os livros que mais me dizem num determinado momento, por um motivo ou por outro - e eu sei, que pode haver momentos certos e errados para ler um livro, momentos em que lhe vamos dar todo o sentido e significado, momentos em que não vamos dar nenhum. Li duas vezes o Principezinho, em idades radicalmente diferentes, e que diferença! Neste momento sei qual é a minha música preferida, precisamente porque entre livro, música e filme, a música é a mais fácil de ajustar ao estado emocional.

Com esta reflexão descobri que posso ter traços teimosos - coisas que eu digo que sou e serei para sempre - mas não tenho gostos teimosos - e afinal isso não é já admitir que não há coisas que sou e serei para sempre? E que afinal mudo? Às vezes fujo desta palavra. Prefiro dizer que amadureço, porque mudança associo a rompimento da identidade e a questão de ser sempre fiel a mim mesma é das que me é mais cara. Mas, agora percebo, mudar não significa deixar de ser fiel a mim mesma. Ser fiel a mim mesma não é parar no tempo - é ser de acordo com o que estou a viver.


P.S. --» E em dia de poesia, nada melhor que viver rodeados de poetas, capazes de surpreender a qualquer momento.

10 comentários:

  1. eu quando me perguntam assim coisas tão exactas eu dou a resposta do que mais gostei até aquele momento ou a que mais estou a gostar durante aquela altura... mas um mês depois pode já não ser esta resposta.

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  2. "Ser fiel a mim mesma não é parar no tempo - é ser de acordo com o que estou a viver." :)

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  3. Entendo muito bem este teu texto. Também não consigo escolher os meus preferidos. É tudo tão relativo em termos de tempo e contexto!

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  4. também me é sempre muito difícil dizer quais as minhas coisas preferidas. são tantas :)

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  5. Concordo contigo, sou igual. Nem a música tenho uma intemporal. Acabo por lembrá-las(os) porque associo a determinados momentos mas não consigo eleger a/o preferida(o) de sempre.

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  6. Por isso é que tenho vários preferidos em diferentes áreas e, assim como na vida, com o tempo vão mudando! :)

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  7. Mary Jane, às vezes fazes com cada reflexão. Só podias ser psicóloga para entender determinadas coisas tão bem. :)

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  8. Mary Jane, revi-me tanto nas tuas palavras. eu e muita gente, de todo.. mas acho que disseste coisas que eu não conseguiria libertar. porque a escrita nem sempre consegue arrancar tudo cá de dentro.. e a última frase é tão verdadeira e perfeita! :)

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  9. eu tenho vários filmes preferidos e várias músicas preferidas. Não sou capaz de escolher um/a só. Há tantas coisas com que me identifico, pra quê escolher só uma?

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  10. Concordo perfeitamente, num dia tenho um livro e música preferidos, noutro dia tenho outros... Sempre que me fazem essa pergunta eu fico um bocado à toa, por não ter AQUELE que respondo logo imediatamente, mas pelos vistos não é algo mau...

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