Deambulando por entre as minhas teorias sobre o amor uma das conclusões que tenho tirado é que há mais três ingredientes fundamentais na misteriosa equação do amor e da vida a dois. Tempo, paciência e coragem. Tempo e paciência são precisos para construir o amor que não nasce feito. O amor que existe para lá do ritmo dos impulsos biológicos. Por isso quando dizem "Ai, já não é o que era", a única coisa que eu sei é que certamente não é, porque é muito mais, para o bem ou para o mal, as coisas evoluem, crescem, mudam... Ninguém conhece outro alguém num mês. Ninguém se molda de uma forma que parte de si parece estar alojada noutro alguém em meio ano. E tudo isto são contas relativas... O que eu sei é que é preciso muita convivência - com todas as ilusões e desilusões - para que as pessoas sejam cada vez mais uma com a outra no dia a dia, em sonhos e projectos, em pequenas decisões (ir ao cinema ou ao teatro?). Essa é que é essa.
Eu cá sei que estou numa fase da minha vida particularmente instável - às vezes tenho pouco tempo e paciência. Às vezes dou por mim a querer amor ao estilo fast food: um amor já feito, sem decisões, sem discussões, sem complicações, sem obstáculos. Um amor que me dissesse num inglês trágico e fatalista, there you have it. Como quem diz, o que sempre sonhaste é possível. Ou, there you have it, é possível ultrapassar o que já tiveste! Quase como se só o que for melhor, assim logo à partida, valesse a pena e fosse a confirmação de que o amor existe. E o pior é que avalio este melhor nos termos de uma matemática ilógica que nunca há-de dar conta certa: quase como se achasse que serão precisos os 7 anos que já tive para chegar onde estava. É preciso tempo para deixar de encarar o amor como uma competição. É preciso tempo para deixar de querer prestar contas com o passado e enfrentar um amor a limpo, como deve ser.
E isto tudo lembra-me que é preciso também um bocadinho de coragem para amar depois do amor. Para achar que aquele que considerávamos o amor de uma vida era só um amor na vida. É preciso coragem para assumir que mesmo que a morte faça eventualmente parte do trajecto de um caminho que se via eterno, continua a valer a pena enfrentar o risco de morrer todos os dias, de perder parte de nós no outro, de dar corpo e alma e sabe-se lá mais o quê, mesmo que um dia esse corpo e alma fiquem desalojados. Afinal, não é por saber que um dia também eu irei acabar, que não me apetece viver. É preciso coragem para dizer ao coração que ele não falhou e que não foi abandonado... É preciso coragem para dizer ao coração que não faz mal tentar mais que uma vez e que não, para saber que está certo, também não tem de vir tudo de uma vez.
Há coisas que precisam de ser escritas (e talvez lidas) para fazerem o sentido certo.
ResponderEliminarMuito bom!
Não me sinto em condições de dizer 'é isso mesmo'. Quer dizer, eu acho que é isso mesmo, acho que estás certíssima, mas do dizer ao passar pelas situações vai uma distância e portanto não me sinto à vontade para comentar as tuas palavras. Por outro lado, a imagem que deixaste fala muito comigo. E com essa eu digo, sem problemas, sem achar que estou a falar do que não sei... 'é isso mesmo!!'.
ResponderEliminaré, um amor leva tempo a ser construído. por isso sempre fui muito cética em relação ao amor à primeira vista. no entanto, não é por ter de se 'começar de novo' que há-de ser pior, pelo contrário, tens oportunidade de construir um novo amor com os ensinamentos que já trazes de experiências anteriores... coragem!
ResponderEliminarnão podia concordar mais com essa imagem, acho que isso é mesmo das coisas mais basicas numa relaçao, nao desistir e nao baixar os braços á primeira discussao.*
ResponderEliminarFantástico!
ResponderEliminarÉ que dissest mesmo tudo..Vou "roubar" a imagem xD
ResponderEliminarrealmente tempo e paciência são um factor muito importante. nada se constrói em meia dúzia de momentos e também precisamos de saber dar tempo ao tempo para as coisas evoluírem, bem como é preciso investir tempo pra estar com a pessoa. Já a coragem, bem, haverá maior acto de coragem do que nos entregarmos por completo a alguém, independentemente do que possa trazer o futuro?
ResponderEliminareu estou como a Ju, não posso falar muito porque nunca passei por essa situação e, a bem dizer, sou uma miúda ainda. Mas quando se tem um alguém como eu tenho, estas coisas fazem parte dos pensamentos que se tem de vez em quando à noite :)
não era a Ju, era a Jo :) sorry
ResponderEliminarLindo post e muito bem escrito. Gostei muito da frase final...
ResponderEliminarBeijinhos grandes.
Adorei o post. A mim, falta-me a coragem de que tão bem falaste! *
ResponderEliminarAcho que disseste tudo o que estava a precisar de ouvir...
ResponderEliminarInfelizmente, finais felizes rápidos só mesmo no cinema onde os filmes duram 2h, na vida real é preciso toneladas de paciência para se conseguir um bom resultado...*
ResponderEliminarAdorei o que escreveste, em especial o último parágrafo!
ResponderEliminarE estou plenamente de acordo contigo! :)