domingo, 13 de maio de 2012

Amor e três ingredientes: tempo, paciência e coragem

Deambulando por entre as minhas teorias sobre o amor uma das conclusões que tenho tirado é que há mais três ingredientes fundamentais na misteriosa equação do amor e da vida a dois. Tempo, paciência e coragem. Tempo e paciência são precisos para construir o amor que não nasce feito. O amor que existe para lá do ritmo dos impulsos biológicos. Por isso quando dizem "Ai, já não é o que era", a única coisa que eu sei é que certamente não é, porque é muito mais, para o bem ou para o mal, as coisas evoluem, crescem, mudam... Ninguém conhece outro alguém num mês. Ninguém se molda de uma forma que parte de si parece estar alojada noutro alguém em meio ano. E tudo isto são contas relativas... O que eu sei é que é preciso muita convivência - com todas as ilusões e desilusões - para que as pessoas sejam cada vez mais uma com a outra no dia a dia, em sonhos e projectos, em pequenas decisões (ir ao cinema ou ao teatro?). Essa é que é essa.

Eu cá sei que estou numa fase da minha vida particularmente instável - às vezes tenho pouco tempo e paciência. Às vezes dou por mim a querer amor ao estilo fast food: um amor já feito, sem decisões, sem discussões, sem complicações, sem obstáculos. Um amor que me dissesse num inglês trágico e fatalista, there you have it. Como quem diz, o que sempre sonhaste é possível. Ou, there you have it, é possível ultrapassar o que já tiveste! Quase como se só o que for melhor, assim logo à partida,  valesse a pena e fosse a confirmação de que o amor existe. E o pior é que avalio este melhor nos termos de uma matemática ilógica que nunca há-de dar conta certa: quase como se achasse que serão precisos os 7 anos que já tive para chegar onde estava.  É preciso tempo para deixar de encarar o amor como uma competição. É preciso tempo para deixar de querer prestar contas com o passado e enfrentar um amor a limpo, como deve ser.

E isto tudo lembra-me que é preciso também um bocadinho de coragem para amar depois do amor. Para achar que aquele que considerávamos o amor de uma vida era só um amor na vida. É preciso coragem para assumir que mesmo que a morte faça eventualmente parte do trajecto de um caminho que se via eterno, continua a valer a pena enfrentar o risco de morrer todos os dias, de perder parte de nós no outro, de dar corpo e alma e sabe-se lá mais o quê, mesmo que um dia esse corpo e alma fiquem desalojados. Afinal, não é por saber que um dia também eu irei acabar, que não me apetece viver. É preciso coragem para dizer ao coração que ele não falhou e que não foi abandonado... É preciso coragem para dizer ao coração que não faz mal tentar mais que uma vez e que não, para saber que está certo, também não tem de vir tudo de uma vez.


13 comentários:

  1. Há coisas que precisam de ser escritas (e talvez lidas) para fazerem o sentido certo.
    Muito bom!

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  2. Não me sinto em condições de dizer 'é isso mesmo'. Quer dizer, eu acho que é isso mesmo, acho que estás certíssima, mas do dizer ao passar pelas situações vai uma distância e portanto não me sinto à vontade para comentar as tuas palavras. Por outro lado, a imagem que deixaste fala muito comigo. E com essa eu digo, sem problemas, sem achar que estou a falar do que não sei... 'é isso mesmo!!'.

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  3. é, um amor leva tempo a ser construído. por isso sempre fui muito cética em relação ao amor à primeira vista. no entanto, não é por ter de se 'começar de novo' que há-de ser pior, pelo contrário, tens oportunidade de construir um novo amor com os ensinamentos que já trazes de experiências anteriores... coragem!

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  4. não podia concordar mais com essa imagem, acho que isso é mesmo das coisas mais basicas numa relaçao, nao desistir e nao baixar os braços á primeira discussao.*

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  5. É que dissest mesmo tudo..Vou "roubar" a imagem xD

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  6. realmente tempo e paciência são um factor muito importante. nada se constrói em meia dúzia de momentos e também precisamos de saber dar tempo ao tempo para as coisas evoluírem, bem como é preciso investir tempo pra estar com a pessoa. Já a coragem, bem, haverá maior acto de coragem do que nos entregarmos por completo a alguém, independentemente do que possa trazer o futuro?

    eu estou como a Ju, não posso falar muito porque nunca passei por essa situação e, a bem dizer, sou uma miúda ainda. Mas quando se tem um alguém como eu tenho, estas coisas fazem parte dos pensamentos que se tem de vez em quando à noite :)

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  7. não era a Ju, era a Jo :) sorry

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  8. Lindo post e muito bem escrito. Gostei muito da frase final...
    Beijinhos grandes.

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  9. Adorei o post. A mim, falta-me a coragem de que tão bem falaste! *

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  10. Acho que disseste tudo o que estava a precisar de ouvir...

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  11. Infelizmente, finais felizes rápidos só mesmo no cinema onde os filmes duram 2h, na vida real é preciso toneladas de paciência para se conseguir um bom resultado...*

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  12. Adorei o que escreveste, em especial o último parágrafo!
    E estou plenamente de acordo contigo! :)

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