domingo, 12 de agosto de 2012

Hei-de ser sempre... (ou lamechice pegada)

Às vezes sou tão lamechas que até a mim me enjoa. A melhor parte é que quem me vê por aí, à distância, não me adivinha a lamechice (às vezes nem à próximidade). A pior parte é que hei-de ser sempre a pessoa que detesta perder. Perder a jogar nem me incomoda tanto... Até porque, como diria o meu bisavô, só jogo a feijões e não perco nada realmente... Mas perder pessoas é arrancar-me a pele. Trago as minhas pessoas a palpitar, a apertar a minha pele, emaranhadas no pensamento. Hei-de ser sempre a pessoa que é com o outro. E em tão pouco tempo sei que te fui. Por isso te chamo minha pessoa sem endereçar autorizações. A perspectiva de ficar pouco mais do que o fumo invisível de um cigarro apagado mói-me. Macambúzia, dizem, e perguntam porquê.

Não sou imune. Às vezes gostava de ser. Pegar nas pessoas, arrancá-las de mim como quem arranca uma folha escrita de um caderno A4, amarrotá-la e atirar para trás das costas. Muita informação, mas pouca confusão...
Tenho tendência para deixar - quem merece vá, quem merece - escrever a tinta permanente, difícil de apagar. E contigo já não dá de outra forma. Disseste que não vais morrer. Mas a grande questão é que eu não quero mais sonhos sem cor. Nem quem, por muito que queira e ensaie as cores todas, não tem meio de os colorir. Há coisas que não se fazem só com boa vontade e que não são porque se quer, mas talvez porque tem ou não tem de ser. Pensando bem, neste caso nem sei bem se é, mas mais do que saber se é ou não é, sei que pode ser... E isto deixa tantas palavras sem voz... Vou ter que voltar a desfazer o que me imaginei a não conseguir mais ser.

Agarro-te a mão que é - porque tem de ser - do tamanho que eu quiser. Aperto-te a mão que significa - porque eu quero que assim seja - dizer que gosto de ti. Enquanto isso penso baixinho, porque dizem que grandes desejos se pedem baixinho e não se contam a ninguém, em tudo o que ainda é, para mim, um caminho sem fim à vista. Para ti vejo um fim à vista e é isso que me deixa melacancólica e macambúzia, nem sei bem se é bem triste. Acredito que mereces estar com alguém que pense, por entre refeições básicas, o que é que tu estás a comer ou a beber, que pense onde é que estás e se estás bem, que pense se estás a brincar aos heróis de desenhos animados, que te faça sentir livre e preso ao mesmo tempo, que te respeite, que perca a noção das horas contigo, que ceda por ti e que se exceda por ti, que aprenda contigo, que largue uma grande gargalhada contigo, que perca os nortes ao coração e trace novos rumos à vida por ti. Por isso, e como sei que não fazes escolhas em vão, lá no fundo (que não sei bem onde é), estou feliz por ti. E, dê por onde der, monstruosamente orgulhosa por me ter cruzado com alguém como tu.

7 comentários:

  1. Que texto mais lindo! :o Adorei, cada palavra é sentida. Incrível, os teus textos não se lêem. Sentem-se e vivem-se. Muitos parabéns!
    Beijinho
    Btw, obrigada pelo comentário*

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  2. bonitas palavras... esse sentimento de 'deixar partir' é tão difícil...

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  3. Mary Jane, se soubesses o quanto gosto de te ler, rapariga.. :')

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  4. Ju,
    obrigada, ainda bem que é assim que o sentes porque foi assim mesmo assim que o escrevi.

    Hermione,
    há pessoas que não queremos deixar partir porque acabam por trazer algo único e insubstituível à nossa vida!

    amiga da onça,
    :) sendo assim vou gostar que voltes!

    i.,
    e eu a ti, antes de eu escrever por estas lides, tu sabes!

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