quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Agri-doce

Detesto que me aches uma miúda. Detesto que faças de mim marionete nas tuas mãos como até hoje ninguém conseguiu fazer. Que me deixes com vontade de ler os teus livros ou de ver os teus filmes e de raramente conseguir dizer "não" a um "Já". Detesto as constantes referências ao teu bom aspecto físico, seguido do pedido implícito ou explícito para que me segure. Detesto que existam 50 mulheres à tua volta todos os dias e que 75% delas engendrem esquemas para te encontrar ao virar da esquina. Ou que parem só para dizer que tens o melhor rabo que já viram. Detesto não conseguir pensar em mais nada, fazer mais nada, quando te sinto chateado comigo. Detesto que te aches irresistível e que de facto sejas. Detesto que eu tenha sempre promessas a cumprir e que tu te esqueças das tuas. Detesto que sejas a pessoa que mais me aponta defeitos e que menos colo me dá. Detesto cada vez que não me explicas as coisas, quando não as percebo à primeira, e atiras um seco e irredutível "Esquece". Mas fundamentalmente detesto que tu saibas - porque não escondo isso - e não saibas ao mesmo tempo - porque pensas que são coisas da adolescência e que exagero nas palavras - que me tens seriamente agarrada a ti.

Agarras-me a ti de cada vez que abro um olho a custo e quando agarro o telemóvel há um "acoooorda" que se segue a outras duas ou três SMS's e que me faz querer saltar imediatamente da cama. Agarras-me mesmo daquelas vezes em que insisto para mim, cabeça contra a almofada que não existe, que é só uma forma de passares o tempo, que estás aborrecido e eu sou só uma versão sofisticada de um game boy, a ver se o sorriso estúpido que me apareceu na cara se desfaz. Agarras-me quando apesar de desvinculado e desapegado se solta um "Quem me dera", "É o teu estilo, é diferente, mas é bom", "Vááaaa, abracinho!". Agarras-me de cada vez que um sorriso "desenho animado" teu me faz tremer, Agarras-me a ti de cada vez que sinto que me dás mais porrada porque me sabes mais forte e que não preciso de bengalas quando tenho pernas para andar sozinha. Agarras-me quando dizes que detestas não poder dizer palavrões comigo e depois de eu dizer que não me importo porque toda a gente o faz à minha volta, o máximo que fazes é substituí-los por símbolos gráficos. Agarras-me de cada vez que eu penso "A sério? Isto? Tanto tempo e há tanto tempo?". Agarras-me a ti quando percebes que alguma coisa está mal e perguntas como está e como estou. Ou, mais ainda, quando reparas nos detalhes e comentas simplesmente "Estás estranha". Agarras-me quando perguntas a minha opinião sobre as coisas mais básicas como "De madeira ou de couro?" mesmo que seja só para saber a minha opinião e que ela não vá interferir, em nada, com a tua. Agarras-me porque mesmo sabendo que és tudo o que não poderá ser, és e estás sempre.

11 comentários:

  1. acho que o título é mesmo o ideal, porque esse sentimento que demonstras não se percebe se é bom (doce) ou mau (agri).

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  2. Ui, ui! Alguém está tão apaixonado! :)

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  3. Hermione,
    acho que percebeste a mensagem como ninguém :)

    Bé,
    está muito terra a tera, como as coisas são, assim torna-se fácil escrever, ainda bem que gostaste!

    J. Persoa,
    significa que também gostaste, não é? ;)

    Colour my life,
    chamemos-lhe apenas um lado lunar :P

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  4. Mary Jane, escreves para lá de bem, coisa que já sabia... e pões em palavras o que muitas vezes eu penso mas não consigo exprimir como quero... mesmo quando nem tenho coragem de comentar todos os teus textos!

    Mary, filha, apesar da parte doce... não te esqueças do agri e que se calhar é melhor marcares mais a tua posição e esclarecer que a game boy sofisticada tem personalidade e sentimentos!

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  5. É bom sentir que nos seguram assim, por isso mantém o sorriso tolo no rosto que isso apenas quer dizer que estás feliz :)

    Beijinho

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  6. ...Ju...,
    tens que ter seeeempre coragem de comentar os meus textos, são só letrinhas juntas! Mas acredita, é para mim um prazer de cada vez que leio alguém comentar-me assim porque eu e a expressão escrita andamos assim de braço dado desde que me lembro de conseguir pegar num lápis mais articuladamente!

    Quanto ao agri, gostei muito das tuas palavras e acredita q sei sempre que tenho os dois lados. Podia estar numa cegueira tal que viria só cá descrever o doce apenas, mas tenho os pés assentes na terra.

    S.o.l.,
    eu espero é ansiosamente o dia em que sei que vou estar muito mais :)

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  7. Txi, eu casava-me.

    Há que exigir não ser um game boy, experimenta sem uma Playstation portátil, é mais 'in' .

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  8. Manuel,
    uiiii, para casar ainda é muito cedo. Playstation Portátil já não é in. Um ipad talvez...

    Clementine,
    :)

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