quinta-feira, 15 de novembro de 2012

A problemática do roço aleatório

Como sabem sempre dancei a solo, porque isto de dançar a pares é uma coisa que exige química e pelas minhas redondezas, a bem dizer, não havia grandes escolas onde fosse fácil encontrar par. Além disso diz que nestas coisas é o homem que é dominante e eu tenho a mania de conduzir. 

Costumava abandalhar com o meu par, que é como quem diz, fazer qualquer coisa parecida com dança a dois, mas que nada mais era do que um rebolation e improvisation aleatório: nada de regrado ou estudado... Diz, contudo, que impressionávamos por onde passávamos. Àguas passadas.

Hoje enfrentei todo um mundo novo graças à directora do meu nobre local de trabalho que me delegou uma proposta que lhe fizeram a ela - fazer uma coreografia de kizomba para apresentar na festa de Natal com um professor da modalidade que é também professor lá no estabelecimento. Kizomba era provavelmente dos últimos estilos que escolheria por diversos motivos: 

1) Há ali muito roço;
2) É ali um afro-pimba que não me puxa nada ao sentimento e à emoção;
3) Parecia-me um estilo demasiado lento e arrastado.

Mas, quer dizer, ter aulas de dança de salão de borla, fosse do que fosse, com um professor à mercê, não era assim tão mau. Então pois que à hora marcada lá estava eu. A coreografia foi digerida sem dificuldade, mas entretanto...

- Estás muito presa!

- Tens que me sentir e ao que eu te estou a pedir e deixar-te levar.

- A parte de cima do corpo não mexe, o jogo é todo na cintura.

- Kizomba é sedução, estás a perceber? É jogo. O homem tac-tac e ela tac-tac.

- Eu tenho que sentir a tua perna a roçar na minha. Do lado direito eu sinto, do lado esquerdo não.

- (e perante a minha insistência em saltar alegremente cada passo em vez de deslizar mais suavemente) Esta é uma dança de fim do dia, arrastamos os pés, estamos cansados.

Fiz um esforço verdadeiro para seguir as instruções. Repeti mentalmente que o senhor era um profissional, sabia o que fazia, além de que sendo bem casado e pai de filhos - acreditando numa moral bem cimentada - vamos excluir a hipótese de roço aleatório, portanto eu teria de descomplicar só e descontraír ligeiramente a postura (que isto mudar de uma contemporânea muito técnica para um kizomba dengoso não é da noite para o dia!). Acho que fui conseguindo. Pelo menos no fim saí com motivação para a próxima terça-feira:

- Perfecto! Parabéns. Superaste todas as minhas expectativas.

E pronto, assim brotaram em mim duas ou três costelas africanas.

11 comentários:

  1. Jedi,
    tira o pé do chão, homem das estrelas, e depois é que tens moral para falar :P

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  2. Giro, giro é quando é um preto (e chamo preto sem problema nenhuma porque eles não levam a mal, pelo menos os meus amigos)a ensinar-te. Aquilo está-lhes mesmo no sangue, dançam de uma forma que nunca vou conseguir. Para mim dançar em condições só com eles, animam qualquer festa!

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  3. És bailarina, agora eu percebo tudo... Por isso é que tu dás "baile" ao pretendentes...

    ehehhehehe

    Kiss**

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  4. Epah eu uma vez dancei uma kizombada com um senhor afro na discoteca local da santa terrinha e digo-te, não é para repetir. Toda essa coisa do "sente o meu corpo" "só cintura" "pode por a mão no fundo das minhas costas" foi DEVERAS assustadora. Já nem me lembrava de tal coisa lol

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  5. Eu adorava saber dançar tudo, mas para "Roço" teria de ser com alguém especial =) Mas tiveste bem!

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  6. tens de te dedicar ao roça roça ;p lol
    eu não tenho jeito nenhum para dançar, mas acho que sozinha é melhor... é mais o nosso estilo, não implica tanta química...

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  7. Tirando a música há uma certa piada nisso da kizomba :P

    Concordo com quem disse que para aprender isto só com alguém 'especial' ou então solteira. Isto de um gajo se 'andar a roçar' na mulher dos outros pode dar problemas :P

    Estou a brincar mas se calhar é mesmo mais seguro.

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  8. Consegui visualizar mentalmente essa aula e... teve graça :) Boa sorte *

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  9. Pois eu cá também não sou muito fã do Kisomba, mas superaste hã pelos vistos não estás assim tão mal! :D

    :D agora é só praticares e vai correr bem

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  10. Atena,
    era branco :) Se calhar se lhe estivesse no sangue eu encarava tudo com mais naturalidade :P

    Pestinha,
    ora aí pode estar uma teoria ;)

    FME,
    eu acho que apesar de weird até é de repetir, é mais técnica de dança que acumulo e nunca se sabe se não encontro por aí um par um dia destes interessado em kizombar!

    Jovem,
    é por aí. Gosto de dançar. Pratico semanalmente uma modalidade muito diferente e tomar contacto com ritmos novos, estilos novos só me faz bem.

    Hermione,
    a mim, e parafraseando a Atena, está-me "no sangue". Se ouço música que puxa por mim fico a ferver se não tiro o pé do chão!

    PM,
    tenho que publicar aqui a kizombada que vou dançar para tu reforçares essa perspectiva do "tirando a música". A música é, de facto, assustadora.

    J. Persoa,
    :D Mais graça teve tudo em 3D, acredita.

    aNaMartins,
    e se não correr as pessoas batem palminhas na mesma e eu agradeço descontraídamente :P

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