Acho que preciso de um período em banho-maria, isto é, de um período preliminar a uma relação relativamente extenso. Preciso de me provar a mim e ao outro que é para ser até poder dizer que somos, até poder ser completamente. Não quer isto dizer que vivo com fantasmas e que por isso me bloqueio e me impeço de me relacionar. Não me bloqueio. Se calhar fico demasiado tempo em modo de verificação. Talvez seja um feitiozinho pré-romance de caca - sou uma profunda descrente na história do amor à primeira vista, porque não conheço (e daí ser esta uma crença fundamentada sobretudo na inexperiência) outra forma de me apaixonar que não a de me ir apaixonando ou de ir cedendo a uma história na qual à partida não via reunidos os ingredientes para resultar.
Até agora tal procedimento só me trouxe certezas, descomplicações e seguranças na altura de agarrar, mas nem sempre, ainda que sem más intenções, foi justo para o lado de lá. Aprendi que não posso dizer que não sei se quero e que devo antes frisar, antes de desenvolver demasiado uma teia que por parcamente definidos os seus limites os estende para lá da minha capacidade de suporte, que a kiss [might be] still a kiss . A partir daí agarra quem quer. Não posso andar a brincar aos yô-yôs-quero-não-quero com alguém que já sabe bem o que quer - enquanto não sei se quero só há uma resposta que é de dever dar ao outro se o respeito: não quero. Ninguém tem o dever - como eu achava - de aguentar e mostrar que é "strong enough to be my man" para depois sentir com eventual rejeição que é um fraquinho (sem ser). Hoje percebo que agarrar um "não sei" que resulta em vácuo é certamente das experiências mais emocionalmente desgastantes pela qual alguém pode passar se já estiver muito envolvida. Por isso é que ao contrário do que eu achava não é só verdade que deve existir numa pré-relação, mas respeito, um respeito que por vezes mais do que a verdade implica responder considerando verdadeiramente a pessoa do lado de lá.
Brinquei de yo yo durante dez meses. Tive sorte porque apesar de nao ter de aturar, aturou e esperou.
ResponderEliminarNa minha última relação - já conhecida para os leitores mais antigos - brinquei de yo yo durante 14 meses, ele aturou, esperou e a relação durou 7 anos, mas estar a exigir que o próximo faça como um antigo é logo um erro crasso que posso cometer antes sequer de existir alguma coisa.
EliminarÉ um risco que vai sempre depender de quem está do outro lado. Eu já brinquei de yo yo algumas vezes, numas esperaram, noutras não. E nalgumas das vezes que esperaram, eu fartei-me depressa, o que me fez perceber que quando não sei à partida o que quero, é porque não quero realmente.
ResponderEliminarHoje já não faço isso a ninguém, por mim e pelos outros.
Pois, eu acho que o ponto positivo é que nós - eu, tu e pessoas que aqui escreveram - são pessoas que ficam com alguma ressonância do que se passa e com isso pensam, crescem, evoluem.
EliminarEu sei o que é estar no outro lado, à espera que alguém decida se sim ou se não. O problema de quem está nesse lado é quando ouve um não mas sente um sim. Ou seja, se a pessoa diz que não quer mas continua a agir como se quisesse, não é o mesmo que dizer "ainda não sei"?
ResponderEliminarE um "ainda não sei" não pode ser 1000 vezes pior que um sim ou um não?
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