domingo, 20 de janeiro de 2013

You must remember this: a kiss is still a kiss

Acho que preciso de um período em banho-maria, isto é, de um período preliminar a uma relação relativamente extenso. Preciso de me provar a mim e ao outro que é para ser até poder dizer que somos, até poder ser completamente. Não quer isto dizer que vivo com fantasmas e que por isso me bloqueio e me impeço de me relacionar. Não me bloqueio. Se calhar fico demasiado tempo em modo de verificação. Talvez seja um feitiozinho pré-romance de caca - sou uma profunda descrente na história do amor à primeira vista, porque não conheço (e daí ser esta uma crença fundamentada sobretudo na inexperiência) outra forma de me apaixonar que não a de me ir apaixonando ou de ir cedendo a uma história na qual à partida não via reunidos os ingredientes para resultar. 

Até agora tal procedimento só me trouxe certezas, descomplicações e seguranças na altura de agarrar, mas nem sempre, ainda que sem más intenções, foi justo para o lado de lá. Aprendi que não posso dizer que não sei se quero e que devo antes frisar, antes de desenvolver demasiado uma teia que por parcamente definidos os seus limites os estende para lá da minha capacidade de suporte, que a kiss [might be] still a kiss . A partir daí agarra quem quer. Não posso andar a brincar aos yô-yôs-quero-não-quero com alguém que já sabe bem o que quer - enquanto não sei se quero só há uma resposta que é de dever dar ao outro se o respeito: não quero. Ninguém tem o dever - como eu achava - de aguentar e mostrar que é "strong enough to be my man" para depois sentir com eventual rejeição que é um fraquinho (sem  ser). Hoje percebo que agarrar um "não sei" que resulta em vácuo é certamente das experiências mais emocionalmente desgastantes pela qual alguém pode passar se já estiver muito envolvida. Por isso é que ao contrário do que eu achava não é só verdade que deve existir numa pré-relação, mas respeito, um respeito que por vezes mais do que a verdade implica responder  considerando verdadeiramente a pessoa do lado de lá.

6 comentários:

  1. Brinquei de yo yo durante dez meses. Tive sorte porque apesar de nao ter de aturar, aturou e esperou.

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    1. Na minha última relação - já conhecida para os leitores mais antigos - brinquei de yo yo durante 14 meses, ele aturou, esperou e a relação durou 7 anos, mas estar a exigir que o próximo faça como um antigo é logo um erro crasso que posso cometer antes sequer de existir alguma coisa.

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  2. É um risco que vai sempre depender de quem está do outro lado. Eu já brinquei de yo yo algumas vezes, numas esperaram, noutras não. E nalgumas das vezes que esperaram, eu fartei-me depressa, o que me fez perceber que quando não sei à partida o que quero, é porque não quero realmente.

    Hoje já não faço isso a ninguém, por mim e pelos outros.

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    1. Pois, eu acho que o ponto positivo é que nós - eu, tu e pessoas que aqui escreveram - são pessoas que ficam com alguma ressonância do que se passa e com isso pensam, crescem, evoluem.

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  3. Eu sei o que é estar no outro lado, à espera que alguém decida se sim ou se não. O problema de quem está nesse lado é quando ouve um não mas sente um sim. Ou seja, se a pessoa diz que não quer mas continua a agir como se quisesse, não é o mesmo que dizer "ainda não sei"?

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    1. E um "ainda não sei" não pode ser 1000 vezes pior que um sim ou um não?

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