A praia da minha infância é daquelas que, à semelhança da Granja, pouco me viu no Verão. Viu algures na infância, em Invernos com dias subitamente quentes. Dias subitamente quentes em que galgava dunas com o meu primeiro cão, um Samoyedo, e a mana, claro. Perante os primeiros raios de sol quentes e imprevistos o meu pai (outrora, muito outrora que agora só quer saber da bicharada!) sentia uma súbita vontade de ir à praia e a custo arrastava a minha mãe que protestava em diversas variações da mesma conversa:
- que não tem jeito nenhum ir à praia no Inverno;
- que não estava assim tanto calor;
- que só se vai a praia no Inverno em países tropicais;
- que só os parolos vão a correr apanhar os primeiros raios de sol.
Não conto todas as histórias mas é delas que me lembro sempre que levo alguém a este lugar. A este lugar quase deserto no Inverno mas que no Verão tenho a certeza que se estragaria por entre gritarias de farnéis domingueiros e por entre toalhas a fazer desaparecer a areia.
Senti-me muito bem este sábado lá, enquanto estive sentada no alto do pinhal a olhar para o mar, lá em baixo. Nestes sítios sei pouco mais do que estar em silêncio. Estar em silêncio e explicar brevemente porque me diz tanto e porque praias citadinas para mim perdem o encanto. Quando perguntei se aquele lugar não era espectacular a companhia respondeu, numa fuga simpática de quem está ainda só num lugar banal, que qualquer lugar com a companhia certa é agradável. Eu percebo, até porque todos os lugares são vazios e pouco me dizem até se encherem de memórias e este tem cheiro a mim e aos meus.
Eu fiz exactamente isso. sabe tão bem, o silêncio num lugar que nos diz tanto, um dia onde há serenidade e onde há mar. Adoro o verão e a praia no verão,mas não há melhor coisa do que senti-la em dias de inverno.
ResponderEliminargostei deste teu texto MJ
Esse lugar tem muito significado para ti nota-se pelas tuas palavras...também tenho um lugar assim e adoro!
ResponderEliminarÉ dos meus sítios, sem dúvida :)
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