549. Whether it's life or a horse that throws you, get right back on.
Podia falar de muita coisa, mas falo do que me assaltou a memória primeiro e que mostrou que de facto às vezes mais do que fugir de um cavalo que nos derrubou uma vez, vale muito mais a sensação de conseguir montá-lo.
Ali algures pelos meus 12 anos rezava secretamente para que um qualquer fenómeno natural me impedisse de ir até à escola no dia em que ia ter teste de Matemática. Não gostava da professora, que rosnava como uma freira castrada que fez imeeeensos sacríficios para poder tirar o curso, que não ia a festas nem passear por aí para estudaaaar. Tudo parecia terrível e péssimo quando a ouvia falar. Além disso números nunca foram bem a minha conversa. Não acontecia aquele fenómeno natural e automático de interiorização fácil que acontecia com as letras. As letras que me falavam na Matemática "X" e "Y" eram para mim uma mixórdia indecifrável que me atormentava, que me fazia mais pequena, que me deixava o coração aos pulos.
Veio o primeiro teste. Não via nada. Ouvia só um "I just can't get you out of my head" da Kyllie Minogue gritado provavelmente por um carro publicitário que andava nas redondezas e outras que se lhe seguiram. Nesse dia, no finalzinho dele, depois de jurar e chorar que ia tirar negativa e de desejar um sumisso místico de todos os testes soube que ou engolia a Matemática ou ela me engolia a mim. E o raio da Matemática começou a falar pianinho comigo. Não tirei negativa, mas suficiente rés-vés. No segundo teste, na entrega, a professora perguntou se eu no primeiro estava nervosa e eu, embora não fosse verdade (fico sempre nervosa antes das coisas nunca durante), disse que sim. Pareceu-me melhor responder que sim, que estava nervosa, em vez de dizer que estive a ouvir uma selecção de músicas pop da altura porque Matemática me parecia uma língua tão mais estranha. Ao meu assentimento de que estava nervosa ela respondeu lançada como quem fez uma pergunta já certíssima da resposta que eu ia dar "Pois, viu-se agora!". Em seguida escarrapachou-me a nota máxima e proclamou-me como um exemplo de superação à turma. Montei o cavalo da Matemática daí em diante.
Isso é que foi um avanço... eu derrubei a matemática uma vez... mas ela quis-se vingar de mim e derrubou-me de novo :x
ResponderEliminarNunca foi a minha melhor amiga, confesso (era uma amiga falsa, todos pensavam que até gostava, mas eu detestava-a), mas o primeiro teste foi um caso aparte, foi um valente deslize do medo
EliminarMas olha que é um cavalo que dá muitos coices :P
ResponderEliminarEu dei-lhe o coice fatal na minha vida já ali no 9ºano.
EliminarNão obstante teres encontrado aqui uma rubrica bastante engraçada, creio que te estás a tornar uma excelente contadora de histórias. A matemática também me causava diversos calafrios mas ao contrário do que aconteceu contigo nunca fui capaz de a "montar" convenientemente.
ResponderEliminarDizem que o touro se deve amarrar pelos cornos, foi isso que fizeste. :)
EliminarBoa, no caso de entretanto perder alguns skills já posso guardar o blog para os netinhos!
EliminarFui um tremendo nabo a matemática durante anos. Depois no 12ano melhorei, só tive de começar a estudar. Mais a sério, uma vez que para essa cadeira sempre fui pouco organizado no método de estudo...
ResponderEliminarEu também nabaria, se não tivesse arregaçado as mangas, lá está :)
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