domingo, 31 de março de 2013

Às vezes todos devíamos pôr uns patins

Pôr uns patins convictos de que é pá, andei tanto quando era miúda, eu sei andar! para depois experimentar uma insegurança que não estava prevista é pá, afinal já não sei, mas mesmo assim não descalçar, mesmo assim não ficar em pânico depois de uma criatura do alto dos seus 9 anos nos dar um incentivo de aceleração, isto é, um empurrão. Devemos deixar para lá a ansiedade que entretanto cresce, algum (até mais do que acontecido, antecipado!) medo de aterrar com o nariz no chão e recuperar... Recuperar a sensação de liberdade, recuperar a posição certa de equilíbrio, lembrar como se fazem as curvas e até ousar dar umas dicas a quem se inicia nesta tarefa. Recuperar a vontade de não largar os patins e de os dar ao próximo.

Todos devíamos também voltar a jogar o jogo do STOP. Esquecer entretanto que já temos mais de 10 anos em relação ao tempo em que o jogávamos com frequência. Esquecer até que estamos a jogar com crianças e dar o melhor e não perdoar as batotas que eles tentam fazer. Parece cruel, mas é a melhor forma de puxar por eles. É assim que eles crescem também.

Todos devíamos, às vezes, sentar ao lado de um adolescente, esquecer a nossa resistência velha caduca às novas tecnologias - mesmo que ninguém viva sem tecnologia os adolescentes estão sempre um passo à frente com coisas que não nos parecem servir para nada -, esquecer ainda as cores irritantes e música doentia dos joguinhos para nos sentarmos ao seu lado a adivinhar títulos e nomes dos artistas. Devíamos experimentar bater com a nossa mão na dele e ler o reflexo do seu olhar entusiasmado só porque sabemos nome e título de música que são aparentemente do século passado e permitimos a passagem de nível.

Às vezes devemos experimentar estar por inteiro com as pessoas, esquecendo coisisses e a prioris e todas as coisas aparentemente mais interessantes que nos apetece fazer. Devemos experimentar fazer o aparentemente vulgarucho e de prazer improvável. Foi assim que tive uma Páscoa feliz, vazia de mim, como poucas vezes consigo, e o mais cheia possível dos outros, e tu?

icanread.tumblr.com

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