segunda-feira, 17 de junho de 2013

As pessoas de quem gostamos deviam ser proíbidas de adoecer

Porque há sempre o enorme risco de adoecermos atrás delas. E tudo o que devemos fazer é estar fortes por elas. Fico de coração apertado de cada vez que me ponho no problema de imaginar a parafernália de tubos e cenas que enfeitarão o meu avô nos próximos tempos. Fico de coração apertado e a achar que não vou conseguir enfrentar o meu avô entubado, o meu avô com ar de doente, o meu avô dias a fio naquele sítio dos cancros que jocosamente caraterizo de hotel de cada vez que falo com ele. Doi-me o coração só de pensar que o meu avô está esta noite sozinho nos sítio dos cancros, a olhar para as paredes e eventualmente a passar a vida em revista. E custa-me pensar o meu avô assim, mesmo considerando que grande parte deste pensar pode ser só meu. Apetecia-me ir para debaixo da cama do meu avô, sucurrar-lhe que, sem ninguém ver, ficaria ali e que ia correr tudo bem. Mas como uma das maiores lições que a minha mãe me deu, quando foi ela, foi dizer que não se identificava nada com os desabafos de "porquê eu?!" e que para si era mais um "porque não eu?", vou tentar mecanizar a perspetiva de porque não o meu avô, que é um bravo, daqui a nada vai estar tudo bem.

3 comentários:

Não resisto às novidades do Mundo Lá Fora. Contem-me tudo, tudinho!