segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Eis o que esfrangalhou o meu 2012...

Era para não o fazer. Fiz listas para me focar no positivo e tentar arquivar comodamente o que não me apetecia recordar, mas depois o Pulha Garcia escreveu um texto maravilhoso em que o mote que fica é "take it like a man", portanto fiz do medo arma de arremeço e vim cá depositar palavras.

Como acompanharam não passei o ano num quarto escuro, mas este foi o ano que mais estilhaçou, despedaçou, esfrangalhou, apertou com o meu coração. Perdi 4 pessoas, mais algumas inevitavelmente anexas, mas estas foram as mais importantes, igualmente cada uma com a sua importância, e 2 cães. Se do lado positivo alguns apontaram, e bem, que a minha palavra resumo para 2012 poderia ser "crescimento", então do lado negativo ela teria de ser "perda".

De facto, se começar a olhar para trás reparo como as coisas mudaram. Mudaram radicalmente. Mudaram muito. Aprendi muito. Fui muito estúpida e parva em determinados momentos. Grande parte das perdas sinto-as como responsabilidade minha. Posso dizer mesmo que cometi erros que sinto que vão influenciar o que vai ser a minha vida para sempre. A minha vida... A minha vida mudou. As pessoas que saíram foram daquelas a quem gosto de dar bilhetes de estadia eterna. Saíram elas, mas ficaram as memórias. As memórias que vivem à noite em sonhos e que, por isso, às vezes me fazem crer que ainda está tudo aqui, mas que, fundamentalmente, me lembram que, provavelmente, estarão como tatuagem intemporal. Este ano acreditei que aquela coisa do karma pode realmente existir - what goes around, comes around... 

Mas, de certa forma, o fundamental é que está tudo bem... Não há problema que as coisas tenham mudado e não é assim tão mau que tenha sofrido e aprendido. Porque é altamente viver. E disto eu nunca me esqueci. Assim, se pudesse dar algum conselho a alguém, retirado desta minha experiência este ano, teria apenas uma coisa muito básica a dizer. Aquilo que nos dizem em momentos difíceis, por entre pancadinhas nas costas, é verdade: a vida continua. Até podes ter momentos em que achaste que a tua vida deu tudo o que tinha a dar, acabaram-se as coisas boas, que já viveste o melhor e que não sabes se mais alguma coisa valerá a pena, mas olha para trás e repara numa coisa fantástica: estás aqui agora. Conseguiste. Estás bem! E vais ficar melhor... A vida continua e é mesmo assim como te disseram, cheia de altos e baixos, mas é espectacular. E mesmo que agora sintas esta como uma treta da qual te tentas convencer a ti próprio nos momentos mais difíceis eu prometo, depois de ter perdido tanto, é mesmo espectacular. E eu soube-o em momentos tão simples como aqueles em que dentro de um autocarro coloquei o cinto de segurança: posso ter perdido muita coisa, mas não me quero perder a mim. Muito menos quero perder-me perdida por entre perdas.

Difícil de compreender? Ficam as palavras de quem falou melhor do que eu:

domingo, 30 de dezembro de 2012

Nascida a uma terça-feira

Sei isto sem ter recorrido a calculadores. Sei isto porque perguntei à minha mãe há longos anos. Há quem pergunte pela cegonha, mas eu estava era preocupada com o pós-cegonha:

1) A que horas nasci? 20.20
2) Que dia da semana era? Terça-feira
3) Onde? No Porto, na Ordem da Trindade...
4) Como é que estavas vestida? Ah, não me lembro. Acho que estava com um vestido. Não sei, tu também fazes cada pergunta...
5) Quando é que começaste a perceber que eu ia nascer? Fui ao hospital com dores de manhã, mas disseram-me que o médico não estava, para eu ir almoçar com calma que ainda demorava... Depois fui almoçar e comecei a ficar com muitas dores, mas o prato do dia era arroz de polvo e estava mesmo a apetecer-me então não contei a ninguém. O teu pai ainda achou que era muito forte para eu comer, mas a tua avó safou-me "Se lhe apetece...". À tarde fui lá e o médico disse "Não, já não vai embora."
6) Como é que estava o tempo? Estava a chover, mas também houve umas abertas de sol.

Sol e chuva no meu aniversário, no Verão, pareceu-me bem, poético... Depois de extenso interrogatório pareceu-me também que já tinha encontrado elementos suficientes para poder contar uma história bonita do meu nascimento com dados para além do peso, da altura, do facto de ter nascido antes do tempo e de ter ido para as luzes amarelas.

Não sei... Até para o meu nascimento procurei, na infância, um significado qualquer espectacular ou oculto.

E toda esta historieta para quê? Uma vez, alguém que me lê aqui, dizia-me que a minha vida tem piada e que a sua seria uma pasmaceira sem nada de interessante para contar. Eu respondi que a minha vida é uma pasmaceira igual às outras, que não faço nada de transcendente e que se parece ter mais piada ou mais episódios caricatos, acho que isso é o que EU faço dela. E acho que é isto que todos devemos saber: somos individualmente responsáveis, em grande parte, pelo significado que as coisas têm em nós. Quanto a mim acho que é este espírito de não me cansar de saber mais, de colorir a minha realidade, não deixando que seja um marasmo aparentemente cinzento, de a multi-visualizar constantemente, das características que mais me orgulho em mim. Talvez seja mais trabalhoso; talvez destrua células nervosas diariamente graças a este esforço; talvez quem consiga viver à Alberto Caeiro seja mais feliz, mas esta sou eu, e paciência. E paciência não, porque até gosto.

E pronto, eis uma premiére da minha fronha no blog.

Com esta historieta bacteriana ainda nem cueca nova tenho, e agora?

Não me lembro sequer se usei uma cueca nova todos os anos ou de que cor eram as que usei o ano passado, tendo quase a certeza que não eram azuis, mas, de repente, e neste estado de ameba, esta pareceu-me uma preocupação relevante.

sábado, 29 de dezembro de 2012

Ameba report

Estou - ainda - demasiado drogada para escrever coisas com interesse. Mas o blog já é um dos meus bons hábitos - uma daquelas coisas às quais me agarro tipo lapa e que não consigo largar, portanto desculpem lá qualquer inutilidade, desinteresse ou até desarticulação nestas palavras, mas assumem uma função vital.

Serve, então, para atualizar que acordei bem a sentir que já quase tudo tinha passado, mas aí entre as 15 horas e as 19 horas tive outro belo pico de tortura. Já estava toda alegre de pc ligado e tive de desligar tudo. Não aguentava o brilho do ecrã. E pronto, lá passei uma tarde feita ameba (de onde raio me surgiu este termo?!) no sofá, a ver retalhos de filmes aleatórios na televisão, porque ou dormitava ou fechava os olhos para enganar a dor entretanto. 

Já tive mais esperança que segunda estivesse em condições. Vamos ver amanhã... 

icanread.tumblr.com

A minha passagem de ano vai ser na cama. Hell yeah!

Tenho muito mau feitio doente.

Se duvidam bastava terem entrada comigo no consultório do médico e ver o meu discurso de lançamento mal o indivíduo me pergunta o que se passa "apetece-me arrancar a cara e os dentes". Ele não se riu. Acho que, lendo o meu claro ar de zombie, percebeu que não era uma piada.

E sim, liguei ao meu pai para me ir buscar ao trabalho porque estava tão zonza que não me senti capaz de conduzir até casa. "Não há problema, vens devagar....", "Há problema, há. Estou constipada há duas semanas e nunca me senti tão mal como hoje".

Raios, parece que também já estava/estou com febre, sei lá... E dizem que tenho paletes de comprimidos entre antibióticos e anti-tudo para tomar e sinto-me a avançar um bom par de décadas, just to know what it feels like...

E SIM, UNIVERSO, EU ATÉ ESTAVA A TENTAR SER UMA BOA MENINA E A TENTAR ESCREVER SOBRE O BOM QUE FOI 2012 MESMO QUE DEEP INSIDE SINTA QUE FOI UMA BELA CACA!!!

Bom, tenho um bocado de mau feitio doente.

Veredicto: Sinusite aguda maxilar qualquer coisa etc etc etc, voltar lá a verificar o estado da nação daqui a uma semana, não sair de casa, 0 de álcool.

Alguém que me chegue a manta, e um copo de água!

E best of  it vou acabar o ano na cama... sozinha. Niiiice. Acho que é assim que o universo dá a estocada final numa bad, bad girl.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Médicos todos aqui já a tratar da princesa com muito jeitinho

Pudesse eu e arrancava já com esta parafrenália extra que me tem ornamentado nos últimos dias. Já não aguento ter todas as vias congestionadas, até a boca e os dentes me doerem e não ter uma noite de princesa, que sou, há mais de uma semana. Começou na segunda passada (não a de Natal, mas a anterior) com dores de garganta ligeiras, comichão na garganta, que entretanto parecem já ter ido, e uma tosse de cão absolutamente amorosa - o meu rir à gargalhada era tossir, tossir, tossir.

No dia 25, já a encher deste estado rinitico ou sinuzitico ou sei lá o que é, dirige-me à farmácia de serviço, descrevi os sintomas e em seguida pronunciei:
"olhe, estou farta de estar assim e quero qualquer coisa que mande isto tudo embora rapidamente"
O farmacêutico olhou para mim por cima dos óculos e fez um meio sorriso que, sem ele saber, disse "menina, isso não há", mas como o que está em jogo é dinheiro deu-me Telfast, para tomar 6 dias. Ontem tomei o terceiro e os sintomas não diminuem, só assumem novas formas: foi embora a garganta, foi quase embora o tossir, tossir, tossir e vieram os dentes. Raios.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Querido 2012, fui uma bad, bad girl... [Parte II]

A mensagem inicial é a mesma: às vezes sou uma burra velha mal agradecida e feitas as contas acho que este ano não foi assim tão mau e eu desgracei-o muitas vezes, portanto queria fazer as pazes - que isto de entrar num novo ano de costas voltadas ao antigo não me parece nada bem - e antes de fecharmos negócio dizer que estou grata por muita coisa:

11. Tive muito sucesso no regresso ao teatro, mesmo que por trás da cortina;
12. Percebi que há pessoas da blogolândia que vale a pena conhecer e que não é por as conhecermos que o blog fica despersonalizado ou que vamos sentir a nossa liberdade criativa castrada;
13. Tirei a carta de condução e foi um enorme passo, adiado durante anos; estou com fé de que ainda chegará o dia em que vou adorar conduzir;
14. Dancei muito e de bónus ainda aprendi, à borla, uma modalidade nova - o Kizomba;
15. Bebi mais do que é costume mas sempre moderadinha e com todas as situações controladas; fui sempre a pessoa que soube contar as histórias todas no dia seguinte;
16.  Tive uma "serenata", entoada por vários amigos e duas guitarras, no meu aniversário;
17. Consumei, se a memória não me falha, duas quedas físicas este ano - ri nas duas e não me magoei em nenhuma;
18. Estou, neste momento, a trabalhar na minha área, mas com uma população muito específica, da qual, juro, nunca pensei vir a gostar tanto, nem era exactamente a área onde me imaginava a trabalhar; às vezes somos positivamente surpreendidos;
19. Ganhei um telemóvel num sorteio depois de ter pedido ao indivíduo que sacava as rifas da tômbola - TIRA A MINHA RIFA DA TÔMBOLA QUE EU DOU-TE 20 EUROS; não dei, até porque o indivíduo não fez qualquer marosca para sair o meu papel;
20. Trabalhei, à borla, com adolescentes e o maior ganho foi ter percebido que é uma faixa etária que, se muitos temem, para mim tem um enorme fascínio: eles não mordem; se te matarem com uma piadola basta que mates harder a seguir e se os conquistarmos são as criaturas mais porreiras à face da terra em vez da tempestade - ai alcool, ai drogas, ai cenas malucas na cabeça, ai rebeldes do pior, ai maldosos, ai furadores de pneus dos professores - que imaginamos.

Parte I aqui.

O problema das frases que têm significados múltiplos

Quando te dizem:

"Gosto muito de como estás vestida, lembra-me uns quadros que tenho lá em casa. Identifico-me"

Não sabes se:

a) A pessoa está a sugerir que pareces um qualquer elemento de decoração - quadro, cortinado, abat-jur, anything - e por mais nobre que seja esta sugestão ficas a sentir-te um berloque qualquer barato;
b) A pessoa sugere que estás semelhante a uma obra abstracta/absurda, sem qualquer sentido, mas que, ainda assim, fascinas;
c) A pessoa está a querer experimentar dotes expressivos contigo;
d) A pessoa está a dizer simplesmente que gosta, pá, e tu és uma complicada!

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Drama total...

... é ter encontrado uma pós-graduação que é tão a minha cara que estou praticamente a encher a brochura de beijos à francesa, mas já estar a deambular por entre pensamentos que parecem dificultar bastante a cena...

a) ela é cara para caraças e ainda não tenho dinheiro para investir;
b) acontece em Lisboa, quinzenalmente, e Lisboa é tipo o outro lado do mundo;
c) o tal quinzenalmente inclui 6ªs feiras e teria que pedir à entidade laboral que me libertasse as 6ªas eventualmente.

Does that make me crazy? (#27)

Sou capaz de rir mais facilmente do riso das outras pessoas do que de uma piada, em si.

Sou capaz de não conseguir parar de rir no cinema, não pela cena potencialmente cómica que acabei de ver, mas porque há alguém, com um riso muito engraçado, a produzir um ataque incontrolável e interminável.

E aqui fica uma versão para lá de deliciosa:

Querido 2012, fui uma bad, bad girl... [Parte I]

Às vezes sou uma burra velha mal agradecida e feitas as contas acho que este ano não foi assim tão mau e eu desgracei-o muitas vezes, portanto queria fazer as pazes - que isto de entrar num novo ano de costas voltadas ao antigo não me parece nada bem - e antes de fecharmos negócio dizer que estou grata por muita coisa:


1. Tive momentos em que senti que me podia apaixonar outra vez e, embora breves, foram momentos importantes para eu perceber que a minha vida romântica não foi tão moribunda em 2012 como a julgo;
2. Tive pretendentes que me mostraram que ainda estou na estrada, contribuindo, inevitavelmente, para que eu me sentisse um tanto ou quanto mais inchada e mais capaz de conquistar;
3. Chorei de saudades e percebi que há pessoas que nos fazem muita falta;
4. Percebi que sei bem tomar conta de mim sozinha;
5. Percebi aquilo que eu detesto perceber mas é verdade: sou capaz de sobreviver sem pessoas na ausência das quais julgava ficar sem respiração, o que traz a amarga verdade de que podemos aguentar sem qualquer pessoa na nossa vida;
6. Apareceu, pela primeira vez, dinheiro meu na minha vida e soube bem;
7. Fui monitora num campo de férias e percebi que me dou bem com várias faixas etárias;
8. Afiliei-me a causas nobres, designadamente à solidariedade social; uma parte de mim sente que sem isto nunca saberia de coisas que agora sabe e que, é pá, a vida está mesmo a ficar séria;
9. Arranjei quem me pintasse as unhas todas as semanas por 1€, o que, acreditem, foi uma negociata para ambas as partes, adoro unhas pintadas mas nunca tive talento nem paciência;
10. Foi provavelmente o ano em que senti que emocionalmente cresci mais, com isto quero dizer, essencialmente, que foi o ano em que olhei mais para mim própria e tentei perceber os bocadinhos que tinha de limar;

(...)

To be continued...

P.S. - Espero não ficar rapidamente farta daquela pilha em disco mood.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

O dia de hoje foi uma limpeza!

Da mesa também, mas sobretudo foi uma limpeza entre arrumar prendas e o caos que se armou em vários cantos nos últimos dias. E, loucura das loucuras, imagine-se que até me dei ao trabalho de ir buscar etiquetas para colar em prateleiras. Não devo estar em mim.

Na lista de limpezas/organizações a fazer incluí uma blogo-cleaning, que é o mesmo que dizer que corri o painel do blogger para analisar os índices de mortalidade dos blogs que sigo. Depois tenho uma regra simples: blogs que não são atualizados há 2 meses, ou mais, são, regra geral, eliminados. Acredito que, de uma forma ou de outra, se os autores voltarem, os volto a encontrar. Mas a verdade é que esta regra geral já foi bem mais geral. Já fiz limpezas bem mais profundas... 

Hoje, de 211 blogues que seguia, fiquei com 189 no painel. Fiquei com muitos, sobretudo se considerar que uma boa mão cheia deles (ou mais!) ultrapassa a regra dos 2 meses... Resta a explicação: são os blogs da fila da frente do espectáculo.  Aqueles onde, por gostar mesmo - diria até admirar -, tenho de ter presença garantida desde o primeiro dia de retorno, de tão bons que são/foram, e, por isso, deixo-os pendentes ad aeternum, parados no tempo do painel, à espera do dia de regresso.

P.S. - Estou a ouvir cantares Alentejanos no piso onde o meu pai se encontra. Ele só pode estar a dormir e a mim, ironicamente, está a dar-me um sono do caraças.

Então ontem foi assim...

... queda aparatosa no meio dos presentes, vir todo o povo a correr e não me conseguir levantar no meio das gargalhadas;
... ouvir do meu tio e das suas teorias do costume que há um vulcão de 500 milhões de anos que pode entrar no activo a qualquer momento, porque não se sabe se os 500 milhões terminam amanhã, daqui a 100 anos, daqui a 1 milhão.
... lembram-se de ter falado da constipação de caixão à cova? Não há febre nem outras cenas associadas, mas estou entupidissima desde quarta-feira da semana passada pelo que já contava passar um 24 tranquilinha, mas raios que esta coisa não passa e eu mal respiro com todas as vias congestionadas;
... comer o bacalhau tal como o meu pai me fazia em miúda: batata cozida, couve, broa, bacalhau cozido, ovo cozido - tudo esmigalhado e misturado com muito azeite;
... ver o Nanny McPhee, com um "c" pequeno e um "P" grande; achar que o filme perde por ser fantasioso de mais, mas, ainda assim, chorar que nem uma maluca por mim abaixo no fim;
... ver o Entrelaçados, achar que a Disney faz muito melhor, mas, ainda assim, chorar que nem uma maluca por mim abaixo no fim, e não poder ocultá-lo porque toda a gente mal chegam as cenas finais ou tocantes sublinha e começa a procurar a Mary emocionada e por muito que eu repita mentalmente "Controla-te! É só um filme...", não dá. Não dá... E portanto, mesmo que as pessoas não me deixem chorar com discrição, choro!

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Para além da alegria e do bacalhau na mesa

Este não vai ser um post com votos tradicionais de alegria e bacalhau na mesa - embora também os faça. É mais um post sincero pois é escrito de acordo com o que eu sinto, que às vezes não é exactamente a sinceridade que é, mas é a sinceridade do meu coração, a sinceridade que vai cá dentro, aquela que prometi - desde o início do blog - ter aqui.

Pronto, largadas as piroseiras iniciais venho contar que passei parte de sexta e o sábado todo dedicada a um presente personalizado para o amigo secreto, neste caso amiga, que me calhou no jogo entre amigos. Deu-me algum fôlego, como deram os vossos mimos.

Há 10 anos que não tinha um Natal solteira e, se querem saber, não, não gosto muito. Lembro-me bem de andar a distribuir prendas o dia inteiro - tantas das quais personalizadas, num ritual igualmente personalizado - e recordo sobretudo a expectativa de dar, a espectacularidade de dar, a surpresa na reacção do outro. Passada a fase de acreditar no Pai Natal esta era a minha magia.

Pensei que podia trocar as voltas à história e descobrir que se passasse o mesmo tempo dedicada a alguém ou a alguma coisa a magia natalícia podia renascer em mim, mas no sábado à noite - por muito que a pessoa se mostrasse surpreendida - por muitas que fossem as mãos e olhares curiosos a deambular pela minha surpresa, por muito que tenha sido engraçado, que tenha rido muito e sido feliz naquele momento, ficou, em mim, no final de tudo, uma sensação de estranheza. Sensação de estranheza que, pacificamente, concluí que não tem que ser má: fala apenas da diferença. Talvez esteja a racionalizar a coisa, mas a verdade é que não foi a mesma coisa - por muito que mais uma vez tenha tentado repetir uma receita que julgava infalível - porque não tinha de ser. A magia de Natal este ano é outra e pronto. Não é por faltar uma pessoa ou outra - que nem falta, simplesmente já não está - que vou injustamente deixar de gostar do Natal este ano. Em primeiro lugar porque estão presentes tantas pessoas que me são importantes e das quais, eu sei, sentiria mais falta. Portanto hoje, vou aceitar que o pensamento me fuja ocasionalmente - já se sabe, estas datas são tramadas! - mas, sobretudo, vou sentar-me tranquilamente a aproveitar sorrisos, filmes de animação e os momentos de humor familiares que nesta quadra, felizmente, abundam.

Como é Natal, e em exclusivo para vocês, foto de família

De duas e quatro patas, claro, fotografados ontem e ao melhor estilo família real em felicitações natalícias.


Feliz Natal a todos :)

domingo, 23 de dezembro de 2012

Cenas das compras de última hora

Eu, mana e prima C..

C. - Mary Jane, tens de ver as calças que a tua irmã comprou para a avó lhe dar.
Mana - Oh, o que é que tem? São umas calças de um tecido que parece couro. Ela tem umas também.
C. - Bom, mas a Mary Jane tem um ar... como é que eu hei-de explicar? Profissional. Não tem o ar do tipo de profissional que tu vais ter quando vestires as tuas.


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Empregado de loja - Acho que vais adorar estas.
(prima C. enquanto me afasto para o provador)
C. - Mary, olha lá, conheces o Beto de algum lado para ele saber o que adoras?

sábado, 22 de dezembro de 2012

Como ter um Natal Agradável - especialmente para quem não gosta

1. Esquece a contagem de calorias e a ideia de comer de tudo em doses pequenas - come de tudo e bem... Tens o resto do ano para contar e descontar, por isso lembra-te que Natal sem o estômago aconchegadinho é só mais um casual day. Isto inclui, claro, que te livres de começar a visualizar a passadeira do ginásio por entre cada garfada - ela continua lá, não vai ganhar vida própria e dirigir-se a ti de forma ameaçadora, isso são coisas malucas da tua cabeça. Além disso, um dia de abuso  não faz moça!

2. Deseja feliz Natal com um sorriso angelical a toda a alma de que te abeires. As massas vão achar que tu és mesmo boa pessoa, que mora montes de amor em ti e que não estás a dizer só uma coisa que, nesta altura, toda a gente diz. E o que importa mesmo é o efeito, right?

3. Anda equipado(a) com um aparelho de mp3 para efeitos de desconectação de uma música natalícia que já ouviste 10 vezes e que não suportas e que te faz vislumbrar toda a população como perus de Natal a quem te apetece apertar a goela.

4. Resguarda-te e evita apanhar uma constipação de caixão à cova, ninguém quer estar em estado vegetal quando o resto da malta anda aos pulinhos histéricos por todo o lado.

5. Evita guardar os 10 "postais" de Natal que andaste a escrever até um sábado de manhã, data em que a estação dos CTT está fechada, e na segunda-feira a seguir já é dia 24. Depois vais ter que te dar a uma grande enxovalhadela pública e não é bonito. Desculpem, meus queridos, os postais estão escritos como sendo de Natal, mas é bem possível que os recebam só lá perto do ano novo.

6. Convence-te que vai ser o melhor Natal da tua vida. Provavelmente vai ser mais um igual aos outros, que vai passar num flash, mas o facto de ires in the mood pode melhorar substancialmente a coisa. Lembra-te que vais ter aquele old feeling de coração despedaçado quando debaixo da árvore de Natal sobra apenas um grande nada e vais dar por ti a desejar que os embrulhos tivessem ficado lá, quedados um ano inteiro, porque as prendas desembrulham-se em 5 segundos e giro, giro é aquele setting todo montado. Não te sintas uma pessoa estranha se pensares assim, não és único(a).

7. Lembra-te que seres apertado e beijocado pelos teus tios-bisavós e pessoas cujo grau de relacionamento contigo já nem sabes nomear faz parte da season e um dia até disto vais ter saudades.

8. Para que no fim da troca de prendas não andes de gatas a apanhar o lixo comunitário prepara previamente um saco XLL onde toda a gente deve depositar, à vez, os despojos dos presentes natalícios. Não é bonito? Deixa lá, com tanta coisa bonita, brilhante, ninguém vai dar pelo saco, vai ser só mais um adereço para tudo continuar igualmente bonito...

9. Esquece a expectativa de um Natal à "O Amor Acontece". Quem não se lembrou de ti o resto do ano provavelmente não se vai lembrar agora, nem armar a barraca do ano para te confessar todo o seu o amor... Segue o mote "Só faz falta quem está" e agarra devotamente a missão de satisfazer os que estão contigo. Ou seja, mantém-te ocupado(a) em vez de pensar no que tem potencial para nunca acontecer.

10. Lê uma lista como esta, cheia de ideias de coisas diferentes para fazer, sabendo que ficarás farto (a) de ler à 10ª, mas pelo menos informaste-te.

11. Faz com que as pessoas que te lêem acrescentem os seus contributos para que possas aumentar esta lista e sente-te bem pois, de uma só cajadada, contribuíste para o bem-estar geral. Se não contribuíste, fica a pensar que sim.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Como pediste muito, não vou gozar...

E a verdade é que uma pessoa nunca sabe gozar uma coisa que é feita com o coração e tem inclusive o coração desenhado, no cantinho do envelope. Tudo foi feito por quem não tem juízo (mas tem paciência!) e põe-se a escrever a altas horas da madrugada. O propósito deste "envio" foi outro, mas o melhor presente foram as palavras e os gatafunhos belos anexos às palavras. Obrigada.

Uma pessoa não sabe gozar com um embrulho dourado que nos chega pelo correio - tão bem ornamentado com respectivo lacinho, nem sabia que coisa tão bela era enviável! - que até a nossa mãe quer afiambrar para ela o nosso presente e começa a rasgar até que oops o destinatário é outro e recebe-se uma sms de notificação a meio do dia de trabalho.

Uma pessoa não sabe gozar com a beleza de um envelope e papel de carta no qual não queremos tocar muitas vezes, com medo que rasgue, de tão leve e nobre que é. Vale mencionar a inscrição "with love" depois de um "de-para" não vá a pessoa pensar que vai encontrar cianeto dentro do dito cujo... Só peca por não ser à portuguesa e em versão extensível "com todo o meu amor e com a toda a minha paixão".

Uma pessoa não sabe gozar com um dos melhores presentes que a blogolândia (esqueçam a blogosfera, que para nós será, desde 8 de Dezembro, a blogolândia!) já me deu. Se há distância o entendimento era fácil, face to face senti que poderia estar com uma amiga de há anos. Explicações? Há aquelas coisas imediatas de sermos de uma idade próxima, de sermos do mesmo signo... mas a maior de todas talvez seja a da incapacidade de explicar este tipo de afectos. Gosto de ti e pronto. Gosto da tua descomplexidade, da tua animação, do teu amor pela vida, pela aventura e por tudo o que faça de ti um ser maior. Gosto de pessoas como tu que não arrastam a vida, mas que a fazem todos os dias avançar com nome próprio e que são para lá de imitações, genuínamente. Tens um brilho e uma energia própria capazes de iluminar qualquer Natal, portanto à falta de luz (eu prometi não gozar!) chamem a aNa Martins que vão conhecer uma pessoa capaz de cintilar.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Aviso: o fim do mundo está a alterar as pessoas

E promete aparecer às pessoas segundo múltiplas formas. Digamos que vai ser um fim do mundo personalizado. A mim surgiu sob a forma de um ataque de fome completamente paranormal. 

Aí às 18.30 quando cheguei a casa (já tendo lanchado às 16h30) comi dois pães com queijo da vaca (brinde para adivinhar o que é o queijo da vaca). A seguir devorei batatas fritas até começar a ficar verdadeiramente enjoada de cheia. 

Às 20 estava a jantar tranquilamente como se não tivesse comido nada.

Às 21.30 tive de ir ali enganar o estômago com um bocado de chocolate, coisa que normalmente me é perfeitamente indiferente. 

A esta hora estou capaz de jantar outra vez.

Se não é o fim do mundo, se não é o início da geração de uma nova vida em mim (que de certo, não é) está tudo a juntar-se harmoniosamente para fazer do dia 21.12.2012 um fenómeno absolutamente paranormal, estou a avisar! No meu caso, julgo que alguém terá o plano de me empanturrar, para que depois fique mais sonolenta e para que depois ainda se possa dar curso a planos mórbidos vários. Descubram já qual é o fim do mundo personalizado que vos coube e potenciem as vossas hipóteses de sobrevivência!

Quando o que queremos nos vem parar as mãos sem sabermos que existia...

"Ah, se fosse novo outra vez". Nunca ouves ninguém dizer "Gostava de ter sessenta e cinco anos."
Sorriu.
"Sabes o que isso reflecte? Vidas insatisfeitas. Vidas incompletas. Vidas que não encontram sentido nenhum. Porque se encontrares sentido na vida não desejas voltar atrás. Queres ir para a frente. Queres ver mais, fazer mais. Estás mortinho para chegar aos sessenta e cinco." em As terças com Morrie de Mitch Albom


Bastou ver o detalhe um corazón azul, atentem no pormenor! - que entrelaça o livro para pensar "Bolas, há pessoas com talentos que eu nunca vou ter."  . E aproveito já para informar quem espera um postal artístico desta alma que arquive rapidamente o assunto e baixe as expectativas e se prepare para a coisa mais normalzinha e arcaica de sempre. Por outro lado, e voltando à surpresa especial de hoje, bastou ler a contracapa para sentir uma urgência de o começar a ler como se o mundo fosse acabar amanhã - e isto hoje até pode fazer algum sentido. Aqui está um presente mesmo à minha medida vindo de uma pessoa que considerou que eu teria sensibilidade para ele.

Obrigada Jude, obrigada por até, num acaso de sorte, este livro ter chegado no dia mais perfeito até mim - fenómeno que nem previsto a dedo aconteceria.

Ahhhhhh, já fui preso lá! (risos)

Que tal esta resposta depois de estares a informar alguém da tua proveniência e de saberes que a pessoa não está a brincar porque, por acaso, vem acompanhada de uma pulseira e de uma geringonça que de vez em quando faz pi-pi-pi-pi?

Bom, é o meu dia-a-dia profissional e é lindo.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Às 10 da manhã pensei que tinha o dia destruído

Isto porque houve de tudo neste piqueno ser que sou eu, assim de súbito, e sem que qualquer previsão antecipada o anunciasse: nuvens, trovoada e chuva! No fim ficou uma pequena trombinha que, uma hora depois, eu era capaz de jurar que ia durar até ao Natal: 

1) para dar nas vistas no Natal;
2) para que as pessoas vejam que não é Natal porque sim mas que têm de fazer Natal everyday;
e 3) mais do que todos os outros motivos porque fiquei telhuda e pronto.

E tudo foi intensificado porque, e como se já não tivesse temperos suficientes, nesse momento de intempérie, que era suposto durar 10 minutos e não o dia inteiro, lembrei-me de pensar em quem me faz falta. Em quem me faz falta para poder rosnar no pré, durante e pós as tais intempéries porque, nestes momentos, sou uma rapariga complicaaada e não gosto de incomodar toda a malta com os meus males e normalmente elejo apenas um fiel depositário da minha confiança para sofrer os efeitos da maior telha à face da terra (sortudo, portanto!) e para todo o resto do mundo sou uma criatura a quem nada afecta. Ao constatar que, neste momento, não há o tal fiel depositário da minha confiança o que é que aconteceu? Chuva. E já chorei tanto hoje... Ainda bem que existes tu, querido belógue, e que eu posso fazer de conta que não estou a queixar-me perante, quiçá, centenas de pessoas e posso dizer parvalheira a toda a hora...

Nevermind... Agora que comecei o chorrilho de desgraças há que acabar. Senti que, para mim, se não chegar entretanto, o fim do mundo podia ser hoje. E apeteceu-me mandar tudo à fava. E senti-me incapaz. E esperneei mentalmente que o dia estava perdido e que não ia conseguir fazer mais nada. Consegui. Agora as águas estão mais calmas. Não estou a pular de entusiasmo, mas estou viva e já mandei umas bocas e brinquei com as pessoas... 
Por fora, estou quase normal apesar de ainda guardar um mutismo selectivo e doído. 
Por dentro, por entre muitas inspirações e expirações e sorrisos forçados - porque diz que às vezes o nosso cérebro é estúpido e mesmo movimentos faciais forçados disfarçados de sorriso são capazes de conduzir a bela da dopamina - prometo a mim mesma, hei-de safar-me desta. 

Ainda não sei bem quando, mas hei-de safar-me.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Sentimentalóide-canal (#26)



And even though I meet 'round each and every corner,
with nothing but disaster.
I set my chin a little higher, I hope a little longer
Build a little stronger castle in the air
And thinking you'll be there,

I walk a little faster

A última pessoa a quem dei uma tampa levantou-me o queixo e disse "Sê feliz.". Nunca sei se as pessoas "tampadas" desejam genuínamente isto ou se é só uma coisa que fica bem dizer, mas enquanto acelero pensamentos a discorrer se quem dá mais tampas está condenado a uma longa e eterna espera, está ele a acrescentar, com uma expressão firme e um olhar que ainda não consigo definir, "Vais ser.". Eu penso, por momentos, que toda a gente acredita demasiado em mim. Depois levanto sozinha o queixo e decido que vou fazer tudo para ser, mesmo desconhecendo o que raio é este tudo.
Sei que a felicidade, lá diz o filme Into the Wild, só é real quando partilhada. Por isso, e depois de um 2012 que, afinal, passou a correr -  ainda ontem jurava que agora é que vinha um ano melhor! - eu digo que fui muito feliz profissionalmente, mas faltou qualquer coisa... Sim, sou uma sentimentalóide do pior, mudem já de canal.
Faltou ele...
Faltaste tu...
Recuso dizer que sonho, agarro-me ao que sei ser possível, porque quem já teve muito bom, num jogo em que comparações nunca são possíveis, só espera o ainda melhor. E tu, por quem eu tenho pressa todos os dias, mas por quem eu não tropeço, vais saber, melhor do que ninguém, que tenho um jeitaço para namorada: sei mimar, sem ser uma lapa; sei dar abraços que te fazem perder a noção do espaço; sei prender, sem imobilizar; sei escrever cartas que não são excessivamente lamechas, mas são verdadeiras; posso nunca te chamar fofinho ou amorzinho, mas terás nomes próprios para mim, e, além disso, quando disser o teu nome sabe que vou dizê-lo como mais ninguém o diz, vou pegar no teu nome ao colo; posso não dizer todos os dias o quanto te admiro, mas vou gostar de tudo em ti e até acarinhar as coisas de que não gosto; posso torcer o nariz a filmes de ação, mas vou vê-los contigo até porque, quer dizer, filmes de ação com um donzelo ao lado até viram filmes românticos; posso não ter riso fácil, mas vou adorar que me faças rir, sobretudo que me faças rir de mim; posso dizer que te quero X-Y e Z (seguro, divertido e macho, porque para menina chego eu) e tu podes surpreender-me com um M-N-O-P (meloso, neurótico, inseguro...); posso ser bruta e às vezes não ter filtro, mas também saberei dedicar-te as palavras mais honrosas e não conseguirei dormir sem um Está tudo bem e um beijo apaixonado, e mais, pode muito bem ser mais... Antes de me conheceres sabe, e diretamente de quem não faz a menor ideia do que tens de saber, que todos os dias sou por ti, por nós, pelo castelo que para já construo só no ar, mas que não cede, e, mais do que tudo, sabe, que no último ano, mesmo sem te ter, cresci por ti.
Em 2013 vou caminhar sempre depressa...
...para demorar um bocadinho menos a chegar até ti.


Planeio uma overdose de espírito natalício (quê?)

Deram-me o dia de amanhã para ficar a trabalhar num projecto que tenho em mãos. É trabalhar em casa. Para muitas pessoas a perspetiva de ficar em casa (se for para trabalhar meeeesmo, como é o meu caso) é igual ao litro, não faz diferença nenhuma, mas para mim faz: faz kms de diferença, que equivalem a horas de diferença (1 hora e 30 minutos a mais) e alguns euros no fim do mês de diferença. Portanto, é fantástico. Neste período que vou ter, e começando por aproveitar umas horas hoje à noite, planeio uma overdose de espírito natalício. Digo que é overdose de espírito natalício, mas nem é bem... A única coisa que está perfeitamente imbuída do espírito serão porventura os postais que irei escrevinhar para dirigir inclusive a algumas das entidades que me estão a ler desse lado, de resto, os presentes, e o contacto com muitas pessoas e música - a maior parte que nem sequer faz parte do leque das toleráveis - na rua fazem parte de um ramalhete de diligências natalícias que até seriam relativamente dispensáveis, mas que inevitavelmente trazem aquele cheiro a Natal - ainda que nada tenha cheiro - que este ano ainda não senti. Assim, fazer num só dia de enfiada tudo o que costumo repartir em várias doses ao longo da época é capaz de ser uma overdose de espírito natalício. Espero sobreviver e não aniquilar qualquer resto de espírito que possa existir em mim.

P.S. - O único presente que comprei, até agora, foi via multibanco e o raio da maquineta ofereceu-me um talão com tinta invisivel como prova - é lembrar-me de confirmar hoje on-line se está tudo em condições ou se fiz a compra à Maria Joaquina em vez de à Maria Belarmina.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Como é que posso não gostar deles?

A Dra. está sempre tão bonita, parece uma estrela de cenema.

Isto mesmo que o meu cabelo pareça que não vê escova há 20 dias e que eu tenha uma borbulha a rebentar-me justamente ao lado de uma narina.

Pergunto à jovem que filmes anda a ver ou continuo a tomar aquele como um elogio?

Audrey Hepburn

domingo, 16 de dezembro de 2012

Reconceptualizar a vida de vassoura na mão

Estava eu embrenhada na minha costumeira tarefa de varrer cozinha e corredores após o jantar quando vejo a minha avó a olhar-me com um ar pesaroso. Sou obrigada a parar:

- O que é que se passa que estás com um ar tão triste?
- Estou com pena de ti.
- Estás com pena de mim porquê? - inquiri eu já preparadinha para passar testemunho da vassoura e dizer que sim, que é um chatice e que sim, era muito agradável uma mãozinha dela.
- Não vais ter férias.
- Ó avó, não fiques triste: eu estou muito contente por não ter férias, significa que tenho trabalho. Olha se estivesse este tempo todo em férias prolongadas, isso é que era muito mau...

E a minha avó acenou afirmativamente e demos um daqueles mega abraços que parece nunca acabam e que eu, em segredo, peço sempre para que nunca acabem.

Depois lembrei-me inevitavelmente deste texto do Charlie Chaplin, que li pela primeira vez aqui:

Hoje levantei-me cedo a pensar no que tenho a fazer antes que o relógio marque meia noite. É minha função escolher que tipo de dia vou ter hoje. Posso reclamar porque está a chover, ou agradecer às águas por lavarem a poluição. Posso ficar triste por não ter dinheiro, ou sentir-me encorajado para gerir as minhas finanças, evitando o desperdício. Posso reclamar sobre a minha saúde, ou dar graças por estar vivo. Posso me queixar dos meus pais por não me terem dado tudo o que eu queria, ou posso ser grato por ter nascido. Posso reclamar por ter que ir trabalhar, ou agradecer por ter trabalho. Posso sentir tédio com o trabalho doméstico, ou agradecer a Deus. Posso lamentar decepções com amigos, ou entusiasmar-me com a possibilidade de fazer novas amizades. Se as coisas não saíram como planeei, posso ficar feliz por ter o dia de hoje para recomeçar. O dia está à minha frente, à espera para ser o que eu quiser. E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma. Tudo depende só de mim.

Momentos em que descubro que adoro a minha vida

Sou a única pessoa que conheço que quando anda de autocarro põe cinto de segurança.

E pronto, aí percebo que adoro a minha vida: posso arriscar perder muita coisa, mas não posso arriscar perder-me.

sábado, 15 de dezembro de 2012

How I met your mother em pause

Ainda não percebi se:

- não estou a gostar do episódio "Matchmaker" de How I met your mother porque foi o mais aborrecido e sem graça de sempre;

- não estou a gostar do referido episódio porque sinto os olhos quase on fire e percebo que o meu nível de concentração, seja no que for, neste momento é quase nulo. Mas como a minha teimosia é maior do que o meu cansaço insisto que é cedo de mais para fitas.

Por via de dúvidas acho que vou acabar este episódio e ver outro só para poder infirmar uma destas hipóteses.

Procura-se homem solteiro

Depois da kizombada:

a) ou reuniu todo a malta do estaminé profissional para testar a minha seriedade e ver até que ponto a personalidade kizomba se prolongava fora do palco enviando para tal uma série de sms's, em nome individual, mas que, na realidade, foram redigidas em conjunto - que implicavam um convite para café - e riam a bandeiras despregadas com as minhas respostas e segunda-feira presenteiam-me com um txnaaammm (e a confirmar-se esta versão não é nada uma cena espectacular, mas encarar-se-à na desportiva);
b) ou os homens andam todos loucos e deixam-se evadir por estados mentais passageiros e desfazem-se em convites para cafés secretos quando o estado civil deles não o permite.

Sim, sou solteira, adulta e boa rapariga, mas este meu estado, senhores, não implica agarrar qualquer pedaço de carne. Não tenho nada contra quem tem boa boca porque para mim - que sou uma pessoa esquisita - há outras coisas que fazem de alguém boa ou má pessoa. Mas eu, pessoalmente, não me parece que tenha grande talento para hiena ou abutre e para comer a partir de onde qualquer um parece poder dar umas trincas.

Quero um homem, sim, mas solteiro e, de preferência, que queira dar umas trincas, mas não só. Um que me faça pensar e dizer:

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Li uma descrição do meu signo tão elogiosa, tão boa...

... que fiquei com vontade de dizer, carago, acredito mesmo nos signos!

E descobri, pois, que aqui está o fascínio das coisas: se nos parecer bem, mais depressa acreditamos.

Hey, I'm a show girl

Acho mesmo que o palco é a minha segunda casa. Uma vez, num workshop, disseram-me que quando estamos em palco devemos senti-lo como o melhor lugar do mundo. Nunca me esqueci disso, porque principalmente quando o deixo é com essa sensação que fico, aquela de quem largou um sitio que lhe pertence. E quando lá estou, gosto da sensação. Gosto do que até para alguns pode ser motivo de pânico: gosto do ocasional friozinho na barriga antes de entrar, de ir vendo o público chegar, do prazer de uma sala cheia e expectante, do ligeiro tremor nas pernas e também do tremor na voz que vai desaparecendo.

Hoje, depois do espectaculo de ilusionismo para animar o almoço de Natal, volto a ouvir que se a Psicologia não der tenho muito para onde me virar. Está bem, senhores, mas eu virei-me ao contrário durante 5 anos para fazer, bem feito, um curso, é bom que brinque regularmente com a Psicologia e que a showgirl continue a ser a paixão secreta explorada em part-time. Aquela paixão que vou encontrando de vez em quando e que detém o brilho de, por mais escassas que sejam as suas aparições, manter o eterno fascínio.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Stephen Speaks, won't you marry me?


É profundamente lamechas, mas olheeeem, paciência, já sabem do que a casa gasta. Agora vou ali concentrar-me muitos bocadinhos. Parece que há um espectáculo de ilusionismo para protagonizar amanhã. E, nada a ver, estou a reparar que cada vez mais confundo os acordos ortográficos. Conclusão? Estou a ser engolida pelas obrigações laborais.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Oops I did it again

Sabem aqueles momentos em que sentimos que uma relação que estava no ponto cai subitamente apenas em ponto bolota? Aconteceu ontem.

Aconteceu ontem quando eu estava num estado de humor perfeito.

Aconteceu no meio de brincadeiras a propósito da minha agressividade e rispidez de movimentos,  e da "capa" dos caranguejos que nunca mostram tudo o que são.

Aconteceu, claro, quando se dançava e a determinada altura começo a sentir que um rosto que previa direito começa a inclinar em trajecto pecaminoso e... bucla, desvio imediatamente e pouso ali no ombro esquerdo.

Poucos segundos depois fiquei, e estou, em negação. Desviei a cabeça para o sítio certo e fiquei a interiorizar que tinha sido tuuuuudo impressão minha. Continuei com as brincadeiras como quem diz, caraças, bolas, estragar isto agora não e ele foi alinhando. O ambiente recompôs-se mas com aquela sensação de que, naquele momento, se construiu ali um muro intransponível onde até então só existiam pontes, montes de pontes em campos verdejantes.

Neste momento uma parte de mim diz that totally happened, outra continua a insistir foi só impressão tua, ia ser só um beijo fofo na bochecha. Talvez aqui eu seja a complicada, mas, carago, esta é a história do último ano - quando a coisa parece estar a tornar-se fixe, inquina. Ou eu sou demasiado lenta, ou os homens são precipitados.

E depois lembro-me das vezes em que eu pedi um homem que dançasse Be careful what you wish for... you just might get it e lembrei-me, mais uma vez, que a vida, essa tal entidade externa que tantas vezes tratamos como um ser animado por conveniência, e que por isso é tão fácil de insultar, às vezes nos eslapeia na cara e recorda que, eventualmente, muitas vezes não sabemos verdadeiramente o que estamos a pedir.

E cenas, sabem?... Começo a acreditar em quem um dia me disse que um homem e uma mulher não podem ser amigos: um homem e uma mulher muito amigos vai eventualmente dar para o torto. Tentei muitas vezes - porque continuo a achar que uma amizade a sério com um gajo é altamente - sem conseguir final diferente.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Mary Jane e a sua perturbação obsessivo-compulsiva

Acabei de me auto-diagnosticar com uma perturbação obsessivo-compulsiva. E decidi vir para cá discorrer sobre tudo e sobre nada a ver se a coisa passa... Estou num café/bar onde predomina gente com potencial para protagonista da próxima novela juvenil, que não sabe que está prestes a fazer sucesso na word wide web através deste post (quantos anónimos já não brilharam por aí e não o sabem, que injusto!) e que se demoro o meu olhar pensativo nelas - que é uma caraterística estranha que reconheço que tenho esta de pousar o olhar nas pessoas enquanto penso não estando propriamente a pensar sobre elas- me lançam um olhar que se dissesse alguma coisa diria, provavelmente, e na versão educada e polida da coisa, "Queres resolver isto lá fora?!". Estou só a pensar, pessoas, calma... Estou só a adiantar trabalho que esta semana com festinhas de Natal e preparações associadas estou a deixar papelada pendente e começo a sentir-me desorganizada - não que não o seja, que sou, mas com o trabalho não. Não sei se isto resulta, nunca fui de trabalhar em cafés e aqui, de facto, há um excesso de estimulação para a massa neuronal. Não dá para o meu funcionamento metodologicamente masculino - uma coisa de cada vez. Bom, de que é que eu vim aqui falar? Vim mencionar que acho que estou a ficar com uma POC: de 5 em 5 minutos abro a mochila do computador e verifico se ainda não perdi os nortes ou à chave do carro ou ao porta-moedas. Tenho tendência a não saber onde tenho estas coisas - uma mulher anda a pensar em causas maiores, lembra-se lá dos acessórios. Mas - mal de não ter um homem ao lado que me lembre do paradeiro destas coisinhas se eu me esquecer - estou a pensar irritantemente, insistentemente, repetida e estupidamente nestas coisisses todas e a verificá-las 1000 vezes - pronto, depois desta humilhação pública vai passar. 
Tenho a mala do carro cheia. Ai se me vão lá... E está a dar o Armageddon no Hollywood, raio de relações que parecem tão perfeitas nos filmes... Acabou. Hmm, que é que vim para cá fazer? Trabalhar pois. E as chaves do carro, e o porta-moedas e o que tenho na mala do carro...

domingo, 9 de dezembro de 2012

Jantar de bloggers do Norte #2

Vão apostas sobre o que aconteceu ou não na memorável noite de 8 de Dezembro de 2012?

1) Trocaram-se receitas de bolachinhas no forno;
2) No restaurante, quer a pessoa fosse macho ou fêmea, usou sempre o WC Masculino;
3) Noite fora perguntou-se, aleatoriamente, a quem se aproximasse do grupo "Tens um blog?";
4) O empregado anunciou que o número de garrafas previsto para aquele jantar foi ultrapassado, portanto a beber mais era abrir cordões à bolsa;
5) Um dos presentes trocados foi um rolo de papel higiénico;
6) Cantou-se em coro e, num tom de voz pujante, "I can't get no satisfaction";
7) Abanamos o esqueleto e desenhamos gestos explicitos enquanto se escutava "A Garagem da Vizinha": a male section no centro de toda uma roda;
8) Uma pessoa atravessou a estrada e ficou do outro lado a rir-se de todas as outras que ficaram encalhadas do lado oposto;
9) Uma rodada de shots foi demolhando vários transeuntes do espaço de entretenimento nocturno onde nos situávamos e acabou antes de sequer começar;
10) Um dos presentes trocados foi uma obra de autor(a);
11) Uma pessoa ficou de mirone meia hora antes de reunir coragem para se apresentar ao resto do grupo (ou então estava só a avaliar se o nível de juízo se encontrava nos valores mínimos indispensáveis!);
12) Fomos 13 à mesa;
13) Comemos tripas à moda do Porto, pois claro!

Jantar de Bloggers do Norte #1

Alguém diz: "Tens cara de Luísa". E logo observo uns quantos rostos a acenar também convictamente e uns sobrepostos "Pois é", "É mesmo!".

Fiquei a pensar no que era ter cara de Luísa o resto da noite obviamente.

Como na minha daily life as Luísas são escassas as primeiras que me ocorreram foram estas ilustres e esbeltas senhoras que foram certamente aquelas que quase todo o povo (excluindo os nicotino-dependentes que estavam ausentes neste belo momento!) teve em mente quando me achou com cara de Luísa e não aquela vizinha que está a perder os dentes e que usa óculos garrafais. Podeis concluir, pois, que devo ter ar de:

Luísa Castel Branco
 +
Luísa Barbosa
  +
Luísa Sobral
  +
Luísa Beirão

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

A importância e valor da "caça"

Conversas recentes fizeram-me trazer para cá esta reflexão: qual é o problema de andar à caça? Da minha parte só queria dizer que não vejo problema algum em andar à "caça" desde que ainda não se tenha encontrado a presa. Quero com isto dizer que continuar aos tiros quando já se tem sustento é, para mim, grave. Por outro lado, alguém que não tem sustento andar sempre aos tiros é só normal - quer dizer, é uma tendência natural, enquanto não comemos, caçamos! Basicamente, e deixando-me de metáforas da selva, nascemos para ser emparceirados. Quanto ao facto de se desconfiar de quem dispara muitos tiros só quero frisar 3 pontos:

Ponto 1. Está bem, quando se dá muito nas vistas é foleiro porque a pessoa dá ar de estar desesperada e não verdadeiramente interessada. E seja para relação, seja para uma voltinha na cama, o nosso lado que gosta de se sentir on top of the world gosta de sentir um interesse diferenciado. Mas cabe referir que são raras as pessoas que conheço que ficaram verdadeiramente interessadas ao primeiro olhar. Se alguém se deixa perfurar com a bala mais do que queria porque se aproximou em demasia isso já são outras matemáticas.

Ponto 2. Está bem que pode parecer que a pessoa não sabe o que quer e (grande notícia!) o mais certo é não saber mesmo, mas pelo menos anda à procura. E isto não é mau porque defendo que geralmente só quem procura encontra e, às vezes, só depois de longos treinos, e de se disparar muitas vezes, é que se acerta na mira, certo? Claro que há os do primeiro olhar, os abençoados pela sorte e que conheceram a alma gémea no comboio e nunca mais se separam. Mas é preferível deixar o factor sorte onde pertence - na sorte - e fazer o que a cada um compete.

Ponto 3. Está bem que a pessoa pode andar a disparar vários tiros em simultâneo porque só quer uma pessoa que lhe aqueça a cama. Neste caso repito pois o que já aqui disse, querer só ir para a cama com alguém não é mau nem faz de alguém má pessoa desde que a outra pessoa saiba qual é a linha de jogo e decida, conscientemente, se, a partir daí, quer ou não.

Concluindo, nem sempre o problema reside no caçador, mas a presa também tem um valor importante, deixar-se caçar ou não e, quanto a isso, para quem não quer ser apanhado desprevenido, não tenho grandes receitas, provavelmente é manter os olhos bem abertos - para que os movimentos do caçador sejam devidamente considerados! - e o coração fechado - que dizem que isto da emoção estraga tudo. Quando valer a pena o risco - porque há vezes em que vale - então uma pessoa pode e deve escancarar tudo.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Amor com amor se paga

De cada vez que a minha irmã pergunta se lhe posso ler um trabalho o meu corpo fica metaforicamente firme e hirto. Isto porque:

a) Sei que não há outra resposta possível que não um sim se colocar na balança tudo o que ela faz por mim;
b) Sei que me aguardam páginas (megalómanas páginas) em que tenho que fazer um esforço monumental para me manter focada no que estou a ler;
c) Sei que terei que passar pela implementação de um sistema complexo de auto-recompensas: vá, se leres uma página inteira tens direito a X!

Direito é também o tema do trabalho. Foi uma carreira que algures na história me apontaram. Talvez a prática supere a teoria, mas de todas as áreas das quais já li trabalhos esta é a que mais me deixa as pestanas em estado de desespero atroz e a gritar interiormente acaba, acaba, quando a única tendência que parece que as páginas têm é à multiplicação e não à finitude. Mas não sou capaz de dizer que não. Ainda para mais a querida, quem sabe a preparar terreno, há uma semana atrás, deixou-me esta coisa no facebocas:


(ela que nem é nada desta imagenzinhas adolescentes e béu béu béu)

Matt Hires, won't you marry me? (ou música do momento #24)

Estou a desfalecer...

... mas fica aqui a kizombada que vou dançar daqui a quase uma semana para rebolarem um bocadinho a rir com a própria batida e com a letra. Quando ouvi pela primeira vez achei que nunca ia entranhar, mas agora um fenómeno estranho apoderou-se de mim e a batida que tanto repudiei já percorre da ponta dos pés à ponta dos cabelos... E pensar que um dia disse que esta era das modalidades a par que menos me despertava curiosidade. A vida, dizem, troca-nos as voltas. No meu caso, trocou-me os pés.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

A carta que eu nunca te escrevi

Isto que vou dizer é do mais estupidamente insensível e cruel que há. Gostava de te dizer que mesmo sabendo que não quero forçar-me a amar-te, às vezes gostava de ser outra pessoa noutro lugar, noutra cabeça e, eventualmente, amar-te. Mereces ser amado. Céus, que digo eu... Neste momento estarias a reproduzir o som de uma faca a espetar contra o teu peito e a condenar a minha falta de filtro, eu sei. E a dizer que eu não tenho noção de como a minha sinceridade fere as pessoas, e, neste caso, provavelmente não sei. Mas não quero amar-te. Não quero porque isto não é uma escolha. O amor não se impõe...

Ou impõe? Uma maré cheia de teorias e contra-teorias assaltam-me a mente. Escolho amar-te, vou mimar-te com tudo o que sei que mereces e vai resultar... O amor é uma coisa que, mais do que tudo, se quer ou não, querendo-se, e encontrando-se outra pessoa que o quer construir, o resto vem depois. Portanto porque não me agarro eu a ti? O tal príncipe que és, mas que não me assenta, há-de moldar-se com o tempo que nem plasticina e fundir-se naquela pessoa potencialmente mais imperfeita mas que, eventualmente, tem a grande peculiaridade de ser a minha pessoa, a tal, a prometida, a que, dizem, está algures à espera de alguém exactamente como eu... Portanto para que é que estou à "espera" da minha pessoa se a posso "formar"; se posso construir uma, se seguindo determinados passos, segundo tu dizes, o resultado é o amor, só não é se eu não quiser... Sei lá. Não sei. Nada. Talvez a formulação mais adequada, mas ainda assim desadequada seja, devia amar-te.

Devia amar-te de todas as vezes em que sinto que contigo teria uma casa gélida para tornar quente nos mais longos e frios Invernos. Devia amar-te porque sei que te deitarias comigo na relva no Verão, sem te cansar de olhar o céu, e que eras capaz de me ficar a ouvir falar horas sem fim. Devia amar-te porque tu me vês como a pessoa capaz de materializar todos os teus sonhos, mas eu acabo apenas a fabricá-los... E sinto-me uma sobremesa instantânea: um pacotinho apresentado ao "dono" e pronto para se tornar em tudo aquilo que ele quer. Mas a culpa não é tua. É minha porque saltei ingredientes.

Orgulho-me mesmo da pessoa que foste e da pessoa que és e no meio disto tudo é estranho que não possas ser pessoa comigo. Mas não podes. Porque mais do que não querer não consigo, porque contigo as coisas são só o que são, as palavras são só letras, os corpos são só corpos... E não é sequer aqui que está o problema. O problema está precisamente em não sentir que tenho o golpe de asa que me faça querer fazer com que isto tudo seja algo mais. Às vezes gostava de ter as melhores palavras para te dizer mas sei que é tal como no título que quase inspirou o título desta carta: as melhores palavras que poderias receber de mim são aquelas que nunca te direi. E por isso, por muito que não goste da ideia de perder pessoas em definitivo na minha vida hoje percebo que não havia opção. Porque para mim palavras serão só letras e para ti palavras são composições de Bach.  E a verdade é que no fundo, no fundo, posso dever-te muita coisa, mas não é amor que te devo. Achar que to devo é uma grande desconsideração: não se ama por pena ou por falta de opção.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Linda, fofa, gata...

... e variações dentro da mesma gama são já as piores formas de alguém se dirigir a mim. Está bem eu recentemente pedi um monstro... mas não esperava tanto! Eis que me surge um amigo secreto, de uma brincadeira muito bem engendrada no grupo de amigos, que criou um e-mail propositadamente para uma pessoa ser espicaçada até ao dia da descoberta e que me envia músicas do Dino Meira. E para não quebrar o entusiasmo eis que surge um professor de kizomba que termina as sms para combinar próximos ensaios com qualificativos que eu não só não gasto como excomungo profundamente. Vamos inspirar e expirar e assumir que tudo faz parte da coreografia e do estilo de vida "kizomba".

domingo, 2 de dezembro de 2012

Miguel Esteves Cardoso, como ele e ao estilo dele

Quando na estante onde estão pousados diversos volumes do Miguel Esteves Cardoso destaquei "Os meus problemas" para começar a ler imaginei o olhar de orgulho que me iria dirigir a entidade maternal macho. Secretamente - porque o meu pai é daqueles que tantas vezes engole as emoções e que para as ler é preciso muita escola - imaginei-o pleno de satisfação. Afinal, mesmo não tendo um filho para gostar de motas, como ele, de armas, como ele, de futebol fervorosamente, como ele, e outra série de coisas que não me dizem quase nada, mas que ele está certo que se tivesse um filho varão havia de o seguir que nem um irmão na rota de todas as suas paixões, tem uma filha que afinal gosta de umas quantas coisas, como ele! Já gosto de fotografia, como ele, alinho numas brincadeirinhas de ilusionismo, como ele, agora tornar-me-ei fã de Miguel Esteves Cardoso, como ele. Conta a minha mãe que estava gestante e ele gargalhava na cama enquanto lia Miguel Esteves Cardoso... Vai babar-se a ver a pequena-grande cria de Miguel nas mãos, pensei eu...

- O que é isso que tens aí na mão?! 
- É um livro. Eu sei, é teu. - devolvo eu a aguardar o discurso que iria vangloriar a minha escolha.
- Para que é que tens isso na mão?!
- Para ler -_-
- Mas tu já não leste isso?! Eu dei-te para leres aqui há muitos an...
- Deste mas eu não achei piada nenhuma e não li.
- Não achaste piada nenhuma porque eras burra! Bom, não eras burra, eras criança [o criança dele foi ali algures nos meus 16 anos], isso é das melhores coisas que há.

Pronto. É esta a forma do meu pai dizer que está satisfeito com a minha escolha no melhor old style dele.

Eu bamboleio, tu bamboleias, ele bamboleia

Detesto quando, em Novembro (eu sei que já estamos em Dezembro!), me começam a perguntar o que vou fazer ao virar do ano. O facto de este ano, mais do que nunca, não saber, está a incomodar-me. Está bem que é só a passagem de um dia para o outro, mas saber que anda aí toda a gente a bambolear-se e a festejar como se de um milagre se tratasse e que até agora a minha melhor perspetiva, dado que torço o nariz às opções que o resto da rede social está a tomar, é ficar a ver a final da História Secreta, quando ainda nem identifico todos os concorrentes, é deprimente. Se todo o mundo bamboleia, eu também bamboleio... Ou qualquer coisa é uma boa desculpa para bambolear (deixa tentar empregar uma palavra nova "catchy" a ver se desvio o pessoal da minha imagem enquanto blogger do roça-roça!)...

Uma imagenzita só para o blog se começar a vestir no espírito

sábado, 1 de dezembro de 2012

Quero um monstro ou música do momento #23

Ora e já que não se produzem vastos ensaios novelísticos sobre a minha ausência vou deixar o assunto em banho maria e avançar para outro.

Vocês sabem: calo-me por um bocadinho, mas depois tenho que vir para cá abrir o coração e, a verdade, é que sinto falta de ter um monstro ao meu lado. Um monstro tal como cantado na música My beloved monster dos Eeels. Um monstro que vá a todo o lado comigo, um monstro a quem dedicar os meus mais manhosos sorrisos, um monstro com quem enrolar na manta. Um monstro que, como a música diz, me traga aqueles momentos em que o piqueno coração parece que vai explodir de amor, de orgulho, de é pá, sei lá o que é que isto é, mas faz tanto sentido. Um monstro que me faça melar secretamente e, depois, a correr bem, declaradamente. Um monstro que me faça querer ser melhor e maior. Um monstro que me faça andar por aí num entusiasmo infantil e em levitação mental (praticamente os pés andam no chão, teoricamente não). Um monstro tão monstro que faça com que mesmo os sorrisos mais disfarçados não consigam ser escondidos pelos olhos.

Quero um monstro devagar, por muito que o queira muito, para depois poder cantarolar isto (novamente dessa banda fabulosa que são os Eeels):


I like your toothy smile,
it never fails to beguile.

Whichever way the wind is blowing
I like the way this is going.

I like the color of your hair,
I think we make a handsome pair.
I can only see my love growing
I like the way this is going

I like to watch TV with you,
there's really nothing i would rather do.
Then maybe we can go to bed,
get up and do it all again.

I like the way your pants fit,
how you stand and how you sit,
whatever seeds that you're sowing,
I like the way this is going.

I don't care about the past,
none of it was made to last,
it's not what who you've known,
but who you're knowing,

I like the way this is going
I like the way this is going.

Espalhar o mistério acerca do meu desaparecimento

Ontem só consegui vestir o pijama à terceira. Deitei-me na cama e não conseguia dormir.

A questão base é Que aconteceu à Mary Jane?