Era para não o fazer. Fiz listas para me focar no positivo e tentar arquivar comodamente o que não me apetecia recordar, mas depois o Pulha Garcia escreveu um texto maravilhoso em que o mote que fica é "take it like a man", portanto fiz do medo arma de arremeço e vim cá depositar palavras.
Como acompanharam não passei o ano num quarto escuro, mas este foi o ano que mais estilhaçou, despedaçou, esfrangalhou, apertou com o meu coração. Perdi 4 pessoas, mais algumas inevitavelmente anexas, mas estas foram as mais importantes, igualmente cada uma com a sua importância, e 2 cães. Se do lado positivo alguns apontaram, e bem, que a minha palavra resumo para 2012 poderia ser "crescimento", então do lado negativo ela teria de ser "perda".
De facto, se começar a olhar para trás reparo como as coisas mudaram. Mudaram radicalmente. Mudaram muito. Aprendi muito. Fui muito estúpida e parva em determinados momentos. Grande parte das perdas sinto-as como responsabilidade minha. Posso dizer mesmo que cometi erros que sinto que vão influenciar o que vai ser a minha vida para sempre. A minha vida... A minha vida mudou. As pessoas que saíram foram daquelas a quem gosto de dar bilhetes de estadia eterna. Saíram elas, mas ficaram as memórias. As memórias que vivem à noite em sonhos e que, por isso, às vezes me fazem crer que ainda está tudo aqui, mas que, fundamentalmente, me lembram que, provavelmente, estarão como tatuagem intemporal. Este ano acreditei que aquela coisa do karma pode realmente existir - what goes around, comes around...
Mas, de certa forma, o fundamental é que está tudo bem... Não há problema que as coisas tenham mudado e não é assim tão mau que tenha sofrido e aprendido. Porque é altamente viver. E disto eu nunca me esqueci. Assim, se pudesse dar algum conselho a alguém, retirado desta minha experiência este ano, teria apenas uma coisa muito básica a dizer. Aquilo que nos dizem em momentos difíceis, por entre pancadinhas nas costas, é verdade: a vida continua. Até podes ter momentos em que achaste que a tua vida deu tudo o que tinha a dar, acabaram-se as coisas boas, que já viveste o melhor e que não sabes se mais alguma coisa valerá a pena, mas olha para trás e repara numa coisa fantástica: estás aqui agora. Conseguiste. Estás bem! E vais ficar melhor... A vida continua e é mesmo assim como te disseram, cheia de altos e baixos, mas é espectacular. E mesmo que agora sintas esta como uma treta da qual te tentas convencer a ti próprio nos momentos mais difíceis eu prometo, depois de ter perdido tanto, é mesmo espectacular. E eu soube-o em momentos tão simples como aqueles em que dentro de um autocarro coloquei o cinto de segurança: posso ter perdido muita coisa, mas não me quero perder a mim. Muito menos quero perder-me perdida por entre perdas.
Difícil de compreender? Ficam as palavras de quem falou melhor do que eu: